Liderança além do convencional: Como liderar nas Organizações Teal

Liderança além do convencional: Como liderar nas Organizações Teal

No último artigo publicado pelo #ComitedoConhecimento, falamos sobre “Como as Organizações Teal estão reinventando o Futuro dos Negócios” (clique aqui para ler).

Trata-se de organizações pioneiras que representam próximo estágio da gestão das organizações (Evolutivo Teal) e estão embasadas em três pilares fundamentais: autogestão, integralidade e um propósito evolutivo. São organizações onde a hierarquia tradicional e os processos decisórios centralizados cedem lugar a sistemas de autogestão, onde a confiança e a transparência são valores inegociáveis.

Como falamos, é uma jornada muito desafiadora, sobretudo individualmente, considerando a estrutura social na qual fomos educados e forjados para o mercado de trabalho. Nos impele, necessariamente, a uma quebra de dogmas e paradigmas tão enraizados que sequer consideramos a possibilidade de novos caminhos.

A partir do momento, em que as organizações Teal reconhecem e valorizam a individualidade de cada membro, encorajando-os a trazerem suas personalidades completas para o trabalho, somos levados a despojar das máscaras que, por vezes, relutamos em tirar. É um convite, ainda assim, para o despertar para todas as potencialidades que a integralidade de cada um tem a oferecer! Genuinamente!

Se o desafio já é árduo no primeiro degrau do pipeline da Liderança (líder de si), imagine nos demais passos... Não por acaso acreditamos que o exercício de liderança nas organizações Teal requer coragem, introspecção e um compromisso inabalável com o crescimento e a transformação.

Para os executivos, empresários e profissionais do ramo dos negócios, a jornada em direção ao estágio Teal requer uma reavaliação profunda de crenças e práticas arraigadas. É um chamado para explorar novas formas de liderança, baseadas na escuta, empatia e co-criação. Além disso, demanda um compromisso genuíno com o desenvolvimento pessoal e com a construção de uma cultura organizacional que sustente a autogestão, a plenitude e um propósito evolutivo.

Significa dizer, especialmente para as lideranças, que se deve renunciar ao que hoje é entendido como controle, poder e status. Até porque no ambiente de complexidade, o controle é, na verdade, um paradoxo e uma ilusão. Para se ter ao menos um pouco de ordem, é preciso abrir mão do controle, deixando de lado o microgerenciamento das pessoas.

É neste contexto que liderados deixam de ser executores de ordem ditadas pelos líderes, que, por sua vez, passam a ocupar o papel de mentores e conselheiros nas organizações Teal. Autogestão não é anarquia, muito menos baderna, especialmente considerando que “afrouxar as regras não é permitir que as pessoas ajam como idiotas, mas que sejam pessoas completas!”[1]

Líderes Teal cultivam ambientes onde a vulnerabilidade é vista como uma força, o que também requerer uma boa dose de coragem, assim como o esforço de combater o controle. A propósito, Brené Brown[2] nos convida a viver com ousadia (outro adjetivo que parece estar intrincado nas pessoas das organizações Teal), assim ”devemos ousar aparecer e deixar que nos vejam. Isso é vulnerabilidade. Isso é coragem de ser imperfeito. Isso é viver com ousadia.”

A escuta ativa é uma prática diária, no pleno exercício de efetivamente escutar o que outro está falando, sem pensamentos a milhão vagueando pela mente inquieta, impaciente e intolerante ao momento.

Para as organizações que aspiram a evoluir para o estágio Teal, é crucial adotar práticas que alinhem estruturas, processos e culturas a este novo paradigma.

Determinadas decisões são tomadas mediante processos coletivos e intuitivos, que valorizam a capacidade de contribuição de todos, não apenas as lideranças. Por outro lado, não se busca o consenso, por vezes excessivamente moroso, na tomada de decisão, como ocorre no estágio Pluralista Verde. Afinal, na autogestão, todos o têm a possibilidade de tomar decisões relevantes, capazes de impactar a trajetória da organização.

Essa nova abordagem de liderança não apenas desbloqueia o potencial criativo e inovador dentro das organizações, mas também promove um sentido de comunidade e pertencimento, essencial para o engajamento e satisfação dos profissionais.

A implementação de círculos de decisão, onde todos os membros têm voz ativa nas decisões importantes, deve incluir, portanto, a adoção de práticas de mindfulness e autoconhecimento para fomentar a plenitude; a revisão constante do propósito organizacional, para garantir que esteja em sincronia com as necessidades emergentes dos colaboradores, clientes e da sociedade como um todo.

Não há mais espaço para que os profissionais se capacitem e sejam capacitados em habilidades puramente técnicas. Mais do que nunca, há o despertar para a necessidade de se desenvolver os hemisférios direito e esquerdo do cérebro, para que possam atuar juntos e integralmente nas organizações.

Em conclusão, as organizações Teal representam o próximo estágio na evolução das práticas de gestão, uma resposta ao anseio por modelos de negócios mais humanos, flexíveis e adaptativos.

Este novo paradigma desafia os líderes e organizações a repensarem suas crenças fundamentais sobre o trabalho, liderança e sucesso.

 Para os executivos, empresários e profissionais do ramo dos negócios que fazem parte de nossa comunidade, a jornada em direção ao estágio Teal não é apenas uma estratégia para a sobrevivência e sucesso no século XXI, mas também uma oportunidade para liderar uma mudança significativa na maneira como vivemos e trabalhamos juntos.

Ao embarcarmos nesta jornada evolutiva, é nosso dever compartilhar conhecimentos, experiências e práticas que possam auxiliar uns aos outros nesta transição. Assim, convidamos todos a explorar as possibilidades que o estágio Teal oferece, com a mente aberta e o coração disposto a aprender e crescer. Juntos, podemos não apenas reinventar nossas organizações, mas também contribuir para a construção de um mundo mais equitativo, sustentável e consciente.


[1] BROWN, Tim. Design Thinking: uma metodologia poderosa para decretar o fim das velhas ideias / Tim Brown; tradução de Cristina Yamagami – Ed. Comemorativa – Rio de Janeiro: Alta Books, 2020. p.38

[2] BROWN, Brené. A coragem de ser imperfeito / Brené Brown [tradução de Joel Macedo]; Rio de Janeiro: Sextante, 2016. p. 10.



SOBRE A AUTORA:

Stephanie de Lucca Ozores

Fundadora da Step.i9, que oferece soluções de inovação e gestão especializada no mercado jurídico. Coordenadora do Comitê do Conhecimento da FDC. Diretora na Comissão de Compliance da OAB/MG (gestão 2022/2024). Head de Estratégia e Gestão de Crise do TEDxBeloHorizonte. Advogada de formação, com MBA em Digital Business pela USP e especialista em Gestão com ênfase em negócios pela FDC. Pós-graduada em Direito Empresarial e em Direito dos Contratos. Certificada Agile Master Jurídico. Nanodegrees em Design Gráfico e Advocacia 4.0.

Denise Baumgratz

Sustentabilidade | Estratégia | ESG | Capitalismo Consciente

9 m

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