Liderança: a arte de utilizar da influência para vencer, em conjunto
Cada vez mais o diálogo e a livre compreensão sobre o que é "ser Líder" vem ganhando os espaços de convivência dos empreendedores e intraempreendedores. Do ambiente de trabalho aos encontros de networking, dos múltiplos espaços educacionais às etapas de formação de equipe. Mas por que essa construção é tão diversa? Quais os fantasmas que rondam esta percepção? E o que tem gerado este processo de transformação proposto pelo, sempre mutável, entendimento das relações de trabalho?
No início eram os chefes, e agora?
Há séculos as estruturas de orientação de pessoas passam por transformações significativas, aperfeiçoando o entendimento de como os papéis podem ser construídos de forma mais eficaz e coparticipativa, extraindo ao máximo, mas com saúde e criatividade, todo o potencial das equipes de trabalho.
É natural que neste processo muitos papéis sejam transformados e um dos mais icônicos já tem lugar cativo no museu: "Chefe". Ele também é comumente relacionado a uma frase bem popular: "Manda quem pode, obedece quem tem juízo".
Brincadeiras à parte, o museu pode ainda não existir no ambiente físico, mas o passado, o presente e as expectativas para o futuro são construídos intensamente, dia a dia, nos ambientes de trabalho e também nos espaços virtuais, através das novas plataformas voltadas para o ambiente profissional, mídias sociais, fóruns e sites especializados.
Nestes ambientes de convivência as relações que se caracterizam pelo automatismo "comando e controle" são expostas como memes e simbolizam quão ultrapassada está a percepção de que a potencialidade humana pode ser subvalorizada, comparada à execução metódica das máquinas - e se formos analisar direitinho, sequer pode mais ser comparada desta forma porque a inteligência artificial já atua, há tempos, com aprendizado contínuo e cocriação.
Quando falamos em relações humanas, ganha quem se propõe à construção de uma ponte firme que permita a livre e rica elaboração conjunta, espaço de fala e contrapontos, e a tão evidenciada bandeira da segurança psicológica. Independentemente se a sua empresa atua no oceano do mercado como um bote ou barco, ou se já ganhou estrutura e força para navegar aos moldes de grandes navios e cruzeiros, protagonismo e colaborativismo são mais do que conceitos; são chaves sequenciais para conquistas inimagináveis.
Como estas relações são estabelecidas na organização na qual você atua?
Gestor ou Líder?
Na esteira das conquistas inimagináveis, temos visto surgir uma nova compreensão sobre as relações comerciais, com a chamada "Nova Economia". Ela vem transformando, não apenas as estruturas, mas também a mentalidade e o espírito de companhias em todo o mundo. É o entendimento real dos interesses do seu público alvo (que assume mais as características de personas), baseando-se não em suposições, mas em dados; além disso, uma lucidez no porquê de colocar como um dos pilares centrais da cultura a valorização do time que faz o negócio acontecer - com a clareza que, do início ao fim, grandes negócios sempre são construído por pessoas para pessoas.
Um outro grande fator que gera força motriz é a mudança de mentalidade em relação às conexões que podem gerar resultados ainda mais exponenciais e com significado: as pontes que são possíveis estabelecer com fornecedores e até mesmo com antigos concorrentes indiretos, gerando resultados novos e possivelmente inovadores, tornando o negócio muito mais próspero.
Para alcançar mudanças tão significativas é preciso repensar o perfil das pessoas que assumem a posição de conectoras dos times. Avançamos para perceber quais características estão coerentes com o que a companhia busca para o seu momento. Gestor ou Líder? Há diferença? O que faz mais sentido para a organização?
Um caminho sem mapas, mas com sentido
As característica descritas no esboço acima foram apresentadas em uma das aulas do MBA de Gestão Exponencial, da Xpeed School, pela Head e Sócia da Xp Inc, Bianca Juliano, que, inspirada pelas suas bases de pesquisa e de vivência da liderança, evidencia quão democrática e livre é a percepção sobre este tema. Não há certo ou errado nessa distinção e a própria percepção das características do perfil Gestor e do perfil Líder ainda é livre no cenário geral.
Diante dessa liberdade que a renomada profissional estimula em quem é impactado por seu conteúdo, lançarei mão de uma pequena mochila, cantil e um pequeno bloco de notas, com lápis, para começar a rabiscar a forma como percebo o tema, sem a pretensão de definir rotas ou esgotar o assunto. Sempre com a liberdade de visitá- lo e fazer as justas reavaliações que somente o processo contínuo de aprendizado é capaz de nos proporcionar.
O Gestor
Diante das características apresentadas e dos diálogos mais comuns nos espaços de convivência, tenho a percepção de que a figura do Gestor está cada vez mais alinhada a papéis de gerenciamento dos processos nos quais as pessoas estão envolvidas; bem como de análise, coordenação e execução de problemas técnicos.
"Os sistemas econômicos, políticos e sociais ao nosso redor existem para tornar esses problemas rotineiros. E desde a nossa infância, aprendemos como usar esses sistemas para resolver esses desafios diários." (Ronald Heifetz)
O pesquisador, consultor e professor da Universidade de Harvard, Ronald Heifetz, está entre as maiores autoridades do mundo na prática e no ensino da liderança e no curso "Exercitando a liderança: princípios fundamentais", está disponível gratuitamente na plataforma online da Harvard University caracteriza os problemas técnicos como desafios para os quais a humanidade já encontrou solução e as aplica para solucionar problemas do dia a dia. Por exemplo, todo o processo que envolve as operações da cadeia alimentícia, desde o cultivo, colheita, logística, até a comida pronta no prato. Já temos um "modus operandi” para fazer isso acontecer - ainda que o objetivo seja sempre aprimorá-lo.
Claro que, nessa perspectiva, o Gestor também pode (e deve), atuar e despertar os fatores mais inspiracionais na relação com as pessoas do time, afinal de contas, do contrário, o dia a dia do trabalho se torna tão maquinal quanto desgastante e improdutivo. Mas, então, quais são os elementos que distinguem este perfil da magia presente no tão aclamado Líder.
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Líderes não ficam na superfície
Para iniciar essa percepção, vamos nos debruçar sobre algumas falas do escritor, palestrante e consultor britânico-americano, Simon Sinek. Em um TED realizado em 2014, o mundialmente conhecido autor faz uma construção histórico-social para conduzir o público à reflexão sobre algumas características que destacam os grandes líderes:
“Se voltarmos 50 mil anos, à era paleolítica, aos primórdios do homo sapiens, o que encontraremos é um mundo cheio de perigos. Então evoluímos e nos tornamos animais sociais! Vivíamos e trabalhávamos juntos no que chamo de círculo de segurança, dentro da tribo, que considerávamos o nosso lugar. E quando nos sentimos seguros entre nós, a reação natural era de confiança e cooperação. Há benefícios claros nisso. Posso dormir à noite e confiar que alguém da minha tribo estará alerta ao perigo. Se não confiamos um no outro, se não confio em você, significa que você não estará alerta. Péssimo sistema de sobrevivência. Os dias atuais funcionam da mesma forma!"
Neste mesmo TED, Simon nos traz o exemplo do executivo e também autor de best sellers, Bob Chapman, CEO da Barry-wehmmiler. Após sofrer com a recessão em 2008 e perder 30% dos pedidos, Bob foi convocado pela diretoria para uma reunião. Eles não conseguiriam bancar mais os funcionários e cogitavam a demissão de parte das pessoas que trabalhavam na companhia. Precisavam economizar 10 milhões de dólares!
Bob não aceitou. Ele não acredita na quantidade de cabeças em uma empresa. Ele acredita na quantidade de corações. E, acredite, esse mindset muda muita coisa!
Foi então que eles lançaram uma campanha na qual todos os colaboradores, sem exceção, deveriam tirar quatro semanas de férias, não remuneradas. Podiam tirar quando quisessem, mas não precisavam tirar de uma só vez. Mas algo ainda mais interessante foi como Ele anunciou este programa:
"É melhor que todos soframos um pouco do que um de nós tenha que sofrer muito."
(Bob Chapman)
Qual resultado você acha que isso gerou?
A moral se elevou… eles pouparam não 10, mas 20 milhões de dólares! Além disso, de forma espontânea e inesperada, as pessoas começaram a trocar entre elas mesmas. Então, os que podiam arcar com mais, trocavam com os que podiam menos. Pessoas tiravam cinco semanas para que outras pudessem tirar só três. Consegue perceber a cadeia de novas ações positivas e de resultados diretos à saúde individual, de grupo e do negócio? Tudo isso porque, como Simon Sinek afirma:
"[...] Quando as pessoas que se sentem seguras e protegidas pelo líder do grupo, a reação natural é confiar e cooperar!"
(Simon Sinek)
E, antes mesmo de qualquer interpretação de uma busca fantasiosa, pensemos analiticamente o negócio: a iniciativa atendeu às necessidades de saúde e sobrevivência da companhia? Atendeu às necessidades de cada colaborador? Atendeu às necessidades do grupo como um time que possui desafios a serem resolvidos em conjunto?
É por este motivo que o autor conduz o raciocínio ao fechamento de que "liderar é uma escolha, não um título". E neste ponto conecto-me com a perspectiva de que esta é uma escolha de conectar-se às pessoas, através da empatia, como forma de a sua influência construir, com o grupo, vitórias sobre os problemas, técnicos e/ou adaptativos (que dizem respeito a novas competências e mudanças ainda não alcançadas individual ou coletivamente).
Claro que há um oceano imensurável a ser explorado sobre o tema e também com possibilidades infinitas de percepção sobre o assunto. Mas ainda vamos explorá-lo muito, juntos em outras publicações… você topa?
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O que achou deste conteúdo? Deixe o seu comentário, ampliando a possibilidade de novas percepções e aprendizado conjunto... abraço fraterno!