Quem é da advocacia aqui sabe, mais do que ninguém, que a profissão carrega uma carga que, por si só, traz estresse aos profissionais do Direito. Se esses profissionais ainda tiverem por responsabilidade a condução de uma sociedade de advogados e liderança de equipes jurídicas, é provável que o estresse se torne um sobrenome acoplado ao do sócio em questão.
Quer ver alguns fatores que podem levar um sócio-líder a aumentar seus níveis de cortisol (hormônio de luta ou fuga)?
- Muitas responsabilidades e tarefas a cumprir, o que pode levar a uma sobrecarga de trabalho.
- Pressão para entregar resultados e cumprir prazos.
- Responsabilidade de tomar decisões que afetam a equipe e a advocacia, especialmente quando as consequências são incertas.
- Lidar com conflitos e tensões entre os membros da equipe.
- Expectativas elevadas por parte de terceiros (outros sócios, advogados, staff e clientes).
- Mudanças constantes no ambiente de negócios jurídicos.
- Desequilíbrio entre as demandas do trabalho com suas responsabilidades pessoais e familiares.
- Falta de apoio adequado de sua equipe e dos seus pares.
- Insegurança e o medo de falhar, especialmente quando enfrentam desafios e responsabilidades significativas.
Esses fatores podem desencadear inúmeras reações emocionais nos sócios o que, por consequência, leva a efeitos negativos ao ambiente muito danosas à condução do trabalho em si. É importante, portanto, que os líderes desenvolvam estratégias de enfrentamento desses fatores para cumprir com excelência o seu mister.
Quando o líder não se vê capaz de gerenciar efetivamente o estresse, uma avalanche de problemas se somam, levando-o para uma situação muito danosa para a sua equipe:
- Dificuldade em se comunicar efetivamente com a equipe, levando a mal-entendidos e falta de clareza nas expectativas.
- Redução da capacidade do líder de tomar decisões racionais e bem fundamentadas, o que pode resultar em escolhas inadequadas para a equipe e para o escritório.
- Dificuldade em inspirar e motivar a equipe, resultando em diminuição do engajamento e produtividade dos membros.
- Menos paciência e compreensão, o que pode levar a um aumento de conflitos e tensões dentro da equipe.
- Menor capacidade para enfrentar mudanças e desafios, tornando a equipe menos resiliente e adaptável.
- Efeito contágio do estresse do líder para os membros da equipe, afetando negativamente o bem-estar e a satisfação no trabalho de todos.
- Desmotivação e insatisfação da equipe, o que pode levar a uma maior rotatividade e perda de talentos.
- Perda da capacidade de identificar e apoiar adequadamente o desenvolvimento de habilidades e talentos dos membros da equipe.
- A liderança estressada pode afetar a imagem da sociedade de advogados no mercado, tornando-a menos atraente para possíveis candidatos e parceiros de negócios.
É indiscutível que um sócio-líder deva buscar continuamente mecanismos para se colocar fora da arena do estresse, fora do mecanismo ancestral de luta ou fuga ocasionado pelo aumento dos níveis de cortisol. Ele precisa fazer isso por ele mesmo, pela equipe, pelo escritório, pelos clientes e pelo mercado.
A boa notícia é que existem várias medidas que um líder pode adotar para se proteger do estresse e manter um equilíbrio saudável entre vida pessoal e profissional. Algumas estratégias incluem:
- Delegar tarefas e responsabilidades de forma eficiente.
- Estabelecer prioridades na gestão do tempo e da carga de trabalho.
- Planejar e organizar as atividades e projetos para facilitar a tomada de decisões.
- Promover uma comunicação aberta e eficaz com a equipe e pares pode ajudar a identificar e resolver problemas com antecedência.
- Desenvolver habilidades de resolução de conflitos.
- Praticar o autocuidado, como exercícios físicos, hobbies e momentos de lazer, é fundamental para manter o equilíbrio emocional.
- Estabelecer limites entre a vida profissional e pessoal.
- Buscar apoio para compartilhar preocupações.
- Praticar técnicas de relaxamento (respiração profunda, meditação, ioga e outras técnicas).
- Focar no desenvolvimento pessoal e investir em habilidades de liderança, gestão do tempo e resiliência.
Fazendo isso, o líder não só fará um trabalho para melhorar a sua qualidade de vida, como também passará a assumir sua responsabilidade pelos impactos que essa mesma qualidade de vida (ou não) gera em terceiros e na própria condução do escritório.
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Uma advocacia bem sucedida não se constrói solitariamente. Cada vez mais é necessário agregar mais pessoas para dividir a carga do crescimento, da boa reputação, da excelência das entregas, do atendimento ao cliente, da organização interna, da gestão do dinheiro, e outras tantas atividades de uma advocacia profissionalizada.
A liderança eficaz é o grande mecanismo para fazer tudo isso acontecer, já que proporciona inúmeros impactos positivos para o ambiente de trabalho e para a produtividade das bancas de advogados. Veja alguns benefícios:
- Inspiração e motivação dos membros da equipe a darem o melhor de si, aumentando o engajamento e a dedicação ao trabalho.
- Comunicação aberta e o compartilhamento de informações, criando um ambiente de trabalho colaborativo e transparente.
- Aumento da produtividade quando a equipe se sente apoiada e compreendida.
- Identificação das habilidades e talentos de cada membro da equipe, promovendo o crescimento profissional e pessoal.
- Decisões mais informadas e efetivas a partir das opiniões e perspectivas de todos os membros do time.
- Gestão de conflitos e promoção de um ambiente de trabalho harmonioso.
- Aumento da capacidade da equipe em se adaptar às mudanças e enfrentar desafios, a partir do incentivo à inovação e à resiliência.
- Ambiente de trabalho positivo.
- Retenção de talentos.
- Imagem positiva do escritório, que atrai novos talentos e clientes.
Sendo assim, quero terminar esse artigo com DEZ MANDAMENTOS que podem ajudar sócios-líderes a se tornarem mais eficazes, mais distantes das situações estressantes e mais próximos dos resultados excepcionais que só um ambiente de trabalho positivo e produtivo podem fazer acontecer.
- Autoconhecimento: conheça suas próprias habilidades, fraquezas e valores para liderar com autenticidade e autoconfiança.
- Visão e propósito que inspire a equipe, esteja alinhada aos objetivos da sua advocacia, e comunicada de maneira eficaz.
- Empatia e compreensão em relação aos membros da equipe, valorize suas necessidades, sentimentos e perspectivas.
- Comunicação aberta e transparente: promova um ambiente onde todos se sintam à vontade para compartilhar ideias, preocupações e feedback.
- Incentivo e desenvolvimento da autonomia, responsabilidade e crescimento pessoal e profissional dos membros da equipe, apoiando-os em suas metas e desafios.
- Trabalho em equipe e colaboração: promova um ambiente de trabalho coeso e unido.
- Tomada de decisão inclusiva e informada: considere as opiniões e perspectivas de todos os membros da equipe, e baseie-se em informações e dados relevantes.
- Adaptabilidade e inovação: esteja aberto a mudanças e novas ideias, e ajude a equipe a enfrentar desafios e incertezas.
- Integridade e ética: seja um exemplo de comportamento e valores para a equipe e clientes.
- Reconhecimento e recompensa: valorize e celebre o desempenho, os esforços e as conquistas dos membros da equipe, proporcionando recompensas justas e adequadas.
Eu desejo a você, advogado-sócio-líder que está lendo esse artigo, saúde plena e responsável, pois somente assim você, e seus demais sócios, serão capazes de levar a sua advocacia para o caminho da perenidade e sustentabilidade tão desejado, e que somente é possível ao agregar mais pessoas no processo.
Advogada trabalhista /Jurídico / Coordenação / Gestão de equipes / Contencioso/ Consultivo /Preventivo/ Complice / Revisora/ Especialista ações acidentárias/ Atuação processos estratégicos/ Advogada associada WLM Brazil
1 aAvanti!!!
Advogada. Doutora em Direito pela USP.
1 aExcelente abordagem! O exemplo arrasta!