Liderança em tempos de COVID 19
Estando em quarentena, ou como dizemos academicamente, isolamento social, não consigo deixar de pensar em como ser líder é complicado. Principalmente em tempos como os atuais, em que palavras que nunca deveriam ser ditas, como pandemia, exaustão de recursos, mortes em massa e recessão global habitam não apenas nossos lábios, mas nossas mentes e corações. São palavras cruéis, cada uma a seu modo.
O setor da saúde sempre foi exaustivo, complexo, mas incrivelmente recompensador para quem se aventura em seus meandros. A capacidade quase instantânea de se fazer o bem, de salvarmos vidas, de compartilharmos a humanidade da maneira mais visceral é o que torna tamanho desafio suportável.
Quem decide por esse caminho, essa missão, muitas vezes desconhece quão grande fardo terá que carregar, principalmente quando o impensável ocorre.
Pandemias sempre ocorreram e sempre ocorrerão, pois a globalização fez o mundo encolher à distancia de um celular. O que antes levava meses, anos para ocorrer, agora nos assombra pela velocidade, inimaginável para nós.
Mas o que realmente me espanta nesse momento de COVID 19, é que o vírus (e como todo vírus, tem predileção por causar grande estrago) não veio sozinho. Tal como na mitologia ele veio acompanhado por dois irmãos, Fobos e Deimos, medo e terror, filhos da guerra. O primeiro se encarrega de preparar o terreno, implantando medo em tudo que toca, e o segundo vem trazendo consigo o obscurecimento de qualquer raciocínio, levando as pessoas, independentemente da classe social, da escolaridade e da posição de poder que ocupam, a priorizarem condutas que posteriormente se envergonharão profundamente.
Hoje podemos dizer que Fobos e Deimos vieram atualizados, com figurino da nossa época, disfarçados de informação e boa vontade, onde turbam a visão dos nossos líderes, preparando o caminho em torno da doença. A devastação se torna amplificada de tal maneira que só nos resta encolhermos como sociedade.
Não convém que isso seja assim. A liderança, principalmente em saúde, pode mais, bem mais. Mais do que nunca precisamos exercitar nossas competências, nosso conhecimento do setor, nossa empatia e bom senso.
Liderança pressupõe maturidade. Trabalhar com o peso da urgência na tomada de decisões, e não ter o mínimo de reflexão e serenidade, ceder às inúmeras informações desencontradas só atrasam os processos necessários, gerando para os liderados o pior que pode acontecer: insegurança. A insegurança escancara a mente para o desastre, logo quando tantos precisam de nós.
O líder de saúde tem a difícil missão de equilibrar essa balança, entre profissionais e pacientes, entre recursos e atendimento, mesmo em condições que nunca serão ideais, como ocorre em épocas como a que vivemos. Nos pautarmos nas evidências corretas, respaldados pela ciência (tanto médica como econômica), estabelecermos padrões de segurança, desenvolvermos ao máximo as duas características mais surpreendentes da humanidade: adaptação e resiliência, é o que nos ajudará a passar por essa fase. A sociedade faz o mesmo chamado pela razão, já percebendo essa necessidade e estando na mesma sintonia.
Pandemias vem e vão, infelizmente é a nossa realidade. A cada episódio em que a humanidade é desafiada e chamada a se reinventar, lições são aprendidas. Só nos resta a esperança de que aprenderemos as lições certas.
Stefanea Campanha
Strategy & Innovation: Corporate Venture Capital | Venture Building | MKT & Business Development
4 aBoa prima!
Médico de Família e Comunidade
4 aBoa reflexão !!
Physician at Hospital Espírita André Luiz (HEAL)
4 aProfessora, realmente a situação fica mais difícil, mas vamos com toda a força!
Gestor Comercial | Key account | Customer Experience (CX) | Inovação, Growth, IA e ESG
4 aParabéns prof. Stefanea. Sempre com excelentes abordagens.