Liderança em tempos de crise: a responsabilidade de inspirar quando o resultado diverge do esperado
*Por Roberto Vilela, consultor empresarial e estrategista de negócios
O papel da liderança é um tema que nunca sai de pauta e ganha nova ênfase a cada situação que atrai os holofotes por envolver a gestão de grandes organizações. O caso mais recente é o da semana de seis dias adotada pela Samsung para os seus executivos na Coreia do Sul. Para além da discussão se isso é bom ou não e se a criação dessa “sensação de crise” - como foi definida pela própria multinacional - gerará o resultado esperado, meu foco aqui é destacar a responsabilidade que o posto de líder carrega consigo em qualquer situação ou lugar.
A Samsung tomou essa decisão diante do baixo desempenho de suas principais unidades, o que teve forte influência de fatores externos, vale pontuar. Mas, no mundo corporativo não há espaço para desculpas, é preciso agir! O objetivo, segundo a companhia, é que o prejuízo possa ser superado através do maior esforço empregado por todos, a começar pelas lideranças, que devem puxar essa onda de melhora.
Em qualquer situação de crise alguém sempre precisará tomar a frente, assumir responsabilidades, pagar um pouco mais caro e guiar os demais para a solução. A esse personagem damos o nome de líder. Um tipo de cargo não mais tão desejado pelas gerações atuais como foi outrora, o que gerou nos últimos anos um verdadeiro apagão de lideranças. E o alto grau de responsabilidade inerente ao posto é um dos motivos que tem desencorajado os mais jovens a vislumbrar esse tipo de progressão na carreira, não por simples falta de vontade de se esforçar mais, mas pelas novas perspectivas de sucesso que estão sendo formadas.
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O compromisso com a prosperidade dos negócios, a responsabilidade por puxar o desenvolvimento da equipe nos momentos favoráveis e de contornar as situações desfavoráveis, assim como de saber compreender o momento que a empresa enfrenta e buscar soluções conseguindo trazer a equipe para junto, mas principalmente, entender o poder do exemplo, sempre foram prerrogativas da liderança. O jogador que levanta a taça não é escolhido a esmo, antes disso ele precisou provar sua capacidade de instruir e motivar os demais. Da mesma forma, a liderança corporativa de fato não é para todos, mas para quem tem ou pode desenvolver a capacidade de tomar a frente em todas as situações.
De nada adianta exigir mais produtividade dos postos que estão abaixo, sem que haja alguém os direcionando. Toda e qualquer filosofia corporativa precisa ser iniciada pelos executivos, para depois ser implementada aos demais. E, neste caso, não me refiro apenas e simplesmente ao tempo dedicado ao trabalho, mas à qualidade do que é entregue, assim como a consciência dos objetivos e comprometimento com o alcance deles.
O exemplo da Samsung mostra que, acima de tudo, a postura de comprometimento com o negócio, independentemente do desafio e se há concordância pessoal com o proposto, precisa vir da liderança. O exemplo arrasta, especialmente em momentos que podem ser decisivos para a continuidade de um negócio. É a postura do líder e o seu próprio compromisso com a melhoria, que vai fazer a diferença no engajamento do time.
- Confira o episódio mais recente do podcast do Roberto Vilela, no qual ele faz uma reflexão sobre o Blackout nas Lideranças, que tem sido percebido nos últimos tempos.