Liderança em tempos de pandemia

Não estranhe, prezado leitor, a imagem de líder que escolhi para ilustrar este texto. O futebol também cura ou, pelo menos, ameniza as dores deste ano fatídico que está terminando.

Fernando Diniz representa apenas um dos  4 tipos universais de liderança. Os quatro têm de lidar com risco e recursos (materiais e humanos), além de despender energia, investimento e esforço para atingir os resultados esperados, quando comandam um time de trabalho. Conheça os quatro tipos de líder e verifique em qual você se reconhece.

1.     Artesãos – Uma das grandes vantagens do líder Artesão é saber quando e como assumir riscos que podem ser mensurados. Têm dificuldade quando o risco ainda é desconhecido (abstrato). Por serem muito energéticos, apreciam os desafios e são corajosos, improvisadores e competitivos. Pessoas de performance, são muito bons nas emergências, em situações que demandam técnicas e senso de oportunidade. Por isso, são denominados, líderes situacionais ou pontuais.

Costumeiramente, não planejam, pois gostam de agir no “agora”, sendo muito rápidos para resolver problemas. Mas podem cometer erros. Entre eles: pular etapas de uma atividade e não seguir regras nem protocolos.

Na pandemia, destacam-se como socorristas e intensivistas. Uma equipe médica ou de enfermagem sempre tem um líder Artesão. Ele rende mais quando alocado em uma célula autônoma e as metas são desafiadoras. Dá o melhor de si, pois aprecia palmas e holofotes.

2.     Guardiães – São os mais precavidos dos quatro. Funcionam por etapas. Ou seja: evoluem passo a passo. Para isso, precisam dispor de procedimentos confiáveis, ditados por experts. Destacam-se por ter os pés no chão e raramente assumem riscos ou pensam fora da caixa. Têm dificuldade de criar coisas novas, mas são bons para duplicar o que já existe.

Quase sempre, Guardiães são profissionais confiáveis. Têm senso de honra, dever e compromisso. Competentes para reduzir gastos, comparar preços e utilizar experiências do passado para projetar o futuro.

Guardiães  são ideais para atividades logísticas. Sabem onde encontrar, como armazenar e disponibilizar insumos necessários para levar adiante uma atividade. A Cruz Vermelha é uma instituição guardiã.

3.     Idealistas – Eis aí o tipo de líder que gosta de gente e sabe como lidar com ela. Costumam escolher profissões que contribuam para dar conforto moral e psicológico às pessoas e são capazes de fazer sacrifícios para levarem um time à vitória. Como são bastante versáteis, podem destacar-se em atividades ou missões, que instaurem novos paradigmas.

Idealistas exercem uma liderança diplomática. Bons exemplos foram Gandhi e Nelson Mandela. Na vida prosaica, Fernando Diniz, o coach do S. Paulo F. C. é o exemplo que escolhi. Ele difere da maioria dos técnicos esportivos. Tanto que estudou psicologia em vez de educação física, para poder liderar uma equipe com talentos e temperamentos diversificados.

Sensíveis ao reconhecimento alheio,  os Idealistas precisam saber que seu trabalho tem valor e faz bem às pessoas. Mas não procrastinam rupturas se perceberem que seus valores se chocam com os defendidos pela empresa/pelo grupo. Neste caso, não hesitam em “chutar” o balde. Não foi à toa que o médico romano Galeno os denominou "coléricos".

4.     Racionais (ou cerebrais) – São futuristas e visionários, por excelência. Engenhosos, preferem trabalhar com gente talentosa e tão inteligente quanto eles. Destacam-se em planejamento estratégico e em pesquisa científica.

Os racionais são denominados líderes estrategistas. Sua meta de vida costuma ser evoluir por si próprio e somente aceitam uma parceria se tiverem algo a ganhar, mesmo que seja algo abstrato. Geralmente, têm alguma dificuldade de trabalhar em equipe, porque são muito independentes e competitivos, além de individualistas. Mas sua liderança raramente é contestada.

Bons exemplos de líderes estrategistas são os pesquisadores de vacinas e os cientistas que estão na linha de frente no enfrentamento da Covid-19.

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Maria da Luz N.P. Calegari, jornalista e pedagoga (idealista) é autora, junto com Miguel Vizioli (guardião), psicólogo e administrador, do livro "Liderança - a força do temperamento", Ed. Pearson.