Liderança na Medida Certa

Liderança na Medida Certa

Existe uma medida certa para o exercício da Liderança? Talvez seja bastante difícil responder essa pergunta. Vou procurar chegar o mais próximo da resposta trazendo uma perspectiva a partir dos opostos. E, nesse caso, eles não se atraem.

Decisão Precipitada x Indecisão

Tomar decisão sem as informações necessárias pode significar um incremento desmedido dos riscos envolvidos. Este tipo de decisão pode trazer sérias consequências para a organização, o líder e seus liderados. Há também aqueles líderes que têm dificuldades em tomar decisão, procrastinam ou até mesmo fogem de fazer escolhas e assumir posicionamentos.

Para esses tipos de comportamento, o posicionamento adequado do líder é a tomada de decisão no momento adequado, munido das informações necessárias para equilibrar a equação risco-retorno. Decisões que levem em consideração a orientação estratégica, os recursos disponíveis e os eventuais riscos tendem a ser mais acertadas. Os liderados esperam que seus líderes sejam decididos e bem-posicionados.

Falta de Empatia x Hipersensibilidade

Ignorar as emoções e sentimentos dos liderados pode representar um erro básico e por isso algo que deveria ser raro, mas é muito comum. Líderes imbuídos de entregar objetivos, focam em suas necessidades e passam desapercebidos pelos sinais emitidos pelo time. Líderes de processo podem estar altamente comprometidos com a execução e não estar atentos às reações de sues liderados. Mas, há aqueles líderes que se deixam impactar por qualquer expressão de seus liderados e se desviam da rota facilmente em função dessa hipersensibilidade. Muitas vezes, podem ser facilmente manipulados pelo time.

O posicionamento adequado aos líderes é a empatia, ter a capacidade de reunir-se com os liderados no "lugar" em que eles se encontram e compartilhar de suas perspectivas, oferecendo seu ponto de vista, seus mindsets e construindo novas possibilidades compartilhadas.

Resistência à Mudança x Adoção Precipitada

Resistir à mudança é um mecanismo de defesa, muitas vezes originado pelo medo que as pessoas têm de a mudança lhes afetar. Com isso, os líderes atrasam a inovação e a criatividade e estabelece uma postura de condescendência, pois esse tipo de líder costuma não ser adepto a ouvir seus liderados. Mas, também, há aqueles que adotam a mudança no primeiro movimento, sem uma avaliação adequada das premissas e dos cenários. Esse tipo de líder pode parecer volúvel e influenciável e muitas vezes o time se aproveita desse comportamento para desviar o foco de atenção em momentos de crise.

O líder deve ser agente de mudanças, agente da transformação. Ao encontrar o momento adequado, o líder deve patrocinar o senso de urgência e a formação de um núcleo executor da mudança.

Microgerenciamento x Delegação Excessiva

Há líderes que não conseguem se desvincular da execução, acompanhando cada etapa do projeto em um nível de detalhe extremo. Esse tipo de comportamento desempodera e inibe a tomada de responsabilidades pelo time. Há aqueles líderes que delegam toda e qualquer atividade ao time, inclusive as mais estratégicas e essenciais, aquelas que garantem a entrega dos objetivos. Há líderes que delegam sem ter a convicção que o time tem as competências necessárias para o desempenho adequado das atividades, nem mesmo se preocupa em fornecer a capacitação adequada para tal.

Ninguém é perfeito, mas o líder estratégico sabe diferenciar com clareza as atividades que devem ser executadas pelo time e aquelas decisões que devem ser tomadas por ele, ouvindo o time, mas assumindo a responsabilidade em fazê-lo. O líder que empodera o time para assumir um papel protagonista colhe um time mais autônomo e preparado para grandes momentos, sejam de crise ou oportunidade.

Enfim, há uma medida certa?

A medida certa não se concentra nos opostos. Um líder estratégico foca em:

  • tomar as decisões com as informações necessárias, no momento adequado;
  • exercer empatia com o time e garantir um ambiente de segurança psicológica para que as pessoas desbloqueiem seu potencial;
  • patrocinar a mudança e encorajar o time a inovar e superar suas limitações e crenças;
  • delegar com responsabilidade, fomentando a capacitação e o desenvolvimento do time, favorecendo o amadurecimento do time e formando sucessores.


Walter César Camuri

Doutor e Mestre em Administração, Advogado, Gestor Jurídico, Trainer em Liderança e Desenvolvimento de Times.

4 m

👍🏼✔️

Ely Michelle Steinhoff Vieira

CAIXA | Gestora | Mãe | Formada em Self Coach | Especialista em Desenvolvimento Humano de Gestores pela FGV | Speaker da 1ª Chroma Summit

4 m

Excelente!! O ideal sempre é o equilíbrio! Esse também é o nosso maior desafio. Até porque nem todos os liderados são iguais, então nossa balança tem que ser “ponderada” rs.

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