Liderança pelo respeito ou pelo exemplo?
Olá.
De uns tempos para cá tenho recebido muitos pedidos de ajuda de profissionais em cargos de liderança, como executivos e pequenos empresários referente à dificuldade que estão enfrentando para motiva e engajar as novas gerações, sobretudo as pessoas nascidas após 1994.
Segundo estes pedidos, existe um comportamento quase padronizado entre estes jovens que combina a falta de sentido de urgência, um dose acentuada de independência e obviamente, a rebeldia que estes fatores juntos provocam.
É quase como se estes jovens trabalhassem para si e para os seus planos, independentemente do local onde estejam. Tarefas cotidianas, controles, processos e rotina simplesmente não são capazes de atrair e manter os jovens interessados em suas funções.
Dinheiro, falta de dinheiro, ameaça de demissão... nada disso surte efeito. Eles simplesmente não aceitam os protocolos de engajamento, frustrando-se e magoando-se com os nãos impostos pela vida corporativa.
De fato, eles não se comportam como os recursos humanos que são.
Bem, tudo isso é verdade!
De fato, nós. Pessoas nascidas nos anos 60 e 70 e até alguns do início da década de 80 não somos capazes de gerar engajamento nesta nova geração.
A falha não é deles. Eles são o que são. Ou melhor, eles são o que a nossa sociedade fez deles.
Falhamos ao acreditar em modelos antiquados de gestão, motivação e engajamento baseados no que aprendemos na universidade e no que funcionou conosco.
A metodologia defendida a décadas de liderar pelo exemplo, simplesmente não funciona mais.
E não funciona por um simples motivo:
Nosso estilo de vida não serve de exemplo para eles.
Fomos criados tanto pessoal como profissionalmente com valores que não fazem mais sentido para esta nova geração, veja alguns exemplos de como as coisas são diferentes.
A geração nascida nos anos 70 quando pensava em vida profissional, pensava em emprego em uma grande empresa para aprender como trabalhar e fazer carreira, galgando posições para um dia, ser um líder com salário e benefícios e no futuro se aposentar com dignidade.
Mudanças:
O cenário mundial transferiu muito da produção industrial para a Ásia, fazendo que países como Vietnam, Indonésia e China assumissem grande parte dos manufaturados. Isso levou países como o Brasil de volta a indústria de base (mineração, energia e petróleo), agronegócio sendo este nossa mais importante área e na sequência, serviços e comércio.
Setores que demandam mão de obra com experiência, restando poucas oportunidades de aprendizado.
O serviço de telemarketing virou a nova porta de entrada, substituindo o chão de fábrica e os mensageiros (office-boys) que eram a forma mais comum de entrada para o mercado de trabalho. Buscar emprego para aprender, não é mais viável.
A segunda mudança está diretamente relacionada a esta pois a quarenta anos, os meios de produção e a inteligência de negócios pertenciam as empresas. O funcionário era um recurso que podia ser substituído sem grandes dificuldades, fato que fomentou toda uma onda de sindicalismo e busca por garantias no país. Hoje o conhecimento está com as pessoas e com os sistemas de automação e gestão integrada. Um profissional que domina estes sistemas padronizados, pode com facilidade mudar de empresa e continuar com a mesma performance. Empregabilidade se tornou muito mais seguro que regras criadas por sindicatos.
Por fim, após as ações de reengenharia da década de 80, ocorreram fenômenos paralelos de achatamento da hierarquia empresarial, associada a um forte processo de terceirização onde pequena empresas especializadas assumiram funções específicas em grandes empresas, rompendo a cadeia de “progresso de carreira” pois, as funções técnicas sendo exercidas por terceiros não levam seus executores à promoções internas na empresa e da mesma forma, empresas prestadoras de serviço são especialistas e menores, não havendo espaço para crescimento.
Diante deste cenário é plenamente compreensível que as novas gerações estejam buscando realização imediata, projetos desafiadores, reconhecimento semanal, quando não diário, pois a visão de futuro é nebulosa e indigna de aposta de alguns anos de vida. Decididamente, nosso exemplo não serve para esta geração.
Precisamos reinventar nossa forma de engajamento, mudando do formato de gestão por exemplo para gestão por respeito.
Sim. Respeito. Respeito legitimo, daquele que é conquistado sem jamais ser imposto.
Precisamos entender o que estes jovens valorizam, quem são seus ídolos e principalmente, quais os comportamentos que devemos assumir para que nossa liderança sobre eles seja exercida com base em autoridade e reconhecimento sem o uso do poder, da regra e da intimidação, visto que isso não funciona.
Penso que algumas coisas são mais óbvias e podemos adotar como micro mudanças comportamentais, como por exemplo:
Transparência. Falar de propósito, de estratégias, de benefícios e até de sacrifícios, sem pudor.
- Participação. Ao invés de falamos de como as coisas devem ser feitas, que tal falar do que precisa ser feito e ouvir sugestões de como fazer?
- Reconhecimento. A frase “não fez mais que a obrigação” deve sair imediatamente da nossa mente.
Julgamento. Sim, eles precisam de mais feedback e tudo bem se você não teve na sua vez. O passado fica no passado como já dizia o sábio de nome Pumba.
- Sacrifício. Estar junto, fazer junto, mostra-se disposto a ajudar.
- Disponibilidade. Estar acessível 24X7 . ironicamente, acabar com o conceito de hierarquia é o que cria respeito e forma o novo conceito de liderança para o bando.
Temos muito o que aprender com eles e a única certeza que tenho hoje é que em breve, esta geração estará no comando e nós faremos o que acharmos melhor para nossas vidas.
Pense nisso.
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5 aSensacional.
Planejador Financeiro na Grão Investimentos
5 aEita meu amigo Edson Carli que texto libertador, pois estou nesse bendito dilema em relação a gerações eu nascido nos anos 70 e vendo o que meus pais conseguiram e como conseguiram e as crenças? Nossa e hoje ter que adaptar-me e também contribuir para outros amigos e colegas da mesma geração adaptação.
Analista de Dados | Analista de BI | Cientista de Dados
5 aAlan Nunes Cerqueira
Scrum Master | Scrum Agilist | DBA | DBRE | Cloud | IA
5 aCaroline Lamim
Gestor de Projetos @ Smart Consulting) ⭕️ ISCTE Executive Education Alumnus
5 aAcho que a segunda gera a primeira.