Liderança: Uma questão de foco

Liderança: Uma questão de foco

Liderança palavra tão exigida nos dias atuais mas tão difícil de definir... Há inúmeros tipos de líder e uma infinidade de conceitos para definir seu papel, há desde o perfil técnico (Bill Gates) ao estilo servidor (Jesus Cristo), bem como inúmeras definições para o conceito de liderança. Mas afinal o que é liderar?

Gosto muito da definição de James C. Hunter autor do mundialmente famoso best-seller O Monge e o Executivo que define este conceito como "a habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente visando atingir objetivos comuns, inspirando confiança por meio da força do caráter." Você deve estar se perguntando: "Certo, mas o que se espera de um líder para que se atinja este objetivo?

Pesquisas indicam que um líder deve ser paciente, voltado a resultados, conciliador, direcionado à ação, empreendedor, motivador, enérgico, servidor, comunicador, saber dar feedback... Enfim, deve ter um milhão de atributos impossíveis de se encontrar em um único alguém, criando-se assim quase que o mito de que o líder deve ser um semideus. Quando ouço tais definições começo a me questionar qual será minha atitude ao encontrar alguém com tais características: Avisar ao Vaticano que há um novo santo a ser canonizado? Ligar para os organizadores do Prêmio Nobel porque encontramos um forte candidato?

Liderança é a habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente visando atingir objetivos comuns, inspirando confiança por meio da força do caráter

Piadas a parte, o psicólogo de Daniel Goleman ex colunista no New York Times e pai do termo da inteligência emocional demonstra que liderar é uma questão de foco, mas especificamente em três tipos: Interno, externo e nos outros:

Foco interno

Por ser uma das habilidades mais difíceis de se desenvolver, não por um acaso é vista como o primeiro passo na escalada para a liderança. Trata do líder desenvolver mais autoconhecimento para descobrir quais são seus pontos fortes e fracos, maiores limitações técnicas, crenças em suas habilidades de comunicação e gestão para o alcance de metas, pois, aquele que não se conhece e não tem domínio sobre suas próprias emoções terá enormes dificuldades para entender as emoções de seus liderados.

O foco interno também envolve uma visão da organização como um todo seguindo as teorias defendidas pelo biólogo Bertalanffy conhecido pela teoria dos sistemas, onde uma empresa é vista como um organismo vivo cujo todo é maior que a soma das partes. Tal visão permite ao líder uma análise completa das finanças, estratégias, clima organizacional e das aptidões das demais lideranças, auxiliando o líder para o estabelecimento de metas ambiciosas e exequíveis que permitam o sucesso organizacional. Embora pareça um conceito simples a falta do foco interno é motivo para inúmeros fracassos de profissionais e de suas organizações.

Foco externo

O líder deve ter uma visão mais abrangente sobre o que está ocorrendo além de sua organização, como por exemplo, mudanças na Economia, altas nas taxas de juros, novas tecnologias no mercado, ações dos concorrentes, visões e necessidades de seus Stakeholders (principais interessados na atividade de uma empresa como fornecedores, clientes, funcionários, acionistas, etc).

A liderança envolve ter a capacidade de imaginar cenários e estabelecer planos de ação para o futuro, ações que somente serão possíveis com um amplo processo de análise e conhecimento de todos os envolvidos na cadeia produtiva.

Foco nos outros

Talvez uma das capacidades mais difíceis já que o líder somente obterá sucesso nesta mediante autoconhecimento, pois, somente quando se tem o pleno conhecimento de suas capacidades e emoções é possível ter empatia, ferramenta fundamental para entender o outro na essência. Um claro exemplo da falta desta qualidade é o caso do chefe que jamais elogia o trabalho de seus subordinados e ainda o repreende publicamente. Tal prática é humilhante leva a equipe a desconfiar de seu caráter, odiá-lo e a uma enorme ansiedade coletiva tornando o ambiente de trabalho quase insalubre.

Uma atitude empática permite ao líder enxergar os pontos fortes e fracos de sua equipe, auxiliando-o na hora de alocar a pessoa certa para a função certa e, além disso, ter habilidade para estimular e orientar seu time para que se atinjam os objetivos organizacionais.

A prática da liderança envolve saber solucionar conflitos, dar suporte aos funcionários para que desenvolvam suas atividades de maneira saudável e produtiva, mediante feedbacks construtivos, estabelecimento de relacionamentos que tragam crescimento para a organização e acima de tudo prover aos subordinados aquilo que realmente precisam. É fato comprovado que excesso de mimos é tão destrutivo quanto a falta de atenção. Uma gestão voltada apenas a distribuir bônus e recompensas leva a criação de profissionais mimados e pouco comprometidos, levando no longo prazo ao endividamento e até à falência da empresa.

Enfim, em um mundo cada vez mais doente e carente de relacionamentos realmente construtivos a empatia é habilidade indispensável. Cabe ao líder a capacidade de ter uma visão sustentável e um forte senso de propósito, para que se caminhe rumo à realização dos objetivos da organização e que fuja de toda atividade que o desvie do rumo certo, pois como dizia Steve Jobs: Foco é saber dizer não.



Livros citados e imagens utilizadas

  1. Daniel Goleman - Foco: A atenção e seu papel Fundamental para o sucesso. Editora Objetiva
  2. James C. Hunter - O Monge e o executivo: Uma história sobre a essência da liderança. Editora Sextante
  3. Imagens Adobe Stock

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