Linha de Vida, solução ou falsa segurança?
Linha de vida é grande solução para trabalhos em altura, mas o que infelizmente muitos profissionais de diversas áreas ainda não perceberam, é que linha de vida é uma solução restrita. Como assim? Simples e fácil de entender, uma linha de vida bem projetada tem que ter uma zona de queda livre e ponto de ancoragem seguro. A norma Brasileira estabelece pelo menos 1500 kgf para um ponto de ancoragem, apesar de diversos manuais de segurança já recomendarem pelo menos 2.200 kgf no caso de Linhas de Vida horizontais (recomendação da norma americana). E os cálculos não negam, existe um primeiro artigo voltado aos cálculos, clique aqui e confira Artigo1. O problema que vejo na instalação de Linha de Vida em Fábricas ou unidades existentes, é que normalmente são unidades industriais que não foram projetadas e pensadas para a realização de uma manutenção segura, por isso muitas vezes é complicado encontrar onde ancorar a linha de vida, além de haver interferências em uma possível queda. Acredito que para diversos casos onde se cogita colocar linhas de vida, o uso de proteção coletiva seria mais apropriado, inclusive subir plataformas desde o chão. O grande problema que percebo, são estruturas que foram dimensionadas para suportar cargas distribuídas de telhas e ventos, serem utilizadas para pontos de ancoragem, que já são cargas pontuais concentradas, que hoje podemos estabelecer como recomendação técnica pelo menos 2.200 kgf. Não quero dizer que linhas de vida instaladas em sistemas existentes estão mal projetadas ou calculadas. Há sim estruturas robustas o suficientes para este fim, sejam de aço ou concreto. Vamos a alguns exemplos práticos e fáceis de serem verificados. Tubo de 2 polegadas com espessura 6mm instalados durante a concretagem de lajes ( quem nunca viu):
O módulo resistente elástico desse tubo é 8,2 cm3. Fazendo a divisão do momento solicitante com o módulo elástico:
Tensão= (15KN x 120 cm ) / 8,2cm3 = 219,5 KN/cm2 =2195 Mpa
2195 Mpa é o resultado, como assim? Aços comerciais normalmente tem limite de escoamento 250Mpa. Isso que não inserimos nenhum fator de segurança. Quase nove vezes abaixo da capacidade. Vamos tentar ajudar: nessa situação qual tubo seria o correto? Trabalhando ainda por um método de tensões:
Módulo elástico > (15 KN x 120 cm x 1,5)/25KN/cm2 = 108 cm3
Um tubo que atenderia as necessidades dessa configuração seria por exemplo tubos de 150 mm de diâmetro com pelo menos 7 mm de espessura. Ou seja quatro vezes mais pesado que a solução convencional que vemos em algumas obras.
Outro exemplo simples, amarração de linhas de vida em cobertas:
Na coberta a cima existe uma carga distribuída de 200kgf/m ao longo da coberta
Neste caso o resultado:
Aplicando um poste de linha de vida fixado em dois pontos com 1500 kgf horizontal de carga:
Observe que no banzo superior que foi projetado para trabalhar com 600 kgf em compressão, passa a existir uma carga de 2500 kgf após inserir um ponto de linha de vida. Aí vem a pergunta, há margem de segurança no projeto original para isso? Já que citamos exemplos ruins, vamos citar uma BOA solução, os tripés:
Tripés partem de um principio simples, estrutura tridimensional estável, onde as barras só trabalham a tração e compressão. Exemplo corte 2D de tripé com tubo de 48 mm ; 3mm:
O tripé está super seguro, inclusive super dimensionado, nessa configuração com tubos 48mm;3mm. Um cuidado é a fixação deles em local seguro, fazendo isso, aí está uma boa solução.Este último exemplo é apenas para demonstrar como princípios simples podem aumentar substancialmente a resistência de um arranjo. Isso só se consegue contratando Pessoas e empresas sérias e que tenham domínio estrutural dos trabalhos.
Supervisor | Técnico | Manutenção | Mecânica | Planejamento | PPCM | Lean Manufacturing | Green Belt Six Sigma | ISO 55001 | Melhoria Contínua
6 aBoa tarde Engenheiro Daniel. Tenho uma dúvida sobre linha de vertical. Há alguma norma que estabelece uma altura mínima na qual ela deve ser instalada?
Diretor técnico na Veneza Construções
6 aO tema, distante de minha praia, mas jamais de minha sensibilidade estrutural. Estruturas recíprocas, mistas e híbridas alinhadas com coordenação modular, seriam abordagens pertinentes. Montagem/desmontagem dos circos sempre me cativaram desde criança na cidade de Martins, RN. A linha de vida nos circos deve ser de elevada complexidade.
Diretor técnico na Veneza Construções
6 aSem centenas de milhares de horas dedicadas a cada tema jamais chegaremos a excelência. Sem sistemas abertos elásticos e flexíveis andaremos em círculos. O que exige abordagem sistêmica em regime turn key.
Empresário|Consultor|Mentor|Conselheiro
6 aSolução, sem sombra de dúvidas !!!
Engenheiro de Segurança do Trabalho QSMS
6 aAs vezes é uma falsa sensação de segurança, muitas vezes a linha é mau dimensionada por causa do achismo. Pontos de ancoragem em concreto de pouca capacidade MPa/cm2, instalação em viga de aço em U que é apenas estrutural ou cabo de aço incorreto.