Linkedin e além: 3 dicas para gerar conexões ao invés de colecionar contatos

Linkedin e além: 3 dicas para gerar conexões ao invés de colecionar contatos

A vida não é (nada) fácil, o mundo (aparentemente) é mau e quando se começa a procurar emprego então – seja porque está desempregado, seja porque se quer dar um novo rumo na vida ou ainda para se inserir no mercado (formal) de trabalho, as coisas parecem tornarem-se ainda mais difíceis. E o caminho natural de todo mundo que está procurando estabelecer contatos profissionais acaba sendo o Linkedin nosso de cada dia, aonde o presidente daquela empresa na qual você sempre sonhou em trabalhar está ali a dois cliques de distância. Fácil, né? Mas garante alguma coisa? É claro que não.

De seis meses para cá tenho observado um fenômeno curioso, que é até compreensível pela situação que o país vem atravessando e também por toda esta dificuldade que as pessoas enquanto estão desempregadas normalmente enfrentam. Todos os dias, além de ser adicionado por profissionais que não conheço pedindo para me enviar o CV (já falarei sobre isso mais abaixo), vejo fotos de crachás (e afins) com um pequeno texto que começa mais ou menos com “após 10 meses de busca…”, termina com “…finalmente chegou a minha hora!” e agradecimentos, e lá vem uma verdadeira avalanche de 1.000 a 10.000 pessoas (dependendo do conteúdo) curtindo, comentando e dando os parabéns. Sensacional? Aparentemente sim, mas o que me intriga é o seguinte: pela quantidade de conexões que essas pessoas possuem e a quantidade de curtidas/parabéns que elas receberam, possivelmente mais de 2/3 não fazem a menor ideia de quem elas sejam!

“Pô, Eduardo, qual é o problema disso? Desde quando é ruim parabenizar as pessoas?"

Desde nunca, pois não só acredito como também sou partidário de que quanto mais se divide a felicidade mais ela se multiplica; logo, a lógica natural continua sendo a de que se alguém divide um momento feliz deveríamos parabenizá-la, bem como se divide um momento triste deveríamos apoiá-la, certo? Certíssimo… no discurso, mas e na prática? Seja sincero: se há 10 meses essa mesma pessoa te adicionasse, você a aceitaria? E mais: você receberia o CV dela e o encaminharia DE VERDADE ou simplesmente deletaria? Calma, não precisa responder agora.

Lembro do exemplo dado pelo Flávio Augusto num GVcast, quando comentava sobre a extrema dificuldade que as pessoas têm para arrumar dinheiro com bancos para iniciar algum projeto, mas que depois que o negócio está dando certo e consegue se financiar sozinho, passam a chover dezenas de propostas desses mesmos bancos que antes te ignoravam para investirem (agora de forma pesada) no seu negócio.

O sucesso – e recolocar-se também é um fator de sucesso – metaforicamente falando parece ser como aquela luz no poste que atrai dezenas de insetos para o seu redor, mas que quando está desligada poucos lá aparecem. Quantos exemplos temos, conhecemos e vemos todos os dias relacionados a isto? Dezenas de amigos quando estamos por cima e solidão (quase) absoluta quando estamos embaixo? Pois é, como dizia lá no início: a vida não é (nada) fácil e o mundo (aparentemente) é mau.

“Então temos que ajudar todo mundo que nos adiciona e envia o CV?”

É claro que não, pois se não agimos assim no mundo off-line, também não deveríamos e nem conseguiríamos fazer isto no mundo on-line. Sem demagogia, por favor!

“Mas dá para fazer alguma coisa?”

Sim, sempre dá. Conversando bastante com amigos (nas duas situações) e analisando tanto o lado dos que estão sendo solicitados a ajudar (como o meu caso) bem como também o lado dos que estão pedindo ajuda (muitas vezes para pessoas que não conhecem), então escrevi 3 dicas (a primeira parece óbvia, mas não é!) para tentar organizar melhor este processo e assim ajudar a criar uma conexão diferenciada entre os dois lados para que as ações aumentem a probabilidade de acerto e tenham mais assertividade com menos stress.

1- Procure um trabalho ao invés de um emprego

Numa entrevista do Geraldo Ruffino para o podcast da Bel Pesce (ouça aqui), ele comentava bastante sobre como as pessoas ficam obcecadas em procurar um emprego (limitante) ao invés de procurarem um trabalho (abrangente). No Linkedin o efeito parece ser o mesmo, pois o sujeito te adiciona, você aceita, e logo em seguida, na maioria esmagadora dos casos, vem algo do tipo: “Obrigado por me adicionar. Segue em anexo meu CV caso haja uma oportunidade na área comercial, ok?”. OK, não trabalho na área comercial, mas tudo bem, manda aí!

Apesar de toda a minha boa vontade, que irei continuar enviando os CVs para o RH da minha empresa, diga-me sinceramente qual será a efetividade disto? Encaminharei o e-mail dizendo algo do tipo “segue um CV para área comercial de um contato do Linkedin”. A devolutiva será: “Você conhece? De que forma ele poderia contribuir com a nossa empesa?”. A primeira resposta será “não”, a segunda será “não sei” e lá vai mais um CV para o cada vez maior “Banco de Currículos” aguardando ser pescado por algum critério que em algum momento o RH irá definir quando for a hora. Parece loteria? Talvez seja.

Agora, pegando as palavras do Geraldo, e se você fizesse a abordagem de uma forma diferente? Estude as empresas com as quais você se identifica ou os setores nos quais possui experiência e afinidade, veja o que elas já estão fazendo e proponha alguma solução ou uma nova forma de fazer – afinal, todo mundo não cita a tal “liberdade para criar soluções” como um dos top fatores em qualquer ranking de pesquisas sobre um ótimo lugar para trabalhar? Então, use o fator tempo a seu favor, faça um deverzinho de casa, procure o contato que talvez possa te ajudar naquela área e, quando for adicionado (ou se já for da rede), pergunte como a empresa está tratando determinando assunto já antecipando que você poderia ajudar com isso e aquilo baseado em tais experiências que você já possui.

Ao fazer isto, no mínimo você já se diferenciou, pois ninguém está fazendo – pelo menos até hoje nunca recebi um contato (e já foram muitos) assim. E, dependendo do quê e da forma como escreveu, no mínimo já irá gerar um tipo de conexão com a pessoa que está pré-disposta a ajudá-lo – e que inclusive poderá ser o seu futuro empregador direto!

Que tal, hein? Todos irão te responder e dar retorno? É claro que não, mas sem dúvida é um tipo diferente de iniciar o contato. E se você quer apenas o contato ao invés de tentar gerar a conexão, nem precisa perder mais seu tempo, né?

2- Seu perfil é um blog, então blog-se!

O Linkedin nunca foi um banco de currículos, muito embora a maioria das pessoas ainda tendem a enxergá-lo como tal, e ultimamente ele vem mudando tanto justamente para ajudar as pessoas a criarem valor e se conectarem profissionalmente. Mas o quê que a maioria das pessoas ainda está fazendo? Colocando uma foto (muitas não profissionais, inclusive), copiando na íntegra o CV e saindo adicionando pessoas e empresas para pedir emprego.

Ok, tudo bem, o CV é sim parte integrante, mas precisamos adequá-lo a essa nova experiência e, eu mesmo que já possuo um “perfil campeão” (definição do algoritmo deles), neste momento estou refazendo e incluindo novas informações para que fique ainda mais aderente a esta nova realidade.

Agora, se você quer que ele seja só isso, tudo bem; atualize a foto, os dados e vida que segue. Mas você ouviu a entrevista do Geraldo que falei na dica 1? Pois é, o papel aceita tudo (o Linkedin também!) e, a exemplo dele que é um grande empresário e empregador, as empresas querem conhecer melhor quem são as pessoas que estão por trás de tantas qualificações. E como elas conseguirão fazer isso ANTES da entrevista? Vendo o que você anda escrevendo ou compartilhando!

Com a ferramenta de publicação, mesmo que você não tenha um blog, queira ou não queira ele já é um blog prontinho esperando você começar a escrever sobre o que você quiser para a sua rede de contatos e seguidores. “Ah, mas eu não sei escrever”. Se não sabe, está aí uma boa hora para aprender, exercitar e mostrar seus conhecimentos sobre a sua área de atuação ou assuntos complementares aos seus anseios. “Na verdade gosto de falar. Dá para publicar vídeo?” Não, ainda não dá, mas dá para você escrever um resumo e postar o link do vídeo ou do podcast aqui.

Que tal tentar (mostrando-se um pouco mais) e assim começar a se diferenciar da grande maioria que ainda não publica nada?

3- Agregue valor aos grupos de interesse ao invés de ficar só olhando!

Outra forma de utilizar o tempo a seu favor é entrar nos mais variados grupos que há na plataforma e participar das discussões. Pesquise e escolha bem os grupos dos quais você quer (e deve) participar e, uma vez lá dentro, PARTICIPE – seja divulgando matérias pertinentes ao foco de cada grupo bem como divulgando artigos (vídeos, podcasts, etc.) que você tenha escrito (dica 2).

A partir daí, você começará a conhecer outras pessoas que já atuam no mesmo mercado ou então que atuam no mercado para onde você almeja ir, e começará a encontrar conexões que poderão lhe indicar ou abrir portas no futuro – desde que você participe ativamente dos grupos agregando conteúdo de valor ao invés de simplesmente adicionar as pessoas e pedir para enviar o CV, né?

4- Surpreenda e faça além do esperado!

Não, você não leu errado e, antes de me sacanear dizendo que não fiz a última revisão porque a contagem ficou errada, esclareço que… foi de propósito! Sim, você esperava 3 dicas e termino com 4 justamente para te ajudar a pensar: como ir além do esperado?

A primeira dica te ajudou a sair do padrão com uma nova forma de abordagem e geração de conexão, a segunda e a terceira te ajudaram a se diferenciar da multidão mostrando um pouco mais sobre quem você é e o que pensa (além de gerar valor e conexão), mas e se você também se apresentasse (vendesse) de uma forma diferente?

“Espere aí, como assim?”

Já experimentou pesquisar como o pessoal anda se mostrando muito além do que está escrito no CV e no Linkedin? Você não precisa chegar até o nível do Robby (clique aqui), mas dê uma checada como muitos outros estão fazendo clicando aqui!

Antes que você me xingue, reforço que o ponto principal nesta dica é dar insights para que você respire, conheça (se ainda não conhece) um pouco desta nova realidade que já está aí na porta e comece então a fritar os neurônios exercendo a sua criatividade para buscar formas diferentes de combinar isto tudo com a sua realidade para surpreender e se diferenciar.

Mas não precisa entrar em desespero se você não tem nenhuma habilidade gráfica ou artística para fazer o que foi mostrado (muito embora seja um diferencial), pois acredito que o principal ponto para se destacar de verdade e com sustância ainda é gerando valor para o próximo (releia a dica 1) – e através dele é que faremos o círculo virtuoso rodar conseguindo estabelecer conexões reais que nos ajudarão (muito além do “deixa comigo” protocolar) a abrir portas criando oportunidades verdadeiras.

E aí? Vamos começar a tentar criar conexões ao invés de colecionar contatos? A decisão é apenas e tão somente sua. Boa sorte!

Obs. Se puder ajudar de mais alguma outra forma, continuo por aqui às ordens, ok?

Se gostou deste artigo, acompanhe meu blog -> www.circulosvirtuosos.com

Ana Cristina Carvalho

Customer Financial Services Administrator SeniorTreasury

8 a

Obrigada pela partilha. Excelente.

Muito bom Edu!

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