No Llueve pero gotea..
Nas frias tardes do inverno gris na cidade de Santiago do Chile, lembro que meu pai chegava do serviço cansado para sua refeição noturna. Ali, depois dos comprimentos a meu irmão, eu e a minha Mãe, ela o perguntava como estava o serviço e sempre a resposta era "No llueve, pero gotea..." no seu caso não tem chuva mais sim algumas gotinhas. Eram tempos difíceis tanto na época do presidente Allende quanto na de Pinochet o trabalho era pouco, mas o meu Pai procurava o seu serviço no conserto de maquinaria agrícola, dirigindo em longas estradas e por extensos períodos até encontrar um cliente em dificuldades, onde ele conseguira exercer sua profissão. A frase é cheia de otimismo e na realidade significa: "vamos sobreviver porque depois vamos a ter serviço de sobra".
Os nossos Pais, com defeitos e virtudes, sempre deixam algo positivo nas nossas vidas por mínimo que isto seja. É verdade que na vida de alguns existem mais erros que acertos, mas se tratando dos nossos pais por muitos defeitos que eles tenham temos "depurar" ou peneirar as coisas positivas que influenciam a nossa vida. No fim, a realidade da nossa existência é pela intervenção de um Pai.
Se trazemos a frase das gotinhas e a carência de chuva em nosso setor gráfico, a estiagem manifestada na falta de investimentos, de aumento de produtividade ou da geração de empregos, leva já um bom tempo o que até hoje provocou o desaparecimento de várias organizações parceiras sejam elas nas áreas da indústria, serviços ou comércio. Os tempos não estão fáceis e os que ainda sobrevivemos é com gotinhas mesmo porque o ambiente de negócios não reage para um aumento de demanda devido principalmente a incertezas internas provocadas por as próximas eleições presidenciais de outubro gerando uma taxa de desocupação de um 12,4% que amostra uma melhoria marginal em relação ao 13,1% do trimestre passado. Mas a indústria faz o que pode e intenta reagir num cenário para lá de incerto melhorando sua produção num 13,1% deixando claro que o pulo só é considerável por que no mês anterior foi de um 11,0% devido à greve dos caminhoneiros.
Ainda assim, com a grande dúvida de onde se encontra o fim do poço, devemos nos preparar para quando a chuva voltar inicialmente aproveitando ao máximo as gotinhas para fidelizar os nossos clientes já que eles estão nas mesmas condições nossas, na luta no médio da estiagem que é onde se estabelecem relacionamentos comerciais que entregam frutos mútuos nos tempos das vacas gordas estabelecendo grandes e sólidas parcerias . Os serviços que cada um realizamos são muito importantes e mais ainda em tempos difíceis, seja por a carência de serviço ou devido à ociosidade que em lugar se ser um fato negativo, na realidade abre uma fenda para nos aperfeiçoar, lendo, estudando, trocando ideias sobre o nosso serviço ou possíveis melhorias nos processos, etc. Ao fim das contas, crescendo na nossa organização e também como pessoas. A mensagem é que não adianta chorar, que temos que aproveitar o tempo em nosso favor e da nossa organização para quando o "toró" voltar como dizem os mineiros, ou quando uma chuvarada generosa apareça ao fim.
Envio um grande abraço a todos os pais, aos pais dos nossos colaboradores e amigos e uma oração pelo descanso dos pais que já não estão com nós, quem sabe deixando frases profundas em algum lugar do universo...como o meu..
Feliz dia dos Pais!