Logística, apelo e sustentabilidade 16/05/2016 - Guia Marítimo
Embora a embalagem represente uma parcela significativa no custo dos produtos, os pesquisadores do ITAL (Instituto de Tecnologia de Alimentos), Tiago Bassani Hellmeister Dantas e Eloísa Garcia explicam que, sem a sua existência, os custos seriam ainda maiores, “já que ocorreriam muitas perdas, seja pelo manuseio na distribuição e no transporte ou pela redução do tempo de vida útil do produto, muitas vezes estendido pela própria embalagem”.
Alguns produtos cuja presença de décadas no mercado os tornaram clássicos na aceitação do consumidor muitas vezes passam por mudanças em suas embalagens. Os motivos variam desde a conservação, distribuição, até a própria imagem e apelo do produto, porém o público saudosista protesta e demora certo tempo para aceitar as mudanças. Os pesquisadores ressaltam que as mudanças que vêm para posicionar melhor o produto ou otimizar a logística podem ter impacto não apenas no custo de distribuição, mas também na sustentabilidade.
“Acredito que as empresas estão caminhando neste sentido, pois, em geral, os melhores ganhos em termos de dimensionamento geométrico, ou seja, aproveitamento na ocupação de paletes e/ou containers, são obtidos com alterações nas embalagens primárias”, diz Tiago Dantas. Eloísa Gouveia ainda complementa que há outra mudança importante, ligada à redução de peso de embalagens: “esta, além de gerar benefícios econômicos, tem efeito significativo na redução do consumo de recursos naturais e minimização de emissões e resíduos relativos ao ciclo de vida da embalagem. No entanto, é importante lembrar que a redução de peso não pode comprometer a eficácia da embalagem”, alerta a pesquisadora, gerente da área de embalagens plásticas e meio ambiente do ITAL.
O caso do papel higiênico, por exemplo, que hoje é transportado quase em sua maioria na versão compactada, reduzindo espaço da embalagem, é citado por Dantas como um dos casos de contenção de custos logísticos, associado também à redução de consumo recursos naturais (petróleo) e menor emissão de gases de efeito estufa e outros poluentes por unidade de produto.
Para trabalhar a aceitação a esse tipo de mudança, é necessário também divulgar as ações adequadamente, explicando ao consumidor todos os ganhos envolvidos na alteração, ou seja: as mudanças devem vir associadas a uma boa campanha de comunicação, alertam os pesquisadores.
Com o desenvolvimento das tecnologias de embalagem, existem produtos hoje no mercado que seriam impensáveis há alguns anos. “É preciso lembrar que a própria invenção da embalagem já trouxe uma revolução ao mercado, permitindo a conservação dos produtos por períodos inimagináveis anteriormente”, aponta Gouveia, lembrando que o surgimento das embalagens plásticas também trouxe outro salto à disponibilidade e variedade de produtos, bem como à questão da conveniência por parte do consumidor.
Tiago Dantas lembra que existem muitas tecnologias e conceitos desenvolvidos mundialmente, muitos dos quais já em uso no Brasil, e outros que ainda podem ser adotados aqui. “O ITAL elaborou um amplo estudo nesse sentido, o Brasil Pack Trends 2020, partindo das principais tendências de mercado para avaliar as características do consumidor moderno, que mudam rapidamente, e mostrar as principais inovações que seguiram tais tendências”, expõe o pesquisador.