Logo, você não vai mais comer fora...

Logo, você não vai mais comer fora...

Fui jantar ontem em um restaurante agradável. O vinho tinha um preço razoável, a comida estava boa, o garçom atencioso. Quando chegou a conta, o preço foi salgado, na verdade, um pouco salgado demais...

Foi então que reparei, que o belíssimo restaurante, não tinha sequer um terço das mesas ocupadas. Pensei rapidamente nas dificuldades dos meus clientes do ramo e fiz algumas contas: o lugar, certamente, não estava se pagando. Se numa quinta feira à noite, estava assim vazio, a coisa deveria estar bem feia...

Na verdade, pouquíssimos restaurantes estão com as contas em ordem... Os aluguéis estão caros, os salários já eram altos, e com a inclusão da gorjeta na remuneração, determinada pela reforma trabalhista recente, a conta dos encargos explodiu. Pra piorar, boa parte dos ingredientes são commodities e tem preços que variam (explodem) com o dólar. Todo este quadro gera preços altos.

O curioso, porém, é que, se falarmos com os proprietários de imóveis, eles vão lhe mostrar que a renda proporcionada pelos imóveis está baixíssima. Os garçons, não estão ficando ricos, muito pelo contrário. Quem vende gêneros alimentícios, não tem mais como espremer as margens... O que está acontecendo, então? Porque comer fora ficou tão caro?

Tenho uma teoria... Há alguns anos, as pessoas começaram a pagar restaurantes com cartões de crédito e tickets restaurante. Um pouco depois, a Fazenda Estadual e a Receita Federal, começaram a cruzar informações dos cartões e tickets com as declarações dos restaurantes. A consequência disto foi uma rápida formalização de um setor que era dos poucos que ainda conseguia escapar dos dentes do leão.

O problema é que a mordida é gigantesca! Uma coisa é pagar um bom jantar, outra coisa é convidar Brasília pra sentar na mesa e beber a vontade... Mais de um terço da comida e 55% do vinho, são impostos. Isto sem contar, que todos os custos do restaurante, também incluem uma montanha de tributos, não incluídos nestes percentuais.

Além disto, as exigências sanitárias e regulatórias são cada vez mais sofisticadas - e tudo isto custa dinheiro. Mas não é só. Temos uma lei regulando o consumo de álcool, que só encontra paralelos na legislação escandinava e islâmica, atrapalhando muito a margem dos restaurantes (isto é assunto para outro post). O resultado é que temos restaurantes caros e cada vez mais vazios.

Meu conselho? Aprenda a cozinhar. A alternativa? Começar a votar em gente que tenha como prioridade facilitar a vida dos empresários. Sem empresa, não há emprego!

Andre Carpentieri

MBA | GSE Management | Finanças | Controladoria | Supply Chain | Gestão Comercial

6 a

O setor alimentício, assim como todo e restante da economia que é obrigada a sustentar os delírios vindos de Brasília e das pífias agências reguladoras que são apenas mais um lugar para servir aos políticos e seus eleitos. De fato uma lástima

Isso é fato. Sem empresa não há empregos, e somos nós os pequenos empresários quem movimenta verdadeiramente a economia nacional.

Ceci Santiago

Docente do curso de Gastronomia da UFRJ

6 a

Excelente texto. Mas acho que faltou analisar um aspecto muito importante e significativo para o esvaziamento dos restaurantes caros e sofisticados...... aonde estão os clientes com possibilidades e dispostos a pagar contas com muitos zeros?????? Vale o pensamento!!!

Exatamente! O que hoje não está caro? Tudo

Bruno Vilarinho

Sales Director @ V4 Company | Driving revenue growth through strategic sales and digital marketing

6 a

Excelente texto! Ainda fez o que poucos aqui fazem, expôs o problema e trouxe uma possível solução. Também acho que o governo é muito bom em atuar no escuro. Como suas ações acontecem nos bastidores e a esmagadora maioria nem busca por essas informações, a culpa cai sobre os ombros dos "empresários malvados" que querem ter lucros maiores e maiores para bancar suas casas nas Bahamas e seus carros esportivos. O Estado é gigantesco e consegue ser pequeno, enquanto os empresários são pequenos e bravamente conseguem ser gigantes. Quando a população entender isso, teremos uma esperança pela frente, porque hoje nem isso.

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