Londres proíbe anúncios de Junk Food nos transportes públicos.

Londres proíbe anúncios de Junk Food nos transportes públicos.

Os anúncios a comida não saudável vão deixar de fazer parte do quotidiano da vida Londrina. Esta foi uma medida tomada pelo Mayor, Sadiq Khan, em resposta à elevada taxa de obesidade infantil na cidade de Londres – em outubro pessoas ligadas à Saúde Publica Inglesa revelaram que cerca de 40% dos seus jovens entre 10 e 11 anos têm o que é considerado um peso excessivo ou eram obesas.


A proibição entrou em vigor no dia 25 de fevereiro em todos os meios controlados pelo Transport for London (TfL), que incluem: autocarros, táxis, bem como comboios, estações de metro e paragens de autocarros. No entanto ainda vai ser possível ver alguns destes anúncios em locais proibidos, uma vez que dizem respeito a contratos feitos antes desta data – neste caso assim que a data do contrato atual terminar deixa de ser possível renovar ou criar um novo.

Para esta medida, comida não saudável é definida como “comida e/ou bebidas não-alcoólicas com alto teor de gordura, açúcar ou sal”, como: barras de chocolate, hambúrgueres e bebidas com gás. As empresas de Fast-Food podem continuar a anunciar nos locais em cima referidos desde que os produtos promovidos sejam os pertencentes à sua gama de saudáveis como: nozes sem sal, passas e bebidas sem açúcar.

Este pode ser o inicio de uma nova tendência no que toca a restrições de anúncios uma vez que também em Amsterdão foram tomadas medidas similares e com resultados positivos.

Grandes nomes da indústria alimentar já se tinham pronunciado no passado sobre as consequências dos anúncios na nossa sociedade e, sobretudo, nos jovens. É exemplo disso um dos maiores chefs do mundo e ativista contra a obesidade infantil, Jamie Oliver, que disse no seu Twitter a 23 de Novembro de 2018 (data da revelação desta medida por parte do Mayor)

"Essa é uma jogada incrível do Mayor e da TfL, e eles têm apoio esmagador dos londrinos que disseram alto e claro que querem um sistema de transporte com anúncios e mensagens mais saudáveis.”

Também no passado Jamie Oliver tinha-se pronunciado a favor da remoção de anúncios televisivos de comidas não saudáveis.

De acordo com um relatório feito pela Câncer Research UK, existe uma grande correlação entre a exposição a anúncios televisivos e o excessivo consumo de comidas com altas gorduras, sal ou produtos com açúcar.

Segundo este estudo os adolescentes que disseram assistir regularmente programas de televisão com anúncios tinham mais do que o dobro de probabilidades (139%) de beber bebidas com gás em comparação com alguém com baixa exposição a publicidade na TV, e eram 65% mais propensos a comer refeições rápidas do que aqueles que viam menos TV.

Também 87% dos jovens acharam os anúncios que promoviam produtos com alto teor de gordura, sal ou açúcar, apelativos e três quartos disseram sentirem-se tentados a comer um destes produtos depois de verem os anúncios. 

Caçar baleias no deserto… 

Sendo a obesidade um dos grandes problemas atuais da nossa sociedade é de louvar todo o tipo de iniciativas que tentem minimizar estes riscos. No entanto, sendo cada vez mais a Internet o local frequentado pelos jovens (público-alvo destas campanhas), é questionável se não deveria ser também aqui o foco de atenção.

Não quero com isto dizer que ­­­a televisão ou o mundo offline não influencia os comportamentos da nossa sociedade, mas, quero sim, questionar se estas medidas não teriam uma maior eficácia quando aplicadas ao mundo online, não em exclusividade, mas sim em harmonia com o offline.

Medidas como esta foram tomadas no passado em relação a outros produtos, onde talvez a mais notória tenha sido a proibição em 1971 dos anúncios a cigarros. A verdade é que hoje em dia é nos impensável imaginar que ao ligarmos a televisão, em horário nobre, podemos encontrar um anuncio fazendo apelo à marca de cigarros Camel como sendo a marca de eleição dos médicos deste país quando querem fumar um cigarro, ou outro que desperte a nossa vontade de liberdade e aventura dizendo que é o que podemos encontrar se fumarmos Malboro.

Este tipo de anúncios, que em tempos foram uma normalidade, como hoje nos é um anúncio o Burger King ou da Pizza Hut, foram proibidos e, os efeitos benéficos dessas medidas para a saúde publica não demoraram muito para se fazerem manifestar. A questão é que naquela altura não havia internet e a televisão era onde as famílias passavam a maioria do seu tempo livre, logo, onde poderiam ser mais influenciadas. Hoje vivemos num mundo completamente diferente no que toca ao consumo de informação ou entretenimento, e isso tem cada vez mais que ser tido em consideração na hora de tomar este tipo de iniciativas.

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