Lula e Fernando Henrique:ainda há esperança
O encontro entre Lula e Fernando Henrique causou desconforto em alguns setores aí da politica.Há alguns anos eu critiquei o ex-presidente ,do psdb, por ter falado uma coisa que prejudicou a candidatura Aécio.Hoje eu posso me “redimir” ressaltando um ato extraordinário de compreensão politica,que ele parece que viu aqui nos meus artigos.
Eu sempre preferi uma terceira via,mas como os candidatos dela não se apresentam,como eu gostaria,há que trabalhar com outros planos,B e C.
Normalmente o açodamento de Lula em se precipitar seria atribuido ao seu desejo de vingança,ao seu desejo de redenção,mas também ao fato de que ele não poderia deixar para em cima da hora,porque não é tão forte eleitoralmente assim.
Essa assertiva pode significar um bem para ele no tempo da eleição,mas pode se diluir no tempo que a precede.Nisto pode haver uma fraqueza.
Não importa contudo que seja assim,porque o campo democrático,contra este resto de ditadura que está no poder,tem que montar cenários de unidade para vencer a próxima eleição.
Usei o termo campo democrático porque no meu modo de entender estamos numa fase semelhante àquela da redemocratização,lutando para tirar de vez a ditadura de nosso horizonte.
E neste contexto a decisão de Fernando Henrique de encontrar-se com o “ barbudo radical nos remete àquilo que é bom no passado.Mas como diz Shakespeare “ o passado é o prólogo” e como nossos professores nos ensinam “não existe criação sem imitação”sem mimesis.Quer dizer, em toda criação projetada,em todo o futuro ,há algo do passado e este algo deve ser uma base boa para um futuro melhor.
Como eu disse há muitos atrás,Tancredo afirmou pouco antes de ir para o Colégio Eleitoral que só haveria uma social-democracia real no Brasil quando se esgotasse o periodo getulista,o trabalhismo histórico.
Embora eu não ache que ele tenha se esgotado,as condições de uma social democracia real estão dadas nas figuras de Fernando Henrique e Lula:união de novo entre a classe média e o operariado.Por causa disto uma possível homogeneidade politica do povo brasileiro,que permitiria construir a mediania republicana que falta ao Brasil,qual seja o respeito à lei e à norma.
Diante deste encontro nós temos diante dos olhos a chance de tirar o Brasil da guerra-fria ,do radicalismo de direita e de esquerda e analisar e solucionar os seus problemas.
Deixa eu explicar a quem me lê(rádio também)que eu não sou nacionalista e não abandonei esta dicotomia:sou de esquerda porque nunca vi a direita se preocupar com a questão social.Não impeço a direita de se preocupar,mas até hoje quem se interessa por este fenômeno histórico real é a esquerda.
A partir daí posso discutir qualquer coisa.Para mim isto é cláusula pétrea.A social democracia nasceu com esta preocupação.Se ela eventualmente o esquece não invalida a sua senda histórica,que existe.
Desenvolvendo esta aliança até às eleições o surgimento de uma terceira via vai ser perigosa para esta unidade essencial que se apresenta.Mas não nos adiantemos,vamos ver se há esta progressão.