Lumx Insights #59: A tokenização ao redor do mundo
Olá! Seja bem-vindo à sua fonte semanal de insights e notícias. Nesta edição, faremos um giro pelas diferentes formas como a tokenização vem sendo discutida ao redor do mundo. Vamos conferir?
Tempo de leitura 7 min.
Follow the Money, Follow Tokenization
Nas últimas edições, venho abordando com frequência a tokenização de ativos do mundo real (Real World Assets – RWAs) e temas relacionados ao Drex. E há uma razão para isso: diariamente, novas iniciativas surgem ao redor do mundo — de governos a instituições financeiras — apontando para um cenário que reflete a profundidade e a relevância da tecnologia blockchain nas discussões sobre inovação financeira. Este movimento, que avança de vento em popa pelo mundo e no Brasil, sugere uma aproximação crescente entre a infraestrutura financeira global e a tecnologia descentralizada.
Aquele rápido recap sobre tokenização
Para aqueles que estão caindo de paraquedas, ou para quem quiser relembrar: tokenizar ativos do mundo real é o processo de criar representações digitais de ativos físicos ou financeiros em uma blockchain. Esses tokens representam um direito sobre o ativo subjacente (como títulos, imóveis ou commodities) e podem ser negociados ou transferidos de forma mais fluida e segura graças à tecnologia blockchain. Esse processo transforma ativos que antes eram ilíquidos ou acessíveis apenas a grandes investidores em oportunidades fracionadas, acessíveis e rastreáveis, potencialmente democratizando o acesso a esses mercados.
Tokenização ao redor do globo
Os cases, discussões e deals sobre tokenização não param de pipocar mês a mês. Vamos dar um giro por alguns dos mais recentes.
Um bom exemplo de avanço na tokenização de ativos do mundo real vem do Japão, através da recente parceria entre a SBI Digital Markets (subsidiária do conglomerado japonês SBI Holdings) e a Autoridade Monetária de Singapura (MAS), no contexto do Project Guardian. Este projeto visa criar uma infraestrutura segura e regulamentada para a tokenização de ativos na Ásia, promovendo novos modelos de emissão e negociação de títulos.
No âmbito do Project Guardian, a SBI Digital Markets está lançando pilotos específicos que expandem o uso de ativos tokenizados para incluir títulos de renda fixa e fundos de mercado monetário. Um dos primeiros projetos, o Fixed Income Pilot, foca na criação de uma rede internacional para títulos tokenizados respaldados por ativos, como vinhos de luxo. Esse título tokenizado será oferecido nos formatos digital e tradicional, com o objetivo de atrair uma ampla gama de investidores e aumentar a liquidez desses ativos.
Outro piloto, em parceria com o UBS Asset Management, explora a tokenização de fundos de mercado monetário, utilizando contratos inteligentes para automatizar processos de subscrição e resgate, o que reduz custos e aumenta a eficiência nas operações. Esse piloto se apoia no protocolo de interoperabilidade da Chainlink, permitindo integração entre blockchains públicas e privadas e demonstrando o potencial de uma infraestrutura financeira interconectada.
Outro exemplo relevante de como a tokenização está sendo incorporada por grandes instituições financeiras é o caso do JP Morgan e sua plataforma blockchain recentemente renomeada, Kinexys. Originalmente lançada em 2019 como JPM Coin e depois rebatizada como Onyx, a Kinexys agora se prepara para oferecer serviços de câmbio em blockchain, atendendo à crescente demanda por transações globais rápidas e seguras.
A Kinexys é estruturada para facilitar transações financeiras em tempo real, 24 horas por dia, permitindo não apenas transferências internacionais, mas também a tokenização de ativos e a troca de dados financeiros de maneira programável e com custos reduzidos. Entre as novas funcionalidades estão serviços voltados à privacidade, identidade e compatibilidade entre redes, o que representa uma evolução significativa para clientes empresariais que buscam eficiência em operações financeiras globais.
Além disso, a Kinexys agora processa cerca de US$ 2 bilhões em transações diárias e detém aproximadamente US$ 1,5 trilhão em ativos de derivativos, segundo dados da própria instituição.
Recentemente, o Reino Unido anunciou que começará a emitir gilts (títulos de dívida pública) em formato digital baseado em blockchain nos próximos dois anos. Os gilts são a base do mercado de dívida britânico, e sua digitalização reflete um esforço de modernização que se conecta ao universo blockchain. Com a emissão digital, o governo espera tornar o processo mais rápido e econômico, ao mesmo tempo em que cria um precedente para que outros ativos financeiros sejam tokenizados.
Essa decisão britânica é ainda mais relevante quando lembramos que o país estava entre os mais cautelosos na adoção de blockchain para fins governamentais. Há poucos anos, a ideia enfrentava resistência de várias partes do setor financeiro tradicional. O fato de que agora a tokenização de dívida pública faz parte de uma agenda oficial demonstra uma maior abertura para a tecnologia e o reconhecimento de seu potencial em aplicações práticas.
A iniciativa deve levar dois anos para se concretizar, mas esse tipo de anúncio é promissor e está longe de ser um caso isolado.
Cada uma dessas regiões (e que são apenas um recorte de inúmeras outras iniciativas) estão testando diferentes formas de tokenizar ativos financeiros, promovendo um cenário onde tokens digitais possam ter aceitação e regulamentação em diferentes jurisdições. Esse tipo de movimento cria uma base para um futuro onde a tokenização é aceita globalmente e integrada aos mercados financeiros tradicionais.
Brasil e a rota para ativos tokenizados
O Brasil vem avançando significativamente na adoção de blockchain e tokenização de ativos do mundo real. O Banco Central e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) têm promovido diálogos constantes sobre a regulamentação de tokens e criptoativos, reconhecendo seu papel potencial no sistema financeiro. Em 2024, o Banco Central priorizou iniciativas de tokenização e criptomoedas em sua agenda regulatória, uma decisão que sinaliza a intenção de transformar o sistema financeiro nacional, além de movimentos envolvendo o próprio DREX.
A B3, bolsa de valores brasileira, é um bom exemplo de instituição que explora parcerias para implementar soluções de blockchain para títulos e produtos financeiros. Outros exemplos incluem iniciativas da Liqi com a tokenização de recebíveis, da Ribus com a tokenização imobiliária e do Mercado Bitcoin, com seu programa de rendas fixas e variáveis por meio de tokenização.
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Aquele rápido recap sobre benefícios e desafios
Já comentei algumas vezes, mas vale lembrar os principais benefícios da tokenização:
Porém, desafios importantes ainda permanecem:
O Futuro com a Lumx
Será que estamos vislumbrando o início de um espaço de integração completa entre tecnologias tradicionais e descentralizadas? Se essas iniciativas servirem como um indicativo, o futuro parece apontar para uma estrutura de mercado "híbrida", onde ativos digitais e tradicionais coexistem em uma rede interconectada e acessível globalmente.
Cada vez mais, fica claro que, para governos, a tokenização é uma forma de modernizar e democratizar o acesso a ativos e, para empresas, uma oportunidade de explorar novos produtos e mercados. A tokenização nunca esteve tão em alta, não apenas em um aspecto teórico, mas também em diversos níveis de discussões, negócios e implementações globais, como mostrado.
A grande expectativa é que a integração de blockchain e RWAs evolua em um formato “híbrido”, onde tecnologias tradicionais e descentralizadas coexistam e trabalhem juntas. A cada novo projeto de sucesso, como as emissões de dívida e as iniciativas dos bancos, um passo significativo é dado em direção à ampla aceitação dessa tecnologia.
Estar à frente dessa tecnologia significa estar com quem entende do assunto e disponibiliza as ferramentas necessárias para integrar blockchain de forma simplificada e objetiva, para que você escale e inove com segurança. Para mais informações sobre como inovar com a Lumx , acesse nosso site clicando aqui.
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