Mãe,
Esse ano foi um dos mais terríveis, em meus 42 anos de vida.
Há exato um ano atrás, 21/09/16, eu ouvi a notícia que me foi mais terrível.
Eu estava no cinema com meu esposo, acabara o filme, que eu nem me lembro exatamente qual foi, saímos e ligamos o telefone celular e as mensagens começaram a chegar em nível assustador, quando eu dei uma olhada de canto nas mensagens do celular do meu esposo eu li: “Ela está sem pulso”. Isso ficou gravado em mim fortemente, então peguei o meu celular e liguei pra minha cunhada, Janaina Mazzetto, perguntei imediatamente assim que ela atendeu: “Jana, como ela está?” E ela me respondeu com a voz muito triste: “Lú, ela não está mais!” Eu respondi: “OK, não está mais, estou indo pra aí!”.
Eis que começava uma nova e muito dura etapa na minha vida, minha mãe faleceu!
É nessa hora que você pensa, será que faltou eu dizer algo? Será que eu fiz o que deveria ter feito? Será?… Será?
Como meu mecanismo de defesa da personalidade é a racionalização eu imediatamente disse: “foi melhor assim, morreu de infarto, assim ela não ficou sofrendo, ela mesma disse que não queria que ninguém ficasse cuidando dela”.
Eis que a rotina da morte é cruel, tanto quanto a própria, dar entrada no B.O., corpo no SVO, liberação da autópsia, certidão de óbito. Eu já havia passado por isso em 2009, na morte do meu pai também em casa e também de um infarto, etapa cruel.
Tudo acabado me resta agora chorar e lembrar a vida com ela, suas lembranças, suas broncas, suas lições de vida, suas reflexões de vida, seu sorriso.
Aí que saudade! Isso dói demais, meu Deus!
Mas ela me ensinou desde muito cedo amar como se não houvesse amanhã, ela me ensinou também que a vida passa mesmo e que ninguém fica pra semente, assim mesmo com essas palavras.
Aquele dia eu liguei duas vezes para ela, estávamos combinando de ir no médico no dia seguinte, em meio a conversa eu disse que a amava e ela me disse também, acho que ela já sabia que ia embora, assim eu senti no meu coração.
De Setembro de 2016 até abril de 2017, mês aniversário dela, eu vim fazendo muitos cursos, ocupando meus dias com muitas informações até que eu participei de um curso chamado, ENEAGRAMA, foi quando eu percebi o meu mecanismo de racionalização.
Então a partir dessa informação iniciou-se nova fase em minha vida. Eu resolvi ir acolher as minhas dores, resolvi senti-las e não abandoná-las.
Eu me permiti a ficar triste, chorar, ficar muito deprimida, porém não depressiva.
As pessoas mais próximas até ficaram muito preocupadas com meu recolhimento, porém foi de grande valia.
Hoje completa um ano da sua partida, sinto muita saudade, triste às vezes por não poder tocá-la, beijá-la, mas eu compreendi o papel da vida e os ensinamentos que me trouxe e eu sou grata!
Aprendi que chorar e sofrer é bom, pois restaura a verdadeira essência do ser humano, aprendi que para ser maduro e adulto é necessário compreender e aceitar a situação, pois elas são o momento vivido e não a vida toda, e que ela serve de lição para continuar.
Mãe, eu agradeço por ter feito o seu melhor e ter me ensinado a ser quem eu sou obrigada por ter me dado apoio quando eu precisei e me deixar de castigo quando foi necessário, obrigada pelas vezes que não fez algo para mim, pois eu aprendi que é necessário eu mesma fazer.
Esse ciclo se fecha e foi muito doloroso, porém com muitos aprendizados eu só tenho agradecer, claro que sinto a sua falta e assim será até o dia que for a minha vez de partir, mas eu sei que todas as coisas cooperam para aqueles que amam a Deus!
Gratidão e saudades por toda a minha vida.
21/09/2017