Mães executivas e a escolha de permanecerem com suas almas

Está semana tive um conversa muito mobilizadora com um amigo para lá de inspirador … a certa altura da conversa ele nos disse (para uma talentosa jovem de nossa empresa e para mim) que quando era CEO de uma grande empresa percebeu que os dias em que ele tomava decisões “desalmado” era visto como mais eficaz e os dias que tomava decisões “almado” era recorrentemente alertado de que estava confundido naquele dia…

Estamos na semana, em que no Brasil, comemoramos o dia das mães e fiquei pensando que sendo uma executiva que decidiu ser mãe (e respeito as mulheres que escolhem não ser) muitas vezes fui provocada a entregar minha alma na bandeja da ambição ou falta de nível de consciência e achei que compartilhar isso será não somente libertador para mim como eventualmente importante para outras pessoas…

Tentativa 1 de que eu entregasse minha alma:

Anos atrás participei de um processo seletivo para um grande varejista e já nas fases finais o CEO me chamou para um café da manhã dizendo que eu era a candidata escolhida para a vaga mas que pediria que eu adiasse os planos que mencionei no processo seletivo de ser mãe por 1 ano e meio para avançar nos objetivos estratégicos da empresa antes (sic…). Agradeci o café da manhã mencionando que não era sua candidata… me despedindo gentilmente indignada.

Tentativas 2 e 3 de que eu entregasse minha alma:

Quando tive meu primeiro filho tive depressão pós-parto e estava lidando com o processo interno de entendimento de ser mãe de uma pessoa com deficiência que inspirava cuidados específicos naquele momento… recebi a notícia de uma pessoa possivelmente desalmada que atua como geneticista que não havia nenhuma pessoa no mundo autônoma com síndrome dele e que ele não andaria e não falaria (sic)... Agradeço ao universo por ter seguido firme em minha crença de que as pessoas são sujeitas de seu próprio processo de aprendizagem e sempre podem aprender e expressar seus talentos … cada um é de um jeito... somos todos diferentes e amados por alguém. Ah! Meu filho anda, fala e está sendo alfabetizado em 3 idiomas… 

Quando voltei da licença maternidade sofri inúmeros episódios de falta de empatia por parte de uma liderança … nenhum ser humano vivendo o que eu estava vivendo tinha condições ter sua melhor performance e reconheço que eu não tive … mas encontrei pouca compaixão naquele momento. Entrar em contato com a dor me fez transmutá-la em uma força para gerar transformação … pedi demissão e fui trabalhar em outro lugar mais acolhedor… não entreguei minha alma. 

Tentativa 4 de que entregasse minha alma:

Fui questionada por uma pessoa do porque contrato pessoas com deficiência já que estas pessoas por vezes “dão muito trabalho” … minha reflexão foi: quem não dá trabalho para alguém? … eu reconheço que dou para várias pessoas … além disso, possivelmente está pessoa não foi capaz de ler meu coração e pensamentos através do meu não-verbal: o que pensava naquele momento foi que preciso seguir sendo ativista da diversidade e inclusão nos espaços em que estou para que meu filho e o de muitas mães e pais não passem por este tipo de situação no futuro.

Foram muitos outros os momentos em que poderia ter caído na tentação de entregar minha alma por vaidade, poder, dinheiro, crescimento, etc e tal … fico feliz que não o tenha feito. Sei que outro momentos ainda virão e precisarei seguir firme em meu propósito de espalhar humanismo por onde eu estiver.

Reflito que é preciso de coragem para morrer com integridade! Seguirei nesta jornada e buscando que eu mesma e as pessoas que estão ao meu lado façam escolhas conscientes que as mantenham com alma.

Feliz dia da mães! Obrigada aos pais e pessoas que fazem parte das redes de apoio de mulheres, em especial executivas, as suportando para sigam mantendo suas almas! Precisamos tanto do He for She como do She for She, como do We for We!

Obrigada as pessoas que com sua amorosidade me apoiam a seguir mantendo minha alma! Obrigada ao amigo citado no início do texto pela conversa germinativa desta semana!