No mês da diversidade, comemorado pela Microsoft em março, refletimos que a deficiência está no ambiente e não nas pessoas
Ao longo do mês de março, quando comemoramos o mês da diversidade na Microsoft, foram realizadas diversas iniciativas e eventos internos para discutir a importância de reforçar os temas da inclusão dentro e fora da companhia. Durante a programação, um dos eventos abordou o tema “Criando ambientes acessíveis para talentos com deficiência”, no qual recebemos convidados para falar sobre a inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho, na escola e na sociedade e maneiras efetivas de tornar esses ambientes acessíveis. Os interessados podem assistir ao conteúdo do evento por este link:
Amanda Ribeiro, cofundadora da Incluir Treinamentos; Daniele Avelino, especialista em Recrutamento e Seleção; Fabio Uzunof, professor e pesquisador com especialização em projetos e programas relacionados à inclusão da pessoa com deficiência; Sonny Polito, líder do movimento Bengala Verde Brasil e fundador da Startup Inclue e Ricardo, líder de Acessibilidade na Microsoft, apresentaram reflexões de que precisamos de iniciativas que vão além da Lei PCD – que completa 30 anos em 2021 – e que prevê que empresas com 100 ou mais funcionários tenham entre 2% e 5% de trabalhadores com deficiência em seus quadros de funcionários, além de adaptações no ambiente físico e/ou tecnologias assistivas. É preciso entender que é o ambiente que é deficiente e não as pessoas.
E, como o tema é recorrente e urgente, gostaria de trazer as seis principais sugestões que debatemos nesse bate-papo sobre como criar um ambiente acessível e inclusivo para talentos com deficiência.
- Além da Lei – A Lei PCD é muito importante, mas precisa ser revisitada para que tenha continuidade. Como disse Sonny, Daniele e Fábio, a lei é essencial para dar o primeiro passo para a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, mas hoje é preciso olhar para as pessoas como profissionais, traçar plano de carreira, buscar soluções que foquem na retenção e desenvolvimento dos talentos, pensando não apenas em vagas para iniciantes, mas também naquelas para níveis de analistas, gerentes e diretores, trazendo oportunidades para desenvolver os talentos que ingressam na empresa e, também, para pessoas com deficiência do mercado com as qualificações para essas vagas
2. Inclusão desde o processo seletivo – para que uma empresa seja realmente inclusiva, é preciso adaptar toda a jornada desse colaborador, começando pelo processo seletivo. Para Daniele, buscar a melhor forma de entrevistar um candidato com deficiência, que seja inclusiva para ele, faz com que ele seja acolhido desde o primeiro contato. Para ela, isso traz maior senso de querer pertencer àquele lugar e contribui para a retenção dos talentos.
3. Envolvimento da liderança – Para ter um ambiente realmente inclusivo, as empresas precisam se preparar para isso. E, na perspectiva apresentada por Fábio, as empresas precisam ir além dos programas de diversidade e inclusão. É preciso ter um trabalho muito forte – e contínuo – de conscientização, e a melhor forma de implementar um programa assim e fazer com que ele seja bem-sucedido, é ter o envolvimento da liderança, participação de outros colaboradores e orçamentos pré-definidos.
4. A importância dos Comitês – Fábio também destaca que além da liderança, é importante ter comitês de diversidade e inclusão institucionalizados pela empresa, com metas e métricas definidas pela empresa, para garantir a continuidade dos processos de inclusão. Sonny também reforça que: “Só existe inclusão com convivência”, ao relatar o papel de engajamento que os comitês representam, atraindo aliados para a causa.
5. Educação inclusiva – esse é um dos pontos mais desafiadores da inclusão de pessoas com deficiência. Para Amanda, é preciso começar a educar na base, desde a primeira infância, sobre a importância e a necessidade da inclusão em todos os ambientes. Se você não tem pessoas com deficiência na família, na escola ou no ambiente de trabalho, como vai aprender a lidar com essa situação? É preciso levar conhecimento, capacitação, adaptação e treinamento para as pessoas, escolas e empresas, para que a inclusão seja efetiva. A educação inclusiva precisa ser feita na base.
6. A importância da tecnologia – ter ferramentas assistivas é um habilitador para a inclusão das pessoas com deficiência. Para Sonny, a tecnologia muda a vida de todos e torna a das pessoas com deficiência possível. “Só estou participando desse evento graças à tecnologia”, comenta. Já Dani reconhece que as ferramentas de colaboração e comunicação ajudam a abraçar o universo das pessoas com deficiência, que é diverso e plural, permitindo a inclusão no ambiente familiar, escolar, no trabalho e na convivência como um todo.
Esses são apenas alguns pontos de uma discussão sobre um tema amplo e que tem muito terreno fértil a ser explorado, que é o universo da inclusão e acessibilidade. Dessa nossa conversa, tiramos alguns aprendizados essenciais para desenvolvermos ambientes inclusivos e duas frases representam um pouco do que refletimos nesse evento: “Nada é sobre nós, sem nós” e “Não basta convidar para a festa, é preciso convidar para dançar”.