A Manutenção Industrial : Fruto de um Processo Evolutivo
Você já analisou as etapas das revoluções industriais dentro de um contexto histórico? Já tentou entender como a manutenção está inserida neste contexto? Veja alguns marcos da história industrial relacionadas com as revoluções e grandes guerras. A figura ilustra algumas com datas em ordem cronológica.
Cerca de 156 anos após a primeira revolução industrial, ocorre a primeira geração da manutenção. Foi no período que antecede a II Guerra Mundial. Na época, a indústria não era altamente mecanizada. As máquinas eram simples e o tempo de parada não tinha muita importância. Não havia uma demanda elevada do mercado e, consequentemente, não havia competição.
Os equipamentos eram superdimensionados. Não havia uma manutenção sistemática, nem tão pouco um departamento dedicado para cuidar dos ativos. A manutenção se resumia em conserto após avaria, limpeza e lubrificação. Em função da II Guerra Mundial, ocorre uma diminuição drástica da disponibilidade de mão de obra e aumento da demanda pelo uso de produtos manufaturados.
Logo, ocorre o aumento da mecanização como solução. Por isso, na década de 50, as máquinas já eram mais numerosas e complexas e já havia uma dependência da indústria em relação a essas máquinas. A dependência por produtos manufaturados levou os gestores a analisar os impactos do tempo de paralisação.
Os gestores identificaram que as falhas poderiam ser evitadas, nascendo a manutenção preventiva. A cultura em 1960 era de onerosas revisões gerais feitas em intervalos fixos. Tanto o custo da máquina parada quanto o custo da manutenção começam a aparecer como fator importante na manufatura. Nasce o setor denominado PCM, Planejamento e Controle da Manutenção. A informática começa a surgir no universo da manutenção com computadores grandes e lentos, mas contribuindo com a gestão dos dados relativos aos equipamentos.
Surge um "embrião" do conceito de monitoração das condições do equipamento. Os projetos passam a focar em confiabilidade e facilidade de executar manutenção. Cresce a avaliação de riscos tanto na esfera da segurança do trabalho quanto no que se refere aos impactos da parada do equipamento.
Os computadores pequenos e mais rápidos se consolidam como uma das principais ferramentas do PCM, Planejamento e Controle da Manutenção. Junto com este avanço, surgem sistemas especialistas, chamados de CMMS. Como exemplo, temos o SAP-PM ou ORACLE.
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A gestão da manutenção passa a combater a individualidade e incentivar a versatilidade e o trabalho em equipe. Assim, o individualismo e o segredo nas soluções de problemas, antes valorizados, passam a ser "combatidos". As soluções em equipe e o domínio do conhecimento democratizado ganham espaço no departamento de manutenção.
Inicia-se o foco na inspeção com aumento da preditiva, reduzindo a manutenção corretiva e a preventiva. Aparecem novas técnicas para aumentar a disponibilidade e a confiabilidade. São criadas novas modalidades contratuais para a manutenção, que neste momento já é terceirizada. Os contratos baseados em resultados cobram das empresas contratadas uma postura de parceria, ajudando na solução dos problemas. Não mais uma simples "vendedora de horas".
Atualmente, na quarta geração da manutenção, alguns conceitos se fortalecem, como a rastreabilidade, a possibilidade de conhecer o ciclo de vida do produto desde a criação até o descarte. Surge o robô colaborativo que compartilha de forma segura o espaço de trabalho entre operadores. E muitos outros adventos, como o IoT.
Cresce o monitoramento online, as informações sobre os ativos são muitas e demandam inteligência artificial para interpretá-las, demandando um centralizador de dados integrados com o CMMS. Os recursos humanos são mais qualificados e têm múltiplas habilidades e funções. Operadores, mecânicos, eletricistas e instrumentistas passam a atuar como mantenedores, dominando tanto os aspectos relacionados ao zelo com os ativos, mantendo-os da melhor forma, quanto ao uso dentro do processo produtivo.
Como esta qualificada mão de obra conhece bem a aplicação do ativo, pode-se dizer que o conceito que se confunde com RCM ou "manutenção centrada em confiabilidade" em alguns aspectos, entretanto, voltado para o indivíduo.
O fato é que todo esse processo de evolução tecnológica, métodos e mão de obra faz com que a manufatura e a manutenção possam, juntas, seguir evoluindo e alavancando melhores resultados dentro de um mercado altamente competitivo.
📈📊📋Engenheiro de Planejamento | MBA | Gestão de Projetos | Manutenção Industrial | Parada | Power BI I CAPEX | OPEX | PCM
1 aMuito bom. Quando comecei a estudar a história da manutenção, o que mais me chamou atenção foi a desmitificação do conceito do "quebra-conserta". A manutenção trabalha para manter a confiabilidade e continuidade operacional, antecipando as possíveis perdas de produção por falhas ou defeitos dos equipamentos. Em resumo, vai além de simplesmente consertar quando quebrar, e toda tecnologia disponível ajuda para evitar essas paradas.