Mas afinal, o que tanto causa a angústia no ambiente de Trabalho?
Aos poucos estamos retornando a nossa rotina pós pandemia e, acredito que todos aqui viveram ou ainda vivem com alguma situação que deixou marcas durante esses dois últimos anos. Algo que possivelmente acarretou um sentimento de angústia, um sentimento que muitas vezes não conseguimos explicar a origem, o motivo, apenas sentimos. Vem em forma de aperto no peito, sensação de paralisação, de querer ficar quieto, isolado e de não conseguir encontrar uma saída, se sentindo “encurralado” em nossa rotina, principalmente no ambiente de trabalho.
Para embasar um pouco mais a nossa conversa, de acordo com o Dicionário Houaiss, (2009), o termo angústia significa “estreiteza, redução de espaço ou tempo, carência, falta, estado de ansiedade, inquietude, sofrimento e tormento" (p.136). Para Jacques Lacan, é a sensação que temos em ocupar um lugar de incógnita, sem conseguir enxergar como somos vistos pelo outro, “não sei o que sou como objeto para o outro” (LACAN, 1962/2004, p. 39). Este questionamento contínuo desenvolve o sentimento de angústia, onde sua manifestação é um “grito" onde o mundo desaba. E, quando o assunto é trabalho, torna-se bastante compreensivo e preocupante quando existe um grande número de pessoas angustiadas nas empresas.
Cada vez mais nos deparamos com os seguintes questionamentos e sentimentos:
São apenas alguns exemplos que ouvimos de pessoas que atuam no mundo corporativo. Não é à toa que as pesquisas realizadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) comprovam que 86% dos brasileiros estão sofrendo com algum transtorno mental, como ansiedade e depressão. A angústia está presente neste cenário.
Essa mesma pesquisa aponta que algumas pressões mais fortes vêm do ambiente de trabalho, devido às cobranças de resultados e comportamentos no meio corporativo. Muitas vezes, essa movimentação é opressora, com um nível altíssimo de competitividade, pressão excessiva, sobrecarga de trabalho, metas inalcançáveis, ausência de flexibilidade, infraestrutura inadequada, gerando um sentimento de autossabotagem e deixando o ambiente altamente tóxico.
Baseado em uma “régua” que não é nossa e que, muitas vezes, não segue um alinhamento de expectativas através de feedback, o que é essencial para deixar nítido os papéis e responsabilidades de cada colaborador dentro da empresa.
A presença constante de pensamentos negativos é um gatilho para desenvolver crises de ansiedade, onde a angústia também se faz presente, realizando uma junção de questões físicas e emocionais. Essa série de gatilhos podem gerar a perda da paz interior, dor (física e emocional), insegurança, culpa, tristeza, estresse, e outros sintomas que podem desencadear patologias relacionadas ao ambiente de trabalho. Por exemplo, a Síndrome de Burnout.
Uma pesquisa recente realizada pela Consultoria Talenses, na revista VOCÊ RH, comprova que:
Os dados expostos deixam nítido que as empresas necessitam repensar urgentemente o seu modelo de gestão! Não cabe mais alimentar relações tóxicas que reforçam comportamentos negativos e que adoecem todo o time com consequências imensuráveis para a empresa, para o colaborador e para a sua família.
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A promoção de saúde mental no trabalho precisa ser pensada de forma coletiva, estratégica e sistêmica. Colaboradores felizes e saudáveis são mais produtivos a longo prazo, satisfazem os clientes e desenvolvem melhores produtos e soluções para a empresa. Os dados também mostram que, para cada 20% na melhoria da liderança, há um risco 32% menor de burnout e 90% de mais satisfação dos funcionários com os gerentes. Ou seja, criar ambientes de trabalho emocionalmente saudáveis, com segurança psicológica e lideranças preparadas para lidar com as questões emocionais de suas equipes são pontos essenciais para as empresas que querem se manter competitivas no mercado. Cuidar das pessoas precisa ser, mais do que nunca, um objetivo estratégico das organizações. Uma liderança acessível, um espaço para escuta aberta, relações positivas alinhadas com o propósito da empresa são alguns exemplos que facilitam a mudança de cultura.
Chegamos até aqui e você deve estar se perguntando: certo, entendi. E como eu posso lidar com a angústia que sinto na minha empresa?
A primeira atitude que você precisa tomar é procurar ajuda! Recorra a um profissional especializado em saúde mental para lhe ajudar a compreender os principais gatilhos que te fazem sentir angústia e aprender a lidar com ela.
Autoconhecimento é essencial! Conhecer as suas emoções, sentimentos e crenças limitantes te fará compreender melhor todos os cenários e saberá lidar com as intempéries do dia a dia.
Seja agente de mudança em suas relações! Se tem algo que te incomoda em sua relação com alguém no trabalho, chame essa pessoa para conversar e seja franco. Tenho certeza de que após esta conversa, você se sentirá bem melhor consigo mesmo.
Solicite Feedbacks! É super importante saber como estamos indo e analisar se as nossas movimentações estão fazendo sentido. Se você sente falta destes momentos, peça ao seu gestor. Alinhar expectativas sempre será a melhor estratégia.
Ah! E não poderia esquecer de mencionar, se movimente, pratique exercícios, faça algo que te dá prazer, tenha um momento só para você. Viva! Entre em conexão com seu corpo, mente e espírito. Isso vai te ajudar a liberar os hormônios que te dão prazer em viver.
Viva um dia de cada vez e seja feliz em todos eles!
Sheila Lima
Analista Gente&Gestão MV e Psicóloga (CRP/PE – 02/20324 )
Senior Talent Acquisition Specialist
1 aSheila Lima excelente texto.
Consultor Sênior em Projetos de Educação Continuada
1 aAutoconfiança e saber que as vezes o ambiente não é adequado. E muitas vezes, não merece o seu empenho para melhorar. Avaliar e se necessário busque ajuda.