Mas, o UBER vai mesmo acabar?
Acompanhamos semana passada mais um capítulo da novela que tem como enredo a batalha Táxis x Uber (os inicialmente conhecidos carrinhos pretos). Renomados veículos de comunicação em nível nacional destacaram em 04/04/17, a votação na Câmara do Deputados do Projeto de Lei 5587/16, de autoria do deputado Carlos Zarattini (PT-SP), que objetiva regulamentar os serviços de transporte individual privado via aplicativos, que, na verdade, como todos sabem, tem como alvo restringir a atuação do Uber no Brasil (este que é o maior aplicativo do gênero do mundo).
Frente a mais uma barreira imposta a essa inovadora modalidade de contratação e prestação de serviços, nesse caso, com foco na mobilidade urbana, surge novamente a reflexão: o Uber vai mesmo acabar? Pensando seriamente no tema, é importante destacar que o princípio da uberização da economia vai muito além do conflito entre os carrinhos pretos e os taxistas. Estudiosos, sociólogos, acadêmicos e precursores de tecnologia são unânimes em afirmar que o processo inaugurado com o Uber é um caminho sem volta. Em outros países, relações comerciais englobando o atendimento direto às demandas sociais e comerciais, de forma privada (digamos assim), já estão se desenvolvendo no transporte de cargas e de pessoas via aérea, por exemplo. Projetos de carros autônomos seguem de forma avançada, colocando em disputa as maiores montadoras do planeta, em associação com fortíssimas empresas de tecnologia. A convergência de todos esses recursos, aliados ao poder axiomático da internet, nos projeta para um mundo (que hoje salta do virtual para o real), onde, também e especialmente, as relações, a forma de trabalho e de atendimento das necessidades humanas passam a se dar de modo muito menos burocrático e com um dinamismo próprio do universo online.
Agir com protecionismo de mercado, com excesso de conservadorismo, ou com os olhos fitos no retrovisor da história, pode custar ao Brasil, que infelizmente tem padecido por décadas, de atrasos consideráveis em diversas áreas, desconectar-se do mundo exatamente num tempo no qual os obstáculos deveriam ser minimizados e as oportunidades abertas para o empreendedorismo, para a iniciativa privada, para a tecnologia e a educação das novas gerações em favor dos avanços existentes no cenário global. Como povo, não podemos ficar estacionados no comodismo de atividades e iniciativas desgastadas pelo tempo. Claro, há espaço no mercado para táxis e Ubers! O fundamental, no entanto, é vislumbrarmos o caminho da inovação.
Ariovaldo Morais Jr.
Consultor Empresarial
Especialista em Micro e Pequenas Empresas
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