Mata Atlântica: o bioma que conta a história do Brasil
A história da Mata Atlântica é a história do Brasil. Foi a sua paisagem exuberante o primeiro cenário avistado pelos colonizadores, e foi ela também que sofreu os impactos diretos dos ciclos de extração e desenvolvimento urbano.
Logo após o descobrimento, grande parte da vegetação da Mata Atlântica foi destruída para exploração madeireira, principalmente do Pau-Brasil, hoje quase extinto. O primeiro contrato comercial para a exploração da espécie foi feito em 1502, o que levou o Brasil a ser conhecido como “Terra Brasilis”, ligando o nome do país à exploração dessa madeira dura e resistente, e cujo corante avermelhado chamava muito a atenção dos europeus, fazendo com que possuísse alto valor de mercado.
Dando sequência à conversão da mata, vieram os ciclos econômicos do ouro, da cana-de-açúcar, do café, e mais recentemente, a crescente ocupação demográfica nas áreas urbanas. Para se ter uma idéia, a Mata Atlântica abrange cerca de 15% do território nacional, mas é lar de mais de 70% da população brasileira, abrigando três dos maiores centros urbanos do continente sul-americano, e concentrando 70% do PIB nacional.
Mas por quê? Porque a Mata Atlântica é o bioma do litoral, foi a primeira região ocupada no Brasil, e porque sua riqueza natural proporcionou recursos abundantes e suficientes para a prosperidade das populações que se estabeleciam ali. Além disso, as regiões litorâneas apresentam melhores condições comerciais, facilitando os embarques e desembarques de determinados produtos.
E hoje, resultado dessa ocupação desordenada, a Mata Atlântica também é o bioma mais devastado do Brasil, com mais de 90% da sua vegetação original descaracterizada. Segundo a Conservação Internacional - CI, a maior parte das espécies ameaçadas de extinção no Brasil habitam a Mata Atlântica, e devido ao seu altíssimo grau de biodiversidade e ameaça, está entre os cinco principais hotspots do mundo.
A sua situação crítica afeta diretamente a qualidade de vida da população que vive sob seu domínio, especialmente porque é a sua rica biodiversidade que fornece diversos serviços ecossistêmicos essenciais, como o abastecimento hídrico, a agricultura, pecuária, a geração de energia elétrica e o turismo.
Já se sabe que existe uma relação muito íntima entre a quantidade de água na Mata Atlântica e o estado de conservação da sua floresta (Instituto Florestal de São Paulo), sendo que as grandes capitais brasileiras, como São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador, dependem em maior ou menor grau de áreas naturais protegidas para o seu abastecimento. Mas o irônico é que, em um bioma onde o verde exuberante prevaleceria e as águas eram infindas – como disse Pero Vaz de Caminha - , os grandes centros urbanos tenham hoje seus principais problemas atrelados à descaracterização do ambiente natural.
Se a sua organização desenvolve projetos de valorização da sociobiodiversidade da Mata Atlântica, entre em contato com a VBIO.eco. Nós queremos contar com a sua proposta em nossa vitrine, e te ajudar a tirar os mais inspiradores projetos de valorização da biodiversidade brasileira do papel!
Mariana Giozza
Bióloga - Gestão de Projetos na VBIO.eco