Maternidade: Construindo um ambiente corporativo mais igualitário e feliz

“A única pessoa no mundo corporativo que tem como prioridade fazer você feliz é você mesmo. Você está preparado para essa missão?” 

Li essa frase em um artigo aqui no LinkedIn e passei uma tarde refletindo sobre ela.

Estou de licença maternidade e, como muitas mulheres da minha rede que também conciliam o novo desafio de ser mãe com uma carreira, me peguei pensando em como a maternidade irá alterar também a forma como me relaciono com minhas prioridades profissionais e minha felicidade. 

Sei que muitas mulheres não terão o privilégio que tenho de contar com uma rede de apoio para poder conciliar o crescimento da carreira com a nova rotina de mãe. Muitas abandonam o sonho profissional (e às vezes sua independência financeira) e outras precisam continuar a trabalhar sem rede de apoio e, por isso, passam um longo período sem grandes pretensões profissionais e muitas vezes se submetendo a situações que não as fazem felizes porque precisam garantir uma estrutura para seus filhos.

E esse desenho não é um sorteio do acaso,  mulheres brancas com maior poder aquisitivo tendem a conseguir conciliar suas vidas profissionais porque podem pagar por uma rede de apoio, mas as que estão em cargos com menor remuneração são facilmente substituídas e, por isso, são impedidas de continuarem a evoluir e de fato investirem em um plano de carreira.

Todas essas nuances me fizeram pensar se realmente não há um papel importante nessa jornada de felicidade profissional que deve ser desempenhado pelas empresas. É claro que somos responsáveis por nossas escolhas, mas elas deveriam ser baseadas em oportunidades que considerem e acolham profissionais de todos os tipos e em todos os momentos de carreira. 

Vou fazer um recorte considerando o meu momento, mas você pode pensar no seu. 

Quero te propor uma reflexão: quantas empresas que você conhece acolhem de fato as mulheres mães disponibilizando estrutura para que elas possam colocar em prática todas as novas skills que adquirem nesse papel? Quantas empresas permitem que essas mães, antes de entrarem em licença maternidade, continuem a participar de projetos importantes e tenham poder de decisão? Quantas empresas dão o mesmo espaço de evolução e crescimento para mães e não mães? Na empresa em que você trabalha existem muitas mães? Há mães executando papéis diversos?

Somos nós que batemos o martelo em busca da realização profissional, mas existe uma parcela de responsabilidade do meio corporativo em prover um ambiente de trabalho mais inclusivo, humano e com maior equidade. Assim, a ideia de felicidade profissional deixa de ser exclusiva de quem tem privilégios e passa a ser para todos os profissionais em todos os momentos de carreira. 

Somos nós que compomos as empresas, por isso, me permiti mudar um pouco a frase do começo do texto para: "Nós podemos mudar o mundo corporativo para que todos possam fazer escolhas considerando sua felicidade profissional. Você está pronto para essa missão?"