A maternidade no mercado de trabalho

A maternidade no mercado de trabalho

Não falo muito sobre maternidade em minhas redes sociais, mesmo sendo mãe de 3 filhos e vendo como a pauta vem ganhando cada vez mais relevância dentro do mercado de trabalho como um todo.

Segundo o IBGE de 2018, 86% das mulheres desejam ter filhos e o Brasil possui 69 milhões de mães, sendo 20 milhões mães solo. Ao me deparar com esse número, me questiono se as empresas, das pequenas às multinacionais, têm consciência do tamanho do público que estamos falando, inclusive enquanto consumidoras… Já que são mulheres brancas, negras, indígenas, amarelas, jovens ou mais velhas, de classe alta, média ou baixa, com ou sem rede de apoio que consomem além de gerarem valor no dia a dia trabalhando. Qual o papel das empresas no amparo às mães? 

Venho com mais um dado: segundo pesquisa da Catho em 2018, 30% das mulheres deixam o trabalho após terem filhos, enquanto só 7% dos homens fazem isso. E isso acontece principalmente porque o mercado ainda acredita que decisões na nossa vida pessoal afetam diretamente a nossa vida profissional. 

Quando eu tive a Isabella, minha primeira filha que tem hoje 23 anos, a pauta sobre maternidade não era tão aflorada e mesmo assim precisei me desdobrar em 5 para dar conta de ser mãe e executiva, além de esposa. Mesmo com uma rede de apoio importante, o que reconheço ser um privilégio, dar conta de tudo sempre foi e é um desafio, além de ser grande responsabilidade até hoje. 

O cenário piora quando olhamos para mulheres menos privilegiadas. Segundo pesquisa feita pela FGV, mulheres com alta escolaridade apresentam queda no emprego de 35% em 12 meses, enquanto mulheres com escolaridade mais baixa têm uma queda de 51% depois de terem seus filhos. 

Maternidade x Paternidade 

Em um TEDx da Mafone Odara, ela traz outra perspectiva sobre maternidade e  paternidade e como isso reflete na vida profissional de cada um. Ainda é perceptível como a sociedade vê atos, necessidades e responsabilidades ou só dos pais ou só das mães. Já prestou atenção em quantos banheiros masculinos possuem trocadores para bebês? 

Uma fala dela que chamou a atenção foi ela contando sobre sua vida profissional e a necessidade que tem de viajar para diversos lugares e as pessoas perguntando onde estava seu filho. Sua resposta "está com o pai" era recebida com outros questionamentos como "não tinha ninguém para deixá-lo?" e até mesmo com uma repetição da pergunta de com quem seu filho estava.

O olhar do papel da mãe e do pai dentro da maternidade ainda é estereotipado e um tanto machista. Um pai presente também tem responsabilidade de cuidar de seu filho caso a mãe não consiga: trocar fralda, colocar para dormir e todo o resto que uma mãe pode fazer.  

Ser uma boa mãe ou uma boa profissional?

Ainda sobre a pesquisa da FGV, 47% das mulheres entrevistadas disseram não aceitar uma promoção pois acreditavam que não dariam conta de ser mãe e atender as demandas da nova posição ao mesmo tempo. Mafone também fala sobre isso em seu TEDx e se colocou firme ao dizer que não gostaria de escolher entre ser uma mãe ou uma boa profissional, e que isso a fez trilhar caminhos para que as duas coisas fossem possíveis. 

50% das mulheres, nesse mesmo estudo, afirmaram sentir medo e insegurança sobre discriminação dentro do mercado de trabalho. E essa realidade não afeta somente a população brasileira. Na pesquisa College Voor de Ritchen van de Mens que entendeu o mercado de trabalho holandês, 1 a cada 5 mulheres foi rejeitada durante o processo seletivo por dizer que estava grávida e 34% das que estavam prestes a assinar o contrato relatou que as condições de trabalho se modificaram após a ciência da empresa sobre a gravidez.  Na minha primeira gravidez eu estava em uma empresa de chocolate como gerente de marketing, e sem dúvidas conciliar tudo e ainda cuidar da minha primeira filha  foi um desafio gigantesco. Mesmo tendo minha prioridade muito clara – que sempre foi a família – sempre tive ciência de que algum prato, alguma hora iria cair… E estar bem com isso fez toda a diferença!

Qual o papel de executivos e executivas no mercado de trabalho?

A presença de mulheres, de mães, dentro do mercado de trabalho é fundamental para a inserção e olhar humanizado à elas. Mas também não dá pra deixar o papel de tratar mães enquanto profissionais como responsabilidade somente de nós mulheres… E pensando nisso descrevo aqui 3 oportunidades que ainda vejo no mercado: 

1- Sigam as leis

Parece óbvio falar isso, mas é importante sempre lembrar… Hoje a lei da licença-maternidade se estende até 180 dias, assim como salário maternidade e permanência dentro da empresa e cargo. Assim como é responsabilidade da empresa aplicar essas leis entre suas colaboradoras que são mães, também se faz necessário que essas mulheres tenham consciência de seus direitos. 

2- Também pergunte aos homens se eles têm filhos 

Com a discussão sobre maternidade aumentou também a discussão sobre paternidade ativa. Hoje também é cobrado dos pais, principalmente pelas mães, uma presença efetiva na criação de seus filhos, o que interfere, diretamente, no tempo, disponibilidade e uso do horário comercial.

3- Contratem mães

A presença de mulheres dentro de cargos de liderança e tomada de decisão traz um olhar feminino e mais empático a causas e situações que somente outras mulheres passam.  O mesmo acontece com as mães. Ter mães no seu time, além de trazer um olhar diferenciado para projetos, trabalhos e campanhas, faz também com que seu time passe a ter esse olhar.

Glenn Michael T.

Supporting parents and relatives as they help their children with autism (ASD) reach their full potential.

2 a

Christianne, thanks for sharing!

Regina Leine Oliveira

Inventários| Gestão de Estoque |Controles Internos |Auditoria | Prevenção de Perdas| RH| Treinamento

2 a

Bem colocado👏🏾👏🏾👏🏾 Muitas mulheres se sentem intimidadas com a maternidade, por medo de prejudicar a vida profissional.

Magda Damasceno

Recursos Humanos na MRN | Impulsionando a igualdade de gênero corporativa | Coautora do livro Mulheres do RH

2 a

Tema muito importante. Hoje vejo meu filho com 17 anos e me pergunto como consegui? Foi muito desafiador ser mãe e atuar em cargos de liderança. As empresas precisam apoiar a decisão de ser mãe, que é só uma etapa da vida e não atrapalha em nada a carreira, principalmente quando a mulher é acolhida.

Chris, em.01 das empresas que trabalhei, logo que assumi 01 nova area me deparei com 01 colaboradora em licença maternidade e com 01 banco de horas (bh) de quase 4 meses. A autorizei zerar o seu BH, mas ela tinha medo de ser mandada embora. Expliquei a ela que eu era a sua líder e que isso nao iria acontecer. Muitos me questionaram, encontrei resistencia na própria equipe, pq nem sempre conseguimos alguém para substituir e os demais da área precisam acumular a função dessa profissional. Muitas variáveis são impactadas. Acredito que já evoluímos passando de 4 para 6 meses de licença, mas muito precisa evoluir nas pessoas a volta.

Eliana Barreto

Consultora de imóveis de alto padrão -Esquema Imóveis

2 a

Adorei seu depoimento !!! 👏👏👏🥰

Entre para ver ou adicionar um comentário

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos