Medo da evolução

Crescimento, aperfeiçoamento e inovação são palavras positivas frequentemente associadas à mudança. Mudar para permanecer remete à competição, à sobrevivência, mas não é só isso, está relacionado também à evolução: fazer diferente, melhor, mais economicamente, mais eficientemente. A mudança quando acontece de maneira gradual e contínua é denominada evolução, mas quando ocorre por conta de necessidade é rápida, destrutiva, dolorida e é chamada de disrupção. As mudanças evolutivas ocorrem silenciosa e lentamente. São promovidas passo a passo.

Mudanças requerem comportamento aberto por parte das pessoas. Quando em nível organizacional mais que boa vontade frente às novas necessidades, as pessoas precisam ter qualificação para demandas. Por outro lado a empresa precisa pavimentar, através de oferta de condições adequadas, o caminho da evolução. Discurso é bonito, mas na prática o que percebi nesses mais de 30 anos propondo e promovendo mudanças e melhorias em empresas é que muitos admitem querer mudar, querer evoluir, mas não agem de acordo com o que dizem. Empresas não estão adequadamente preparadas para promoverem mudanças evolutivas, e muitas pessoas querem evoluir desde que não tenham que se esforçar para isso.

Evolução requer muito mais que vontade e mente aberta. Requer força de vontade, investimento e disciplina, tanto por parte da empresa quanto das pessoas. Fazendo uma análise pontual em vários trabalhos que realizamos ao longo de anos junto à empresas de diversos tipos e portes, chegamos à conclusão que as principais dificuldades relacionadas à evolução por parte das pessoas estão relacionadas à falta de habilidades delas frente aos novos desafios e/ou a traumas por experiências parecidas mal sucedidas no passado. Por parte das empresas os obstáculos estão relacionados principalmente à expectativa de curto prazo em termos de resultados e à cultura da empresa representada pelo conjunto de crenças e valores da organização. Quanto menor a empresa, mais o conjunto de crenças e valores se mistura com o conjunto de crenças e valores pessoais do(s) controlador(es). Portanto, a tão desejada evolução empresarial exige não só mudanças dos funcionários da empresa, mas dos controladores e também investimentos por parte da empresa. Alternativa à evolução, a disrupção é a realidade que muitas empresas estão vivendo atualmente. Nem sempre todos sobrevivem às mudanças quando rápidas e disruptivas. O jeito de mitigar aos máximo os riscos de disrupção é através da evolução.