MEDO PARA QUÊ?
O medo. Esse incrível demolidor de sonhos. Aquele que nos afasta da nossa essência. O que é gerado do desejo, mas com o componente: “ah, acho que não vai dar certo…”.
O monstro que nos paralisa.
Existe algo de bom no medo?
Somente quando corremos um perigo REAL, o medo tem o poder de acionar nossos mecanismos de autoproteção. Nos escondemos, fugimos, vamos para o outro lado do rio para que nada de ruim nos aconteça.
Ele é bom para nos livrar dos PERIGOS REAIS. Mas, e quando os perigos são IMAGINÁRIOS?
Você já parou para analisar friamente todas as vezes que sente medo? Normalmente, temos a tendência de sofrer por antecipação, nada aconteceu, mas estamos lá como se uma catástrofe já tivesse acontecido. Ficamos tão cegos que não conseguimos enxergar a situação sobre outras óticas e perspectivas.
Muitas vezes até escolhemos não viver determinadas experiências para evitar o sofrimento, a dor. Temos medo de sofrer, porém, nos fixamos à ilusão de que se pararmos, brecarmos a situação, paralisarmos, tudo vai ficar sob controle. Não haverá dor, o medo irá embora.
Mas, podemos controlar o curso das coisas? O mundo, o tempo todo, produz coisas capazes de nos dar medo, porque tudo está em constante mudança. Eu mudo, você muda e nós alteramos o todo (querendo ou não) o tempo todo!
Mas não podemos fugir da VIDA. Precisamos viver e sermos os agentes de mudança. Se não o fizermos, tudo ao nosso redor faz por nós. E corremos o risco de estarmos em nosso barco numa correnteza ou de navegarmos o barco de outro, perdendo nossa essência em algum lugar.
Temos armas? Claro que temos! Sempre.
Contra o medo, a primeira coisa a ser feita é reconhecê-lo. Sabendo de onde ele vem, as suas causas e seus pormenores, é mais fácil dominá-lo. É uma busca interior profunda, talvez dolorida, mas que vai mostrar claramente quais são os monstros e os demônios que moram dentro de você que mais te assustam. Muitas vezes, uma terapia pode te amparar nessa descoberta que pode ser aterrorizante, até o momento em que tomamos plena consciência.
Respira bem fundo, inspira, expira e jamais deixe de enfrentá-lo.
Se dar um bom dia àquela garota te deixa aterrorizado, é exatamente isso que deve fazer. Se falar em público te fulmina e você tem de fazê-lo, faça. De peito aberto, encare!
Quando eu dançava, passei por diversas situações assim. Eu sempre tive pavor de me expor, de ser exposta ao ridículo, de passar alguma humilhação pública. Bem, as causas desse terror (é bem mais que medo) eu ainda as procuro dentro de mim. Algumas respostas eu já tenho. E continuo na tarefa de descobrir.
A dança foi espetacular para que eu começasse a enfrentar esse medo. Dança do ventre, uma forma mais sensual, com barriga de fora, movimentos sinuosos da dança tribal (que eu amo!), que mostram uma cultura maravilhosa e pela qual sou completamente apaixonada. Mas havia o público, o terrível monstro que me espantava.
Nas minhas primeiras vezes no palco eu tremia muito, minha mente se fechava e eu tinha uma dificuldade muito grande em lembrar as coreografias.
Numa ocasião, tivemos que nos apresentar num desfile, porém esse desfile era numa avenida! Sim, nove da manhã, com metade da cidade como expectadora.
Num primeiro momento posso dizer que passei noites sem dormir, cheguei a rezar para chover e o evento ser desmarcado. Mesmo pensando em desistir milhares de vezes, participei de todos os ensaios e o dia da apresentação amanheceu com um lindo sol brilhante. E fui para a concentração na avenida. Tinha que ir. Tinha que enfrentar.
Quando iniciou o desfile, no momento da nossa entrada, comecei a tremer e a suar frio, parecia que eu não iria conseguir comandar as minhas pernas, nem os movimentos suaves dos braços. Saímos da concentração e entramos na avenida.
Não sei dizer exatamente o que aconteceu. Parecia algo mágico! Acredito que o meu amor à dança e à arte falou mais alto. Quando encarei o público e ouvi aquela música forte e alta me chamando, foi como se eu tomasse uma injeção de ÂNIMO +CORAGEM + AUTOESTIMA= A MELHOR DANÇA DA MINHA VIDA! Foi libertador!
Depois daquilo, todas as vezes que subia ao palco era uma experiência deliciosa. Enfrentei o medo e o venci.
Muitos outros eu também os enfrento. Muitas vezes, apenas ficando quieta e prestando atenção na minha respiração, centrando-me no momento presente, percebendo que eu não corro perigo, que a minha mente é que é um perigo, porque ela pode fazer com que eu acredite que ele realmente existe e não ter nada ali.
Se a sua opção é viver plenamente, o enfrentamento do medo não é uma opção. É uma necessidade. E dentro de você existem e coexistem todas as forças para se dar bem nessa luta.
Boa sorte!