MENOS ‘EU’, POR FAVOR!
Parece que hoje a maior virtude não é mais a humildade e sim a jactância. Jactância é a atitude de alguém que se manifesta com arrogância e tem alta opinião de si mesmo; vaidade, orgulho, arrogância. Peço licença a você para comparar a jactância com a jaca. Aquela fruta enorme que fica pendurada numa arvore alta e que quando cai se estoura no chão.
Tem gente assim. Que ainda não entendeu o sentido da sua vida e faz dela um projeto de megalomania. Quanto maior o ‘eu’ nas relações humanas menos entendimento e harmonia temos. Não é á toa que vendem muito as obras de autoajuda e de autodescoberta. A promessa de que você tem dificuldades não porque a vida é complexa, mas porque você não sabe do seu potencial, ignora suas forças. Tudo isso não é nada novo, mas herança do pensamento filosófico grego do primeiro século que acreditava que todas as mazelas humanas procediam do desconhecimento de si e das coisas.
A ‘salvação’ neste caso seria conhecer, tomar ciência, aprender a gerir a própria historia na crença de que isso, por si só, acarretaria uma vida feliz e cheia de virtudes. Não confunda o que você leu até agora com a necessidade de ‘amar a si mesmo’ e ‘gostar de si mesmo’. Uma coisa é diferente da outra.
Amar a si mesmo é se ver como parte de um proposito eterno, fruto de uma criação amada a quem o Criador disse que ‘ficou muito bom’. È olhar para si e dizer como Davi: ‘de modo maravilhoso me formaste’. Amar a si mesmo é refletir amor. Quem se ama o faz porque sabe que está refletindo o amor maior por si.
O problema é que, quem ainda não se achou nesta vida, quem ainda está batendo em todo tipo de porta para migalhar afeto e valor, está agora se convencendo de que é o umbigo do mundo. E tudo que faz reverte em beneficio exclusivo a si. Francesc Torralba diz: ‘O sentido da vida não está em centrar-se em si mesmo, mas em abrir-se aos outros’.
Quem é feliz deve esta experiência á rede de amigos, e pessoas queridas com quem partilha sua existência e tudo o mais. Quanto mais damos, mais recebemos; quanto mais transcendemos o ‘eu’ mais entendemos o conceito de estar bem. Que tal, em vez de gastar tanto da sua vida no aprendizado da elevação do ‘eu’ e na conquista de seus sonhos e metas, dedicar o tempo que lhe resta em algum projeto que beneficie muitas pessoas? Jesus certa vez disse que ‘quem quer ganhar o mundo vai perder a sua alma’. Eu diria que quem quer viver apenas para a construção do seu castelo de areia, também’.
Caleb Mattos.