Mentalidade - Como transformar esforço em resultado
Ao estudar comportamento humano, comecei a me deparar com situações conflitantes. De um lado, estudantes que desistiam ao serem desafiados e outros que mesmo falhando, gostavam do desafio. De outro lado, analistas, gerentes que não conseguiam subir na carreira por achar que não eram talentos. Por que isso acontecia? Por que as crianças com mentalidades de aprendizado se saiam melhores ? Por que profissionais com mentalidades fixas eram ultrapassados e demitidos ? O que significa e quais as diferenças entre mentalidade Fixa e Desenvolvimento ?
Em 2006, Carol Dweck, professora de Stanford, inovou no processo de aprendizagem ao discorrer em sua pesquisa sobre Desenvolvimento da Inteligência, em seu artigo “Brainology” ou “Estudo do Cérebro”. Em seu trabalho, ela analisou um grupo focal de estudantes que foi educado e ensinado da importância do esforço e suas consequências neurais para o desenvolvimento cerebral. A outra parte do grupo focal foi destinada a receber orientações para melhorar seus estudos e sua performance. Como resultado, ela percebeu um aumento de 40% nas notas dos alunos que receberam o treinamento de Esforço e Consequência. Abismada com a diferença, ela aplicou o treinamento a mais 10 escolas para entender se não havia existido alguma coincidência. Em todas as 10 escolas aplicadas, os resultados foram expressivamente repetidos. Para se ter uma noção, as médias em matemática aumentaram mais de 40% depois de seus treinamentos.
Mas afinal, como este treinamento pode mudar minha vida ?
1º passo – Ela ensina as pessoas a diferença entre 2 tipos de mentalidades. A mentalidade Fixa e a mentalidade de Desenvolvimento.
A Fixa é caracterizada por pessoas que acham que talentos nascem, não se desenvolvem, não conseguem superar aquele desafio, cometem erros e tem um profundo temor pelo fracasso. Neste último ponto, é interessante analisar que as pessoas sempre buscam culpados pelo fracasso.
O Desenvolvimento é caracterizado por pessoas que sabem que a inteligência pode ser desenvolvida e que estudantes de cabeça aberta amam aprender. Pessoas com este perfil entendem o resultado do esforço e construção, que determinam uma reação positiva quando erram.
Entender a diferença entre estes conceitos faz uma completa diferença entre o sucesso e o fracasso. Michael Jordan foi rejeitado no 1º ano de basquete na universidade. Não foi draftado para NBA e seu treinador falou que ele não era bom o suficiente para estar na equipe de basquete. Após essa notícia, voltou devastado para casa. Sua mãe o observa, pergunta o que houve, e eis a sugestão. Você não mereceu estar entre os escolhidos para representar a sua universidade. Os outros se esforçaram muito mais do que você para chegar lá. Se é realmente isso que você quer, se esforce, treine e se desenvolva. A partir daquele momento, Jordan acordava todos os dias as 6 da manhã para ir treinar. Ele ia para as aulas as 9, e depois treinava com os companheiros de time. Se ele foi o melhor de todos os tempos, pode ter certeza que ninguém treinou mais do que ele para chegar lá.
Este caso nos faz repensar sobre alguns pontos que estão sendo levantados sobre autoestima. Sim, ela é importante para o desenvolvimento da criança. Mas ela precisa ser ensinada a se esforçar. Outro caso me chamou atenção no interior dos EUA. Um professor de ensino primário eliminou o sistema tradicional de notas. Ele os classificava entre “chegou lá” e “ainda não chegou lá”. Com essa simples mudança, os alunos começaram a ter um comportamento diferente. O simples fato de obter o diferente feedback de uma maneira construtiva fez com que os alunos se interessassem mais por aprender e se desenvolver. Consequência, houve um aumento de mais de 20% nas notas dos alunos da sala.
Afinal, que tipos de feedbacks posso dar aos meus funcionários, filhos, equipes para observar uma reação no comportamento ? Em seu livro, Mindset, Dweck sugere que nossos feedbacks devem enfatizar e recompensar o esforço, e não o resultado. Ela usa como exemplo desafios de QI para crianças e deu 2 tipos cumprimentos. O 1º foi: “Nossa, sua nota foi muito boa. Você deve ser muito bom nisso”. No 2º ela falou: “Nossa, sua nota foi muito boa. Você deve ter se esforçado muito”. O resultado foi dramático. O estudo foi feito com diferentes idades e etnias e o resultado foi o mesmo. Mais de 40% das pessoas que receberam feedback pelo esforço aumentaram sua nota em mais de 12%.
Como devemos cumprimentar nossos estudantes ? Como devemos ratificar nosso comportamento ? Precisamos focar no processo de engajamento, tais como: esforço, estratégia, concentração, perseverança e na evolução.
Aqui vão dicas de ouro de como devemos mudar nossa forma de dar feedbacks para melhorar desempenho.
- “Você realmente trabalho duro até conseguir chegar lá. Foi sensacional!”.
- “Foi um projeto difícil, mas você fez passo a passo e conseguiu deixa-lo maravilhoso!”
- “Eu gostei do jeito que construiu o problema para achar a solução. Você realmente alongou seus esforços e aprendeu coisas novas!”
Vicente Vuolo Jr
Administrador pela IBMEC RJ, aluno de Pós Graduação na Fundação Dom Cabral