A Mentalidade do Risco e as Ações para Abordar Riscos e Oportunidades vão além de um requisito normativo.
Riscos e Oportunidades

A Mentalidade do Risco e as Ações para Abordar Riscos e Oportunidades vão além de um requisito normativo.

É sem dúvidas a maior mudança das normas de Gestão, a diretriz para a mentalidade do risco e Ações para abordar Riscos e Oportunidades, mas devemos entender o que é requerido realmente, para então conseguir atender.

Na ISO-9001:2015, por exemplo, a palavra risco é citada 30 vezes e está presente em 14 requisitos. Precisamos levar em conta que a norma é um processo e que todos os requisitos estão interligados entre Si. Ou seja, o impacto da mentalidade do risco se dará em todo o sistema de gestão.

Na ISO-9001:2015 as referencias ao risco estão mais concentradas nas seções correspondentes ao planejamento, medição e melhoria. A ISO preocupou-se em orientar a mentalidade do risco já na estratégia e em todo o planejamento, o que pode-se concluir que se tudo foi analisado e ações já foram providenciadas, os riscos nos processos já estarão sob controle, pelo menos. Riscos existem em todas as fases do SGQ. No início, nas operações, nas mudanças. Esta é a oportunidade de amadurecimento das organizações.

A prevenção sempre foi o objetivo das normas, mas as organizações ainda tinham dificuldades neste entendimento. Acabava que o grande trabalho era corrigir problemas e não evitá-los. Problemas de quebra de qualidade, insatisfação dos clientes ainda são muito constantes e isto se dá devido a falha em prever os riscos em qualquer ação, atividade ou mudança.

Sabemos que muitas organizações ainda gastam muita energia quanto a reação às não-conformidades. Providenciar disposições corretas, verificar a extensão do problema, rastrear, analisar as causas, definir e executar um plano de ações corretivas, verificar eficácia etc, ainda é algo que precisa melhorar muito. Agora, além de continuar corrigindo seus problemas de maneira eficaz, as organizações deverão se especializar em evitar que não conformidades ocorram. Deverão ser “expert” em identificar e eliminar riscos. Reduzir desperdícios, reduzir custos, melhorar a performance! 

Uma questão importante a ser levantada, é que inserir o conceito de mentalidade de risco dentro de uma organização, vai muito além de aplicar algumas ferramentas, planilhas, estatísticas etc. Para que realmente funcione e os resultados sejam alcançados, uma revisão profunda no SGQ deverá ser realizada, principalmente quando falamos em abordagem de processos.

Risco é o efeito da incerteza sobre o resultado esperado (ISO-9000:2015 – Termos e definições). Se vamos assumir a mentalidade do risco, devemos ter muito, mas muito claro, qual é o resultado esperado de cada processo do SGQ.

Quais são as saídas de “valor” que os processos devem entregar aos processos subsequentes? Quais os riscos desse “valor” não ser entregue em sua plenitude? O que vamos fazer para garantir que esse “valor” não seja comprometido? E Como devemos fazer essa mudança de mentalidade de todos em relação ao SGQ?

Com certeza isso passa pela Alta Direção, a Liderança máxima da organização. Liderar é dar exemplo, é tomar decisões compatíveis com o que foi planejado para o melhor resultado. A mentalidade do risco só ocorrerá desta forma, com o posicionamento claro da Alta Direção.

Vamos lembrar que as normas de Gestão, seja ela ISO-9001:2015, ISO-14001:2015, IATF 16949:2016, a mentalidade e atitude voltadas para analisar riscos tem início com o envolvimento da Alta Direção com o SGQ, devendo ocorrer um alinhamento da Política e Objetivos do SGQ com a estratégia da organização, no Escopo da organização, na identificação das PIs (Partes Interessadas). E não para por aí. Os riscos, a eficácia e a eficiência dos processos de realização, os planos de contingência, a gestão de mudanças etc, devem ser constantemente avaliados pela Alta Direção. Isso com certeza não poderá ser feito apenas uma vez por ano. O ideal é que seja “on line”. Pois depois que um problema já aconteceu, deixa de ser um risco e passa a ser uma não-conformidade à ser tratada.

As organizações precisarão criar formas para que a mentalidade do risco seja algo natural nas pessoas, nos processos e por toda a organização. Pessoas precisarão ter suas competências desenvolvidas para este aspecto.

As lideranças, donos dos processos, precisarão ser identificados. Caberá a eles gerenciar seus processos alinhados com as diretrizes da Alta Direção, diretrizes essas, alinhadas com os requisitos dos clientes, das PIs. A mentalidade de risco deverá fazer parte do dia-a-dia destas pessoas e de suas equipes de trabalho.

Empresas que já utilizam Fluxogramas, FMEA´s, Plano de Controle, possivelmente precisarão ser revisados, uma análise de riscos deverá ser realizada etc. Os Planos de Controle também deverão ser revisados com frequência compatível com o risco, além da análise dos processos. As que ainda não possuem documentação compatível com a abordagem de processos (sabemos que ainda tem), precisam imediatamente se ajustar.

O processo de qualificação, avaliação e monitoramento da cadeia de fornecimento deverá ser revisado. Analisar os riscos ao qualificar, manter ou ampliar a participação de um fornecedor será necessário.

Esses são apenas alguns exemplos de como a mentalidade do risco irá permear toda a organização.

Não adianta apenas inserir novas planilhas (Análise de Swot, de Riscos dos processos, Gestão do conhecimento, planos de ações, revisão do manual considerando as novas cláusulas normativas...) no SGQ atual. Não é este o trabalho que precisa ser feito! Há sim uma necessidade de mudança de postura do profissional da qualidade, das lideranças, dos auditores, inclusive os de terceira parte, para realmente atender os anseios das novas normas de gestão e fazer a empresa certificada, diferenciada da empresa não certificada.

As empresas poderão adotar várias ferramentas e métodos para auxiliar nesta jornada, inclusive até já disponibilizamos modelos de planilhas para isto. Dentre as mais reconhecidas citamos:

Análise de SWOT/ FOFA

FMEA

RISK – 31000

HAZOP

GUT

Ou uma simples planilha que defina por processos, que identifique “Qual” é o Risco, sua escala (leve, médio, alto), qual ação será providenciada, qual o prazo e quem é o responsável.

O importante é que fique claro a necessidade de mudança na atitude das pessoas, para que se mude os SGQs das organizações. A mentalidade do risco deve ser algo mais natural possível dentro das organizações. É preciso pensar e agir para prevenir problemas!

O que se espera é um SGQ que realmente agregue valor e que não sejam apenas papéis que atendam ao requisito normativo e o auditor, para garantir o certificado.

As empresas precisam concluir que Auditorias precisam agregar valor, inclusive as de organismos certificadores. Do contrário, a certificação é um custo e não um investimento.

Um SGQ precisa gerar Credibilidade e Valor!

Abraços,

Josiane Lopes

Equipe Target-Q

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Gostei da abordagem. O problema é que os órgãos certificadores parecem não se interessar pela mentalidade do risco, e sim, a ferramenta para tratar riscos para o negócio. É um grande erro, pois podemos ter os riscos do negócio identificados e até tratados e, mesmo assim, a mentalidade do risco não ser parte do dia da organização. Mentalidade do risco é cultura. É muito mais que planilhas. Com essa abordagem dos órgãos certificadores, continuaremos com ações preventivas capengas, apenas para serem mostradas durante a auditoria e as velhas desculpas que por motivos de mercado, financeiro, etc., fazem com que as ações não sejam implementadas. Pode escrever!

Anderson Luiz Alves Azevedo

Ex-Engenheiro da Qualidade na Egelte Engenharia Ltda

7 a

O gerenciamento de riscos como nova forma de abordagem dos processos de uma organização deverá gerar, obrigatoriamente, uma revisão nas definições e conceitos do SGQ, que por muito tempo fundamentaram o seu uso. Rever valores, princípios e adotar uma nova postura perante os desafios de uma nova gestão pela Alta direção, lideranças e colaboradores, quanto aos resultados de cada processo.Eis uma nova mentalidade a ser pregada e compreendida.

Leandro Parreira

Gerente de Qualidade na NGP Brasil

7 a

Indiferente de hoje ser um requisito normativo, a avaliação dos riscos sempre foi um dos alicerces do planejamento da Gestão Empresarial. Se você não mapear e entender os riscos de sua empresa, não será capaz de administrá-la adequadamente.

Edson Santana

Consultor ISO 9001 / Insp. de Pintura N 1 - SNQC 0950

7 a

O elemento humano é quem vai colocar em prática e fazer girar a roda PDCA dentro do SGQ. Tão óbvio quanto o ar que nos rodeia. As organizações tem o desafio "brutal " de desenvolver as pessoas a atuarem de forma sistemática para entregar valor para os processos. Mais uma vez a Alta Direção vai ter que reagir às mazelas do sistema educacional brasileiro desenvolvendo formas de educar os colaboradores para manter atenção ao risco. O risco está presente em todo o SGQ e torna obrigatório manter o radar ligado o tempo todo. Engajar as pessoas e guia-las todos os dias para desenvolver a mentalidade de risco é um exercício contínuo de fé para alcançar os objetivos do SGQ. O guizo está no pescoço da Alta Direçao. Agora sua participação terá de ser verdadeira.

Luiz Fernando Almeida Resende

Consultor Técnico especializado em Qualidade e Medição

7 a

Excelente matéria. A sobrevivência da empresa depende da eficácia das ações de abordagem dos riscos.

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