Mercado, lojas virtuais, Shimano, SRAM e MicroSHIFT

Mercado, lojas virtuais, Shimano, SRAM e MicroSHIFT

Hoje em dia todos nós podemos sentar na frente de um computador qualquer e fazer compras. Seja em lojas da mesma cidade, estado e país. Ou mesmo que seja em lojas virtuais localizadas no outro lado do mundo. Escolheu, clicou, pagou... Recebeu. Mas, como fica o comércio ao seu lado?

As lojas virtuais possuem algumas pequenas vantagens que fazem um diferença enorme quando se fecha o valor de um determinado produto que entra para a lista "disponíveis a venda". Na grande maioria das vezes paga-se o aluguel do imóvel onde está a loja, e no mundo virtual, paga-se apenas alguns trocadinhos por uma hospedagem de site. Paga-se funcionários, é investido tempo e dinheiro na formação dos mesmos, para que saibam responder toda e qualquer pergunta que um cliente o faça, e no mundo virtual, o cliente decide se quer ler as informações do produto e decidir a compra. Só de se ter um funcionário, paga-se outros encargos além de seu salário e comissões. Há uma enxurrada de cosias para se pagar e manter uma loja física aberta e funcionando.

Quando uma loja renova seu estoque com um novo modelo de bicicleta recém lançado, é um risco eminente logo de cara. Será que venderei rapidamente? Produto parado é dinheiro parado. Dinheiro parado, desvaloriza. Ter o produto em mãos, para o cliente ver, sentir e se apaixonar por ele, garante a metade da venda. Mas um fenômeno está acontecendo há algum tempo por conta das milhares de lojas virtuais atuais: o cliente entra em uma loja física, pesquisa uma bicicleta, um capacete, uma sapatilha, experimenta tudo e colhe informações, diz que vai pensar e que volta depois. E quando chega em casa, pesquisa o melhor preços destes ítens em loja virtuais e fecha a(s) compra(s). E o lojista, que dedicou tempo para informá-lo sobre os produtos e indicar o melhor para a necessidade do cliente, como ficou? Bom, este, chegará uma hora em que terá que vender o que tem para quem entrar, e não se importará com a necessidade do cliente. É quando acontece vendas de bicicletas com quadro tamanho 16" para pessoas com 1,87m de altura.

No final das contas, quem poderia fazer algo sobre isso? Na minha opinião, as importadoras e distribuidoras. Muitas trabalham com mark-up abertos ou livres, onde cada lojista define seus lucros e o preço final do produto. Mas, ter uma parte do controle em mãos seria o ideal e criaria um mercado competitivo. Sugerir um valor mínimo e máximo é interessante, equilibra o preço do produto em qualquer lugar que ele esteja, abre inúmeras opções ao cliente para comprar, e é o cliente que sempre ganhará com isso, pois o lojista que tiver preço, melhor atendimento e se apresentar mais capacitado tecnicamente, ganhará a venda e fidelizará o cliente.

E se o lojista descumprir o pedido das distribuidoras? Bom, então entraremos em questões que não estão sob meus domínios. Um dia me falaram que é crime uma empresa não querer vender para outra empresa (distribuidor->lojista), mas como nossos avós nos ensinaram, o que é combinado não é caro.

A Shimano é um exemplo disso, pois está executando uma ação nacional para controlar os preços de seus produtos. Lojas virtuais estão sendo barradas de fazerem novas compras para abastecerem seus estoques, e o que você ainda encontra disponível em seus sites, são o que restam de estoques antigos.

Agora, para trabalhar com a Shimano, é preciso ser/ter uma loja física. Ou melhor, você precisa se encontrar "em estado físico". O cliente precisa comprar com alguém que exista fora do mundo virtual. Se uma loja física possui uma loja virtual, poderá vender os produtos da gigante nipônica. E este lojista não será louco de vender o mesmo produto por um preço na loja física e queimá-lo no site. Descontos até podem ser aplicados na loja virtual, mas nada que faça-o perder o direito de comprar do fornecedor quando precisar abastecer seu estoque.

Em contra-partida, outras marcas aparecem como fortes concorrentes e são ótimas opções. A SRAM, por sua vez, sempre um pouco mais cara que a Shimano, trabalha com uma linha de desenvolvimento diferente, e chega a ser extremista em seus conceitos. Enquanto a Shimano lançou a poucos meses seu novo grupo XT M8000 que conta com opções de 1x11, 2x11 e 3x11 (Quem usaria isso? Cicloturistas, talvez.), a SRAM avisou que seus câmbios dianteiros durarão apenas até 2017. O novo grupo Eagle 1x12 parece ser o mundo perfeito, e eu acredito nele. Minhas duas bikes (XC e Enduro) são montadas com sistemas 1x10 (Shimano adaptado) e 1x11 (original MicroSHIFT), e devo lembrar que existe câmbio dianteiro em cerca de 5% das minhas pedaladas, valor desprezível. E não me importo em ter que desmontar da bike e empurrar, caso minha 34x42 não seja suficiente para subir. Mas com o Eagle isso não existirá mais, por isso acredito nele.

Outra opção que vem ganhando terrítório e agradando muitos, são os produtos da MicroSHIFT. Pequena fábrica com cerca de 10 anos de vida, e que fabrica peças de qualidade e aos poucos vem melhorando o que já funciona muito bem. Decidi pelo kit MicroSHIFT XCD 1x11 em minha bicicleta de XC pelo conforto que oferece, a cada pedalada o "kitzinho" me surpreende. E olha que estava de XT M8000 antes. E o grupo eletrônico deles está chegando, e a fábrica avisou: nosso grupo eletrônico custará uma fração do preço de um Di2. Esperemos...

Por fim, o que todos gostaríamos de ver e ter, são opções das mais variadas formas: cor, modelo, tamanho, números de marchas, formato de botões, mais conforto ou mais perfomance, para competição ou passeios e etc.. etc.. etc.. Todos ganhariam com isso, lojistas venderiam mais, nós compraríamos mais, o mercado cresceria mais. No entanto, um detalhe é o mais importante de tudo: preço JUSTO, e compatível com o que o produto em questão oferece. Resta-nos aguardar os próximos meses para descobrirmos que rumos o mercado das nossas amadas máquinas com duas rodas tomará.

Fabio Santos

Ótima matéria Fabio. Acrescentando a sua excelente abordagem , penso que cada metro quadrado do teu ponto fixo custa dinheiro. O reloginho não para. Voce é a experiência e extensão da marca , do fornecedor. Um PDV , um serviço, uma assistência. Isso têm que ser compartilhado e os deptos de marketing precisam ter visão parceira

Entre para ver ou adicionar um comentário

Outros artigos de Fabio Santos

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos