Mercados Globais - Set. Ready. Cut!

Dois eventos merecem destaque nesta terça-feira.

No cenário externo, a percepção de que Hillary Clinton venceu o primeiro debate para as eleições presidenciais norte americanas ajudaram a dar sustentação a alguns ativos de risco, como o MXN e as bolsas dos EUA. O petróleo acabou apresentando papel secundário, com a OPEP, mais uma vez, falhando em chegar a um acordo para o congelamento (ou redução) da produção dos países membros, o que levou a uma forte queda da commodity. O DB continua no foco do mercado e poderá trazer alguma volatilidade no curto-prazo.

No Brasil, o Relatório de Inflação (RI) mostrou expectativas/previsões menores do que no RI anterior, e mais baixas do que na última Nota do Copom. Além disso, as previsões do BCB ficaram abaixo das expectativas do mercado. O texto do Relatório adotou mensagem similar àquela que já vinha sendo incorporada pelo BCB em eventos recentes.

Acredito que o BCB sancionou a janela para que o ciclo de queda de juros se inicie na reunião do Copom de outubro. Ainda vejo um cenário dividido entre uma queda de 25bps ou 50bps. O cenário para a inflação e o ajuste fiscal, no interregno até a reunião, que definirá o tamanho desta queda inicial da taxa Selic.

A curva já embute cerca de 30bps de queda no Copom de outubro, com um ciclo total superior a 300bps. Vejo a curva mais curta “fairly priced” neste momento. Acredito que o Jan21 seja o melhor vértice da curva no atual nível de preços. Na minha visão, o mercado pode dar continuidade ao movimento de fechamento de taxas, mas acho prudente realizar lucros de parte das posições. Continuo otimista com o cenário para o Brasil, mas acredito que o processo de recuperação e ajuste não será linear. Uma redução agora deve ser vista como tática, mantendo posições estruturais em ativos do Brasil.

Segundo nosso Economista Chefe:

As projeções de inflação do cenário de referência e de mercado vieram melhores que o esperado (no mercado, o IPCA de 2017 ficou 4,9% - esperava-se em 5,1% e o IPCA de 2018 ficou em 4,6% - esperava-se ficar mais ou menos flat em torno de 5%);

>> Vale mencionar que as projeções de inflação podem melhorar ainda mais caso o fiscal faça câmbio apreciar e a expectativa de inflação cair adicionalmente (como sugerido na seção de projeções);

>> Além disso, há algum espaço para surpresa para baixo nas expectativas de inflação de curto prazo (as projeções do BC para outubro e novembro são 0,40% e 0,45% e nós esperamos +0,36% e +0,41%);

>> Sobre os fatores condicionais: (i) que a persistência dos efeitos do choque de alimentos na inflação fosse limitada; (ii) que os componentes do IPCA mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica indicassem desinflação em velocidade adequada; e (iii) que ocorresse redução da incerteza sobre a aprovação e implementação dos ajustes necessários na economia, incluindo a composição das medidas de ajuste fiscal e seus respectivos impactos sobre a inflação.

(i)                SINAL VERDE: “Evidências recentes indicam que a queda nos preços de alimentos no atacado tem se transmitido para o varejo. Além disso, projeções para subitens de alimentos parecem mostrar mais segurança no processo de reversão do choque de preços nesse setor”

(ii)              SINAL AMARELO: “No que tange ao segundo fator, ainda há sinais inconclusivos quanto à velocidade de desinflação em direção à meta”

(iii)            DE SINAL AMARELO PARA VERDE: “há sinais positivos em relação ao encaminhamento e apreciação das reformas fiscais. Entretanto, o processo de tramitação ainda está no início e as incertezas quanto à aprovação e implementação dos ajustes necessários permanecem” 

>> Vale mencionar a frase: “O Copom avaliará a evolução da combinação desses fatores, pois não há elemento que seja determinante por si só para as decisões de política monetária”.  Ou seja, o sinal amarelo pode não impedir a queda de juros em outubro;

>> Está diminuindo a importância RELATIVA da meta de 2017 na função objetivo do BC (mais dovish, assim como o Ilan havia discursado): ”Esse horizonte abrange os anos-calendário com metas já definidas pelo CMN, inclusive o ano de 2017, para o qual o Comitê persegue a convergência para a meta de 4,5%. Cabe ressaltar que o horizonte relevante das ações de política monetária, por sua vez, não é estático. Ele se desloca continuamente com o passar do tempo. Dentro dessa estratégia, à medida que avançam os meses, as ações de política monetária passam a dar maior importância, de maneira gradual, para períodos igualmente à frente”

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