A Mesbla voltou!

A Mesbla, uma das grandes lojas do varejo, que havia encerrado suas atividades há mais de 20 anos, veio a público recentemente anunciar que estava retomando suas atividades. Para antigos clientes da marca, seguramente foi uma boa surpresa. O anúncio deve ter provocado uma certa nostalgia em muita gente, lembranças do passado, bons momentos da juventude. A nova versão da empresa, no entanto, não será mais como antigamente, com lojas físicas de departamento, mas no formato marketplace digital (e-commerce).

É sempre bom ver antigos players voltarem ao mercado. Ao lado do Mappin, a Mesbla foi uma das marcas mais emblemáticas do varejo, em particular no eixo Rio-São Paulo, nos anos 1980 e 1990, uma grande rede de lojas de departamentos. Pelo que representou na época, seguramente a marca possui ainda um importante recall, mas a empresa terá de vencer alguns desafios para se consolidar.

O primeiro é justamente o do recall da marca. Mesbla é uma marca forte, em particular para o público acima dos 45-50 anos. Ainda que a participação do público acima de 50 anos em compras pela internet venha crescendo de forma consistente nos últimos anos, essa faixa de consumidores representa ainda pouco mais de 30% do total de compras realizadas online. Há uma parcela expressiva do público do e-commerce que desconhece a Mesbla. Marcas podem rejuvenescer e até se reinventarem com sucesso. Havaianas, Lojas Zelo e Granado são apenas alguns bons exemplos disso, entre muitos outros, mas não deixa de ser um desafio importante.    

A concorrência também tem crescido entre os market place e se tornado cada vez mais acirrada. A Mesbla terá de disputar espaço entre pesos pesados como Mercado Livre, Via Varejo (Ponto Frio), B2W (Americanas), Magalu, Carrefour e Amazon, para mencionar apenas alguns.

Outro desafio será de logística. O valor do frete e o prazo de entrega são fatores que influenciam as vendas online, em particular quando o preço entre as lojas é muito próximo. É por isso que os principais marketplaces têm investido em logística para reduzir prazos e os custos envolvidos na operação, que são fatores cada vez mais influenciam o processo de compra. A logística não pode se tornar um gargalo.

Com certeza os novos proprietários da Mesbla avaliaram o mercado antes de decidir optar pelo retorno como marketplace, assim como já devem ter traçado suas estratégias para reposicionar a marca e retomar seu lugar ao sol. Vamos acompanhar.

Eu pessoalmente torço para que a Mesbla conquiste o mesmo brilho do passado e, quem sabe, futuramente a marca não opte em reabrir lojas físicas, para alegria dos seus antigos e novos clientes. Muitas empresas de varejo físico migraram para a atuação como marketplaces, mas boa parte delas tenha optado por manter suas lojas físicas. Outras empresas nativas digitais também estão abrindo lojas físicas, como a Mobly, a Amaro, a Wine, a MadeiraMadeira entre outras. Afinal, ao que tudo indica, o futuro do varejo não é exclusivamente físico ou digital, mas uma mistura do melhor desses dois mundos, o phigital!

Mesbla, seja bem-vinda de volta ao varejo. Sucesso!

Bruno Cordoni

Especialista em varejo, curador de soluções em tecnologia. É Head of Engagement & Business Development na Onebeat

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