Metamorfoses de Verão
As férias têm um potencial catártico semelhante ao de um novo ano. O Verão chega como um marco no calendário capaz de nos fazer reflectir sobre vários aspectos da nossa vida.
Quem é que nunca esteve na praia, estendido na areia e apoiado nos cotovelos, olhar pousado no horizonte e uma sensação de chakras perfeitamente alinhados, e disse:
- "Não quero voltar... abrimos um bar na praia e ficamos por aqui?"
- "Estou contigo", ouve quem tenha um companheiro de aventuras no mesmo mood, com os óculos de sol na ponta no nariz enquanto olha para as ondas.
Não se como é que correu o resto da história no vosso caso, mas eu continuo sentada num escritório em frente a um ecrã.
E porque é que sentimos essa necessidade de repensar, de ter outro ritmo?
O Verão permite-nos estar em paz connosco, sentir-nos, ouvir-nos. Seja o sol na pele, a aventura do outro lado do mundo, ou as sestas na cama-de-rede no quintal dos avós, conseguimos chegar a um ponto de tranquilidade e de relax que nos permite reflectir, ponderar e planear. Os dias rendem mais mas passam a voar. Também nos enervamos mas não vamos apitar para o trânsito, mas olhar para o céu estrelado do campo. Também temos tensões nas nossas dinâmicas, mas nadamos com mais força para descarregar, sem uma bicicleta de ginásio com vista 2ª circular.
O nosso corpo e a nossa mente falam connosco todos os dias. Às vezes gritam como se estivesse do outro lado do vidro e nós não ouvimos. Esbracejam e saltam mas nós fingimos não os reconhecer.
Pessoalmente, estar em frente ao ecrã é essencial para o que eu gosto de fazer, e é algo de que não quero abdicar. Talvez o mesmo se aplique a ti.
Não temos de fugir para uma ilha paradisíaca e abrir um bar para gringos. Podemos ser a nossa própria ilha paradisíaca. Ser o nosso ponto de equilíbrio que trabalha e se diverte, que sabe fazer render os dias independentemente de quando se põe o sol no Inverno. Que sabe afastar as nuvens escuras da mente e as tempestades do coração.
Porque não trazer um pouco deste espírito na nossa viagem de regresso a Setembro? Manter viva a memória do que nos faz sentir bem e integrá-la no nosso dia a dia.
- Ser menos dependente do online
- Deixar-se levar em aventuras de mais de 200 páginas
- Conversar horas a fio sem telemóvel por perto
- Fazer com que um hobby dure todas as estações
- Ser total, estar presente na íntegra
A minha primeira fonte de inspiração - para dar o primeiro passo - é uma fantástica Ted Talk da Manoush Zomorodi sobre a importância de se sentir aborrecido.
Boas férias, get bored!