Metodologia: problema ou solução?

Muito tem sido falado ultimamente sobre metodologias de projeto. Como sempre, discussões acaloradas cercam o tema, mas acho que é preciso fazer algumas reflexões e ponderações de como as empresas têm se comportado e a real efetividade dos resultados alcançados.

Durante minha carreira em várias empresas, tive acesso ao longo do tempo a muitas formas de gerenciamento de projetos e processos, e todas têm uma coisa em comum: metodologias pregam que não devem ser seguidas ao pé da letra e, todas, sem exceção, dizem que devem ser adaptadas à realidade de cada empresa e não o contrário.

Atualmente está na moda falarem muito sobre formação de squads no estilo Spotify, ou seja, equipes pequenas de alta performance que entregam resultado de forma muito consistente.

Isso funciona muito bem, mas pra eles. Seu produto, apesar de lidar com um grande volume de dados, é pequeno e é essencialmente um player multimídia.

Vamos lembrar que é uma empresa sediada em outro país, com uma cultura diferente, onde há disciplina para se seguir o que foi definido sem improviso. E convenhamos que não é esse perfil que encontramos por aqui, considerando que no Brasil mal conseguimos começar uma reunião no horário. Experimente atrasar numa reunião com americanos, alemães ou canadenses e você será repreendido sem cerimônias. Ou seja, disciplina é a palavra de ordem.

Não quero dizer com isso que não funcionaria aqui. Sim, funcionaria, mas numa empresa com estrutura flexível a mudanças, em um projeto pequeno e bem estruturado e adaptando a metodologia de acordo com sua necessidade.

Faça um exercício simples e analise se sua empresa trabalha adaptando a metodologia a sua cultura ou o contrário.

E vou um pouco além: quantas metodologias de projeto já foram tentadas antes da que usam atualmente?

Se o projeto não der certo, a culpa é da metodologia ou da forma como foi implementada?

Metodologias vêm e vão, todas têm suas vantagens e desvantagens, mas em algum ponto vão falhar, caso contrário, não haveria necessidade de serem inventadas coisas novas. Sim, eu exagerei para poder ilustrar que nenhuma é perfeita e que não existe bala de prata.

Escrevo em tom de provocação para gerar debate, entendermos que não adianta pegarmos pacotes e propostas fechadas sem questionarmos se é a forma certa de fazer, de sermos mais efetivos e produtivos no final das contas.

Por exemplo, na minha opinião baseada na vivência profissional, a formação de squads não funciona em projetos grandes, onde o processo de gerenciamento de funcionalidades é extenso.

Ou ainda, se uma empresa não tem uma cultura de produto (modularização), como pode achar que a formação de squads seria a solução?

Cada empresa tem suas necessidades, sua cultura e sua própria dinâmica. Se não questionarmos a forma como os projetos e processos são gerenciados, como as coisas são feitas e não buscarmos efetividade no resultado final, tempo e dinheiro serão perdidos, e no final do dia a única coisa que terá mudado terá sido o nome da metodologia da vez a ser usada.