Meu computador tem se mostrado lento, de quem será a culpa?
Com o uso diário do computador é bastante comum o usuário perceber queda de desempenho sem motivo aparente, visto que ele faz o uso que considera normal e muitas vezes nem interfere nas configurações do sistema. Vou relacionar e comentar a seguir alguns tópicos a serem observados que frequentemente influenciam, de modo geral, no desempenho de um computador e no final esclarecer alguns questionamentos que sempre são feitos por usuários. Se você usa um computador de “muito tá lento” esse artigo é para você.
- Fragmentação de arquivos – Windows X Linux:
No Windows, o sistema de arquivos aloca sempre o segmento de espaço livre mais próximo quando necessita criar um novo arquivo, caso o próximo segmento não o couber, este arquivo será fragmentado e seus pedaços armazenados nos próximos segmentos livres. É muito comum nesta plataforma a ocorrência de queda de desempenho de disco devido a altos índices de fragmentação. Nas versões mais atuais do Windows existe um pré-agendamento de manutenção do sistema, em que uma vez por semana ele faz a auto desfragmentação dos discos. Essa frequência de manutenção pode ser alterada pelo usuário.
No Linux, o sistema de arquivos, especialmente os EXT2, EXT3 e EXT4, aloca segmentos sempre afastados dos já ocupados, de forma que o arquivo fique contiguo e permaneça bastante espaço livre disponível para o eventual crescimento do mesmo por um longo tempo. Desta forma o sistema de arquivos é mantido com baixo índice de fragmentação até que a ocupação do disco esteja próxima dos 80%, a partir desse ponto o espaço começa a ficar crítico e a fragmentação já é inevitável.
- Cache do sistema de arquivos e gestão de memória virtual – Windows X Linux
No Windows, é muito comum se verificar grande disponibilidade de memória RAM e ao mesmo tempo utilização do recurso de memória virtual. Com isso as vezes se percebe degradação de desempenho em aplicações, concomitante com grande atividade de disco.
No Linux, por ter gerenciamento de memória RAM mais eficiente, é comum verificar baixa disponibilidade de memória livre, alto uso de memória RAM utilizada como cache e baixo uso de memória virtual. Neste sistema o uso de memória virtual se dá apenas quando se faz necessário e são mantidas na memória as informações dos últimos arquivos acessados até que seja necessário disponibilizar estas áreas de memória para algum processo. Dessa forma é notado maior desempenho e baixa atividade de disco durante o uso.
Outra característica que sobressai no Linux, ainda referente ao gerenciamento de RAM, é com relação ao alcance de memória em sistemas de 32bit. Compilando o kernel com suporte à PAE (Phisical Address Etension – Extensão de endereço físico) é possível utilizar até 64GB de memória RAM em um sistema de 32bit. Claro que isto tem um custo de desempenho e os aplicativos irão enxergar no máximo 3GB cada um, mas é possível utilizar toda a memória de forma transparente para as aplicações. Isto é muito útil quando se tem softwares exclusivamente de 32bit que exigem muita memória RAM e este tem que concorrer com outros gulosos.
- Degradação de desempenho de disco:
É muito comum os HDs apresentarem fadiga de material, seja por falhas no processo fabril, condições ambientais ou sem motivo aparente. Existem ferramentas de diagnóstico que possibilitam analises e detalham essas ocorrências.
- Má refrigeração da CPU:
Por se tratar de um componente gerador de calor e ser necessário arrefecimento para sua refrigeração, é constante o acumulo de sujeira no radiador. Com o calor excessivo a maioria dos hardwares reduz o desempenho para com isso gerar menos calor e protege-las de avarias.
- Memória insuficiente:
Dependendo da quantidade de processos a serem executados, exigências destes, ou mesmo do SO escolhido, pode ser necessário adicionar mais memória RAM para assim obter um desempenho, pelos menos, satisfatório.
- Localização da memória virtual:
Em alguns sistemas operacionais é possível definir o local da memória virtual, escolhendo uma partição para isso e em que partição ficará. Para Windows, uma técnica que costumo utilizar e melhora um pouco é fazer essa sequência de passos: 1-desativo a memória virtual; 2-removo o arquivo pagefile.sys; 3-desfragmento o sistema de arquivos; 4-reativo a memória virtual. Dessa forma o novo arquivo será criado logo após a área ocupada que acabou de ficar contígua e com isso, à medida que o sistema de arquivos vai se atualizando e simultaneamente feito uso do swap é reduzida a degradação de desempenho devido ao fato de o pagefile.sys ter ficado, no disco, geograficamente mais próximo dos outros arquivos.
- Mais de um antivírus:
É constante as ocorrências em que o usuário, inocentemente, instala mais de um antivírus achando que assim estará mais seguro. Nesse tipo de ocorrência é certa a degradação de desempenho, principalmente nos aceso aos arquivos.
- Antivírus guloso:
É corriqueiro ser percebida a degradação do sistema imediatamente após instalação de software antivírus, como se tivesse “puxado o freio de mão” do computador. Para evitar arrependimentos é recomendado instalar a versão de avaliação e se o mesmo for aprovado, então adquirir a licença definitiva. Não gostando testa-se outro, e outro... até encontrar aquele que deixe o usuário satisfeito.
- Drivers desatualizados ou genéricos do sistema:
Este segundo, os genéricos, é muito comum quando a máquina passa pela famosa “formatação”. O SO é reinstalado e praticamente tudo passa a funcionar com os drivers nativos do sistema. Para obter o desempenho total do hardware sempre é importante tanto a instalação como manter atualizados todos os drivers, principalmente os de chipsets, controladores de disco, áudio e vídeo.
- Softwares do tipo Adware ou Spyware que caíram de paraquedas:
Hoje a maioria dos sites de downloads e os softwares gratuitos, ditos freeware, são patrocinados por fabricantes de softwares que coletam dados de uso de computadores. Estes sites, bem como os softwares, normalmente possuem um gerenciador de download que oferece softwares adicionais de patrocinadores que às vezes são instalados mesmo sem o consentimento do usuário. Uma recomendação é sempre criar um ponto de restauração do sistema antes desses downloads. Havendo abusos faz-se a restauração para o estado anterior.
Existe até um meme em forma de charge que circula nas redes sociais onde diz-se, citando um já bem conhecido:
"Deseja também instalar o ‘Fulano’?" <NÃO!> "Obrigado por instalar o ‘Fulano’, divirta-se".
- Restos “mortais” de softwares desinstalados:
Muitas vezes é feita a desinstalação de softwares e não são apagados todos os arquivos. Com isso vão ficando rastros pelo sistema que causam degradação de desempenho e desperdício de espaço em disco. Existem ferramentas especializadas em fazer essas “faxinas”. Uma bem eficiente e bastante conhecida é o software CCleaner.
- Softwares de má qualidade:
Esse é um fator que também pode contribuir pra a degradação do sistema, mas geralmente o problema é direcionado exclusivamente ao seu uso. Softwares com bugs podem além de não se prestar ao seu propósito, também costumam afetar o desempenho global do sistema causando travamentos e sobrecargas na CPU, entre outras mazelas.
É verdade ou é mito?
“Dividir o disco em várias partições melhora o desempenho”.
Mito. Só desperdiça espaço.
“Ferramenta de desfragmentação de memória RAM deixa memória livre para os aplicativos”.
Mito. Usa-se recurso do processador para empurrar tudo para a memória virtual e depois o SO traz de volta.
“Usar compactação de disco melhora o desempenho”.
Se o hardware for bom, verdade. Um hardware de bom desempenho perderá menos tempo compactando que gravando em disco. Tendo menos dados para ler/gravar em disco o desempenho melhorará.
“É mais seguro dividir o disco em duas partes e deixar a segunda como backup”.
Mito. O backup deve ser feito em outro disco, de preferência externo ao computador. Se externo ao ambiente (casa) melhor ainda.
“Atualizar os softwares deixa o computador mais lento”.
Mito ou verdade, dependendo do caso. Boa parte das atualizações são correções necessárias que também pode melhorar o desempenho. Quando você troca o software por outro de outra versão poderá ocorrer queda de desempenho apenas deste software específico, se esta outra versão exigir mais do hardware. Poderá também ser o contrário.
“Antivírus pago é melhor que gratuito”.
Normalmente é verdade. A maioria dos gratuitos não possui as mesmas proteções das suas versões pagas. Existe um gratuito muito bom. O Microsoft Security Essentials. No Windows 8, e no Windows 10, ele vem nativo no sistema com o nome de Windows Defender e se instalar outro antivírus ele se auto desativará.
“O armazenamento em nuvem é seguro”.
Verdade, enquanto os dados não forem apagados. As ferramentas mais comuns mantêm sincronizado o computador com a nuvem. Apagou, apaga nos dois. E como nem tudo permanece na lixeira... Outro cuidado que deve tomar é com a credencial de acesso à nuvem. Se outra pessoa tiver sua senha...
“SSD é melhor que HD”.
Depende do que vai ser considerado como benefício e da finalidade de uso. O SSD é mais rápido e menos sensível as vibrações que o HD, no entanto, por se tratar de células de memória do tipo NandFash ele tem limitações de quantidade de vezes em que cada célula pode ser gravada. Tem evoluído muito, mas nesse quesito o HD ainda ganha por não ter uma limitação já determinada. Embora no SSD também aconteça a fragmentação, nele não há perda de desempenho significativo por não ter alta taxa de latência como no HD. Também não é recomendável desfragmentar para não causar o envelhecimento precoce dessas células com regravações desnecessárias. Outro ponto negativo é que o SSD quando danificado e inacessível dificilmente será possível recuperar seus dados. É uma boa opção como coadjuvante para melhorar a disponibilidade, principalmente de bancos de dados, melhor ainda se espelhados.
Poderia ficar aqui discorrendo sobre esse assunto por horas, ou quem sabe, dias. Fatores que podem contribuir ou atrapalhar o desempenho parecem ser infinitos, mas acho que dei uma boa pincelada sobre os principais deles, e com essas informações você já pode começar a dar uma “garibada” no seu PC.
José Moraes é graduado Tecnólogo em Análise e Desenvolvimento de Sistemas pela Unicesumar e trabalha com tecnologia desde a década de 80. No momento atua como prestador de serviços de manutenção em computadores, implantação de sistemas e outros serviços afins.
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