Meu inegável autorretrato

Meu inegável autorretrato

Deixei o setor executivo há 20 anos (após uma vintena de trabalho executivo como Diretor Executivo de importante entidade sindical patronal), sou autor de dois livros ("O sindicalismo brasileiro clama por socorro" (2001) e "S,O.S.SINDICALpt") ambos editados pela LTr (indubitavelmente, a mais tradicional e reputada editora nacional especializada em obras versando sobre as relações do Trabalho), sou autor de quase uma centena de artigos publicados nas mais importantes mídias deste País, proferi dezenas de palestras, defendendo -de forma invariável- que a única redenção do sindicalismo seria a adoção do associativismo a preceito. Tanto no que tange ao cunho institucional como o de sustentação financeira. Por quê? Porque ao longo da longeva instituição das Leis do Trabalho, oriundas dos anos 40 e sob a tutela do caudilho Vargas, o sindicalismo brasileiro vivia irrefutável crise de identidade. A contribuição obrigatória escorchante já havia virado fruto da inércia da representatividade, além de meio de vida e balcão de negócios de milhares de entidades laborais e patronais. E a saúde financeira daquelas só era melhor do destas, em razão do patrão ter se tornado um gratuito agente de cobrança, tendo a obrigação de reter os valores correspondentes de seus empregados e repassá-los à entidade sindical da paritária categoria. Além disso, a perenidade do poder acentuou-se de forma escandalosa, com a predominância de decênios de mandatários à frente da presidência. Em verdade, vivia-se a máxima do "temos de mudar alguma coisa para tudo continuar como está...". Conclusão: quando ninguém esperava que um governo fracote como o de Temer, substituindo de roldão a mais negra fase de corrupção iniciada justamente de Inácio da Silva, um ex-sindicalista que, antes de assumir o Poder prometera exinguir a CS e, bem ao contrário disso, além de mantê-la ainda transferiu valores do reparte do bolo sindical para as centrais sindicais (com favorecimento expresso a hoje falida CUT) braço direito do PT, valendo asseverar que tais centrais sempre foram entes espúrios da então Legislação Trabalhista, hoje inteiramente disforme pela "Reforma Trabalhista".

Conclusão: Defendendo quimeras, perdi meu tempo, dinheiro, patrimônio, saúde e colecionei um número incalculável de inimigos ocultos (desses que te cumprimentam, te dão tapinhas nas costas, mas querem mesmo que você vá para o inferno). É onde estou, hoje. Porém, na companhia desses mesmos indolentes, que perderam a credibilidade dos associados de suas entidades. Que deixaram e deixarão, de vez, de ver suas entidades embolsarem valores expressivos que vinham fácil pelo caminho da obrigatoriedade e que doravante só virão (se vierem) pela única via plausível: a da verdadeira e autêntica representatividade, que exige trabalho com afinco. O contribuinte sindical deixou de ser obrigado a pagar a contribuição. Vai fazê-lo se houver reciprocidade, pois de contribuinte ele virou cliente!

E que no Governo Bolsonaro que vem aí, que se cuidem os que cultuam outra discutível fonte de gigantescos recursos, sem a devida e necessária contrapartida e que, com absoluta certeza, será investigado em minúcias, como, aliás, já deveria ter sido. Trata-se do Sistema S. É conveniente que alguns dos muitos "barões do patronato" coloquem desde já as barbas de molho... Quem viver, verá!






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