MICROGERENCIAMENTO: Uma necessidade psicológica

MICROGERENCIAMENTO: Uma necessidade psicológica

Micromanagement é um estilo de liderança onde o gestor exerce controle excessivo sobre todos os detalhes do trabalho de seus subordinados. Embora essa abordagem possa parecer eficiente à primeira vista, ela tem raízes profundas em necessidades psicológicas e pode causar sérios danos ao ambiente de trabalho.

Para um micromanager, controlar todos os aspectos de um projeto é uma forma de afirmar seu valor e importância dentro da organização. Esse comportamento é uma resposta a inseguranças pessoais e uma tentativa de evitar ameaças à sua posição ou competência.

O medo de falhar é outra força motriz significativa para os Micromanagers. Eles frequentemente lutam para satisfazer sua necessidade de competência, resultando em um medo paralisante de fracasso.

Esse medo os leva a exercer um controle excessivo sobre seus subordinados, acreditando que somente através de sua supervisão constante podem evitar erros.

Além disso, Micromanagers podem buscar validação contínua através da microgestão, utilizando essa estratégia para se posicionarem como superiores em competência e controle. Essa necessidade de validação é um reflexo de uma autoestima frágil e da falta de confiança nas habilidades dos outros.

As consequências do micromanagement são numerosas e profundas. Vejamos algumas:

  • O conceito de "impotência aprendida", introduzido por Martin Seligman, descreve uma condição em que os indivíduos se tornam passivos e resignados após repetidas exposições a situações incontroláveis. Em ambientes de trabalho onde o micromanagement é prevalente, os funcionários podem desenvolver impotência aprendida, resultando em desmotivação e uma incapacidade de tomar iniciativas independentes. Isso não apenas reduz a eficiência individual, mas também compromete a capacidade inovadora da equipe como um todo.
  • Ambientes onde o micromanagement predomina frequentemente sofrem com uma significativa redução na criatividade e inovação. Um estudo da Universidade de Stanford demonstrou que empresas com culturas de alta autonomia relataram níveis mais elevados de inovação e sucesso no mercado. Em contraste, empresas com líderes micromanagers lutaram para manter a competitividade, devido à falta de novas ideias e soluções. A alta rotatividade é uma consequência direta do micromanagement.
  • De acordo com um relatório da Gallup, cerca de 50% dos funcionários que deixaram seus empregos citaram a má gestão como a principal razão. A rotatividade resulta em custos elevados para as empresas, não apenas financeiros, mas também em termos de perda de conhecimento institucional e diminuição da coesão da equipe. A constante necessidade de recrutar e treinar novos funcionários consome recursos significativos que poderiam ser melhor empregados em iniciativas de desenvolvimento e inovação.
  • Micromanagers também são vítimas de seu próprio comportamento. A necessidade constante de controle leva ao esgotamento físico e mental, resultando em burnout. Um estudo publicado no Journal of Applied Psychology descobriu que micromanagers são mais propensos a experimentar esgotamento e insatisfação no trabalho. Esse burnout compromete sua capacidade de focar em estratégias de longo prazo, resultando em uma visão restrita e uma incapacidade de conduzir a organização de forma eficaz.

A solução para esse problema vai além de mudanças práticas; é uma questão de construção emocional. Líderes precisam trabalhar no desenvolvimento de sua própria inteligência emocional, aprendendo a confiar mais em suas equipes e a lidar com suas próprias inseguranças.

Fortalecer a autoestima e a capacidade de lidar com o medo do fracasso são passos essenciais para abandonar o controle excessivo. Investir em treinamento que enfatize a empatia, a comunicação clara e a delegação efetiva pode transformar o ambiente de trabalho em um espaço de crescimento e inovação contínuos, beneficiando tanto os indivíduos quanto a organização como um todo. Construir uma cultura de confiança e autonomia não é apenas uma estratégia de gestão, mas uma jornada de desenvolvimento emocional para líderes e colaboradores.

O caminho para o desenvolvimento como líder é no mesmo sentido do desenvolvimento como ser humano!




Referências:

- Tajfel, H., & Turner, J. C. (1979). An integrative theory of intergroup conflict. In W. G. Austin & S. Worchel (Eds.), The social psychology of intergroup relations (pp. 33-47). Monterey, CA: Brooks/Cole.

- Deci, E. L., & Ryan, R. M. (1985). Intrinsic motivation and self-determination in human behavior. New York: Plenum.

- Festinger, L. (1954). A theory of social comparison processes. Human Relations, 7(2), 117-140.

- Seligman, M. E. P. (1972). Learned helplessness. Annual Review of Medicine, 23, 407-412.

- Gallup (2017). State of the American Manager: Analytics and Advice for Leaders.

- Harvard Business Review (2019). The impact of effective delegation on organizational success.

- Journal of Applied Psychology (2018). The hidden toll of micromanagement.

Milton Sandri

General Manager / Export Area Sales Manager - Latin America

4 m

Excelente artigo, Marcus. Parabéns! Não dá nem para dizer que seja um estilo de liderança... - eu vejo um "gerente controlador - inseguro" que termina travando o crescimento dos subordinados e o desenvolvimento de qualquer empreendimento. Um abraço

Muito bom, Marcus Ronsoni! Esse é um comportamento que precisa ser superado pois sufoca a inovação. Líderes com esses traços precisam receber feedback claro e buscar ajuda.

Cícero Rocha 🦉✨

ATIVISTA DA EMPRESA FAMILIAR, Educador, Fundador INSTITUTO EMPRESARIAR | +4.000 hrs e +800 reuniões como conselheiro, +1.400 projetos de consultoria | Criador dos métodos BFB - Balanced Family Business, ECOGOVERNANCE, CR

4 m

Muito interessante Marcus Ronsoni, Minha modesta consideração: esse comportamento que prioriza controle exxesssivo é predominante em pessoas anciosas e a ansiedade é uma consequência de uma mente ego orientada. O Ego é o nosso pior inimigo? CR

Diego Onzi

Inovação Organizacional, Transformação Digital, Gestão de Equipes

4 m

Muito bom

Carlos Klein

Investment Director | Ventiur + Board Member

4 m

Muito bom!

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