Milestones* da vida

Em um trabalho recente, me deparei com alguns dados curiosos, que despertaram a minha atenção sobre os ciclos que temos em nossa vida. Então, pesquisei, reuni algumas informações adicionais e fiz algumas reflexões simples que compartilho aqui.

Parecem informações retiradas de almanaques, mas são todos valores científicos, resultados de pesquisas e estudos sérios, levantamentos estatísticos minuciosos e análises criteriosas.

Quando vemos os resultados, notamos que alguns destes aspectos são objetivos, passíveis de medição de evento e performance, têm baixo desvio padrão e percebemos algum “sentido lógico” neles. Por outro lado, outros aspectos são subjetivos, os seus dados são obtidos através de respostas pessoais a pesquisas e entrevistas, têm grande desvio padrão e intuitivamente não percebemos tão facilmente o “sentido lógico” nos seus resultados. São estatísticas complexas, afetadas por muitas variáveis e devem ser consumidas com muito cuidado...

Por exemplo, não todos, mas alguns pesquisadores (sim, cientistas também discordam entre si – não existe A Ciência Absoluta e Definitiva) dizem que a felicidade ao longo da vida tem um comportamento em U (um pico aos 30 anos, um grande vale e depois outro pico, ainda maior, aos 70 anos) ou em M (em que as “pernas” deste M, porém, são de difícil avaliação - início da infância e fim da velhice). De qualquer forma, os dados mostram que, mediamente, temos um pico de felicidade (percepção) aos 30 anos, então, a perdemos gradualmente em algum lugar e durante algum tempo, para, depois, lentamente a recuperamos até um novo pico por volta dos 70 anos. São 40 anos de vida dura!

Para compreender melhor estes resultados precisamos, antes, definir alguns conceitos:

·       O que é  felicidade? Para mim, para você e para cada um dos milhões de respondentes destas pesquisas e entrevistas.

·       Qual é a sua cultura? Qual é a sua exposição a “padrões enlatados de felicidade”? Qual é a sua qualidade de vida no momento da resposta? Qual é a sua capacidade de autogestão da própria vida? Qual é a sua expectativa de vida quando você respondeu?

·       E se a percepção de felicidade afetar a sua longevidade e aos 70 anos sobrarem mesmo apenas os velhinhos e velhinhas que souberam ser felizes? Ou que já nem lembram como é o conceito de “felicidade”? E optam pelo que é esperado deles... Ainda não sabemos as respostas.

Entre causalidades, correlações, ingerências, efeitos cruzados, fatores externos e culturais, etc, é fato que, ao longo da vida, certas condições são mais impactantes e afetam a nossa percepção de felicidade. Não é só no mundo moderno, na esfera do trabalho corporativo ou no mundo virtual das redes sociais... Desde a vida tribal, lá no passado remoto da civilização, muitos momentos de estresse afetavam a nós, humanos: rito de passagem para a vida adulta, guerras, excursões de caça, escolha e consolidação de parcerias afetivas, primeiro filho, disputa por liderança, mortes de parentes, passagem para o conselho tribal, abandono para morrer...

Faz bem refletir um pouco sobre estes dados e sobre como é nossa vida... Pensar sobre isto nos faz compreender melhor a nós mesmos e aos outros. O que, para muitos estudiosos do tema, já é o próprio caminho da felicidade...

* Milestones, na linguagem de Gestão de Projetos, são os marcos, "os pontos de referência ou eventos importantes que indicam a conclusão de uma etapa ou a conquista de um objetivo, servem como indicadores de progresso que ajudam na avaliação da saúde do projeto."