Minha 1ª aula sobre LEAN

Foi em 1988, um ano antes de me formar na Engenharia. Foi com o prof. Jaime. Não me lembro do nome completo dele, mas era Jaime. Professor Jaime.

Naquela época, professor era chamado de professor, não de tio, tia, profe, etc. Não havia celulares, somente em Star Trek. Não havia computadores pessoais como hoje, mas havia alguns sim, primitivos hoje, mas altamente modernos na época. Gravávamos os programas em fita K7. Era divertido, uma mudança absurda para nós, jovens e sonhadores naquele lapso de tempo.

Mas minha primeira aula de Lean se deu com o Prof. Jaime. Sua aula era de economia. Imagine uma aula de economia para um bando de futuros engenheiros. Um saco!

Mas prof. Jaime nos surpreendia com seu jeito não muito convencional: fazia mímicas, piadas, deboches, etc, e assim, ensinava economia a um bando de futuros engenheiros.

Mas e o LEAN? Na verdade, aquilo não tinha nome de Lean. Na época se chamava de Organização e Métodos (O&M) muito mais divulgado nas faculdades de Administração de empresas.

Durante uma aula, o Prof. Jaime percebendo a apatia da turma, começou a imitar um operador levando material de um lado ao outra da sala. Ele pegava um caderno como se o mesmo fosse uma material. Ia com o caderno e voltava com a mão abanando como se o operador estivesse cansado. Fazia caras e bocas.

Fez isso por três vezes. E em todas, pedia a nossa atenção. Na quarta vez, ele perguntou: O que está errado aqui?

Houve um silêncio.

Finalmente, um colega respondeu com uma pergunta: Ele não pode trazer algo de volta?

Prof. Jaime deu um grito do tipo EUREKA!!

Prof. Jaime deu um grito do tipo EUREKA!!

- Sim, pode e deve - complementou o entusiasmado Prof. Jaime.

Não sei o resto da sala, mas em minha mente, essa cena ficou gravada. Depois com o avanço em minha carreira industrial e de consultoria, notei que aquela tinha sido minha primeira aula de LEAN. Me ensinou a ver o desperdício de tempo em uma operação.

Sou grato ao prof. Jaime. Sem muita pretensão, ele despertou em mim, uma coisa que carrego até hoje, a busca pelo trabalho racional e padronizado, a busca pelo zero desperdício!

Isso foi há quase 30 anos atrás. Obrigado Prof. Jaime!