A minha felicidade tem fórmula

Era um início de noite despretensioso com uma pessoa que conheci durante a faculdade, uma conversa sobre possibilidades futuras na vida de jornalistas. O papo aconteceu na principal lanchonete da Universidade, acompanhados de vitamina de banana com mamão e cappuccino “modo da casa”, para aliviar a saudade dos tempos de aula.

Pensamentos e memórias saindo sem pontuação das nossas bocas, em uma velocidade que dava pra ficar tonto às vezes. Experiências profissionais e de vida que tivemos desde que tínhamos ingressado no curso de Comunicação Social. Estávamos ali, ele, já se encaminhando para trocar de área, eu, jogando na mesa todas as oportunidades que eu tive e tenho desde que me formei.

Até que então surgiu a pergunta: “Mas o que é que tu queres?”. Pausa. Tente fazer essa pergunta a ti mesmo, e aí tu vais ver que a resposta não sai na hora, no impulso.

E foi ali que caiu a minha ficha. O que eu quero na vida é ter a liberdade de poder vivenciar as experiências que eu tiver vontade. Muitas vezes isso envolve dinheiro, mas a minha fórmula da felicidade vai muito além do dinheiro. Eu posso te provar: uma das experiências que eu mais gosto de vivenciar na vida é viajar. Ok, a viagem se paga com dinheiro, mas de que adianta ter o dinheiro para uma viagem se a empresa onde tu trabalhas, por exemplo, te oferece um programa de férias engessado, dificultando ou até impossibilitando o planejamento das tuas viagens?

O trabalho que tenho hoje permite que eu tenha liberdade de escolha quando o assunto é férias. No ano passado, por exemplo, tive a oportunidade de fazer três viagens, uma semana em cada destino, utilizando a liberdade de um programa de férias flexíveis. É por isso que o dinheiro, neste caso, não resolveria sozinho a minha vontade de viajar, se eu não tivesse possibilidades e condições de escolha em relação às minhas férias.

Não quero te deixares pensando que só sou feliz nas minhas férias ou enquanto eu estou viajando. O que estou tentando mostrar é que eu sou MAIS feliz no meu trabalho porque ele me oferece a liberdade de eu viver uma experiência que gosto: viajar!

Os dois melhores anos da minha vida até hoje não foram quando eu ganhei mais dinheiro, mas sim quando eu consegui viver de uma maneira que me possibilitava muitas oportunidades de ter experiências que eu queria sentir antes de morrer. Foi quando eu pulei de paraquedas, vi as Cataratas do Niágara, deitei na grama do Central Park, vi Nova Iorque do topo de um prédio, vi neve pela primeira vez, comemorei meu aniversário comendo arroz, feijão e brigadeiro, depois de meses sem sentir o sabor da comida brasileira.

Vamos a outro exemplo, este para te mostrares que a minha fórmula da felicidade vai além de viajar: supomos que eu quero ter a experiência de ser mãe e que já tenho 35 anos. Eu recebo uma proposta de emprego, onde um dos pré-requisitos é a disponibilidade para viajar a cada quinze dias a trabalho, impossibilitando iniciar uma gravidez. Mas a minha vontade de ser mãe é maior do que a minha vontade de aceitar esse emprego, por mais que a proposta fosse tentadora. Está aí a minha liberdade de escolha baseada nas experiências que eu quero ter na vida. Eu recusaria a proposta de emprego sem culpa, pois saberia que a experiência de ser mãe é uma vontade presente no meu coração.

Na teoria parece fácil, né? Mas a prática também pode ser. Se tu sabes realmente o que é importante pra ti e sabes que tipo de experiência tu queres viver, é fácil fazer algumas escolhas na vida para que tu sejas mais feliz.

E finalmente, eu senti que descobri a minha fórmula da felicidade: SEMPRE tomar decisões focando na liberdade para viver as experiências que eu desejo para a minha vida. E isso vai bem além de apenas viajar. O que não quero é me ver no leito de morte me arrependendo das coisas que não vivi porque tomei decisões que não coincidiram com as minhas vontades.

E foi assim que descobri a fórmula da minha felicidade: em uma terça-feira qualquer, na mesa de plástico de uma lanchonete, bebendo uma vitamina de mamão com banana. :)