MISAU não sabe por que tantos profissionais de saúde tem covid-19 em Moçambique e descarta cerco sanitário na Cidade de Nampula
O Ministério da Saúde não sabe o que está a falhar para que mais de 10 por centos dos casos positivos do novo coronavírus em Moçambique sejam profissionais de saúde. Por outro lado as autoridades de Saúde descartam isolar os bairros com maior seropositividade para conter a propagação comunitária da covid-19 pela Cidade de Nampula, “o cerco sanitário não é solução” declarou ao @Verdade a Directora Nacional de Saúde Pública.
Um Inquérito Sero-epidemiológico, apresentado nesta quarta-feira (01), confirmou a transmissão comunitária do novo coronavírus por todos os bairros da Cidade de Nampula, afectando todas as faixas etárias e todos os grupos profissionais.
No entanto a seropositividade por faixas etárias mostrou uma prevalência dominante entre os jovens dos 15 aos 34 anos e ainda em adultos dos 35 aos 59 anos.
A pesquisa, realizada durante a última quinzena do mês de Junho e obedecendo ao modelo da Organização Mundial de Saúde, indicou ainda que os bairros de maior transmissão do novo coronavírus são Natikire e Namutequeliua com seropositividade de 12 e 11 por cento, respectivamente, que o dobro da registada nas restantes urbanizações da Cidade de Nampula.
Atravessados pela Estrada Nacional nº1, que vem do Sul e vai até a Província de Cabo Delgado, pela Estrada Nacional nº 13, que vai em direcção a Província do Niassa, e ainda cruzados pela linha férrea do corredor de Nacala para a Província de Tete, os bairros de Natikire e Namutequeliua são o ponto de confluência de milhões de pessoas todos os dias mas ainda assim o MISAU não considera a opção de colocação de um cerco sanitário.
“A transmissão da covid-19 é diferente de outras doenças que nós podemos controlar, infelizmente nós respiramos sempre, precisamos de respirar, o que sempre temos de ter em atenção são as medidas de prevenção adequadas para que não respiremos o ar com covid-19. Podemos reduzir a progressão da covid-19 na Cidade de Nampula, a passagem da infecção para outros bairros e outros locais se reduzirmos o movimento sem que isso signifique necessariamente o problema do cerco sanitário”, declarou a Directora Nacional de Saúde Pública.
Respondendo a uma pergunta do @Verdade a Dra. Rosa Marlene deixou claro que “o cerco sanitário não é solução, a única solução que temos é a educação e a tomada de medidas preventivas, cerco sanitário sem formação não significa absolutamente nada porque nós continuaremos a não ter em conta as medidas de prevenção”. Mas o facto é que vários dos cidadãos diagnosticados nas província do Niassa e da Zambézia são provenientes da Província de Nampula.
“Observou-se realmente uma maior prevalência em técnicos de laboratório”
O Inquérito Sero-epidemiológico, o primeiro do género a ser efectuado no nosso país, confirma que os vendedores dos mercados são os mais infectados pela covid-19 na Cidade de Nampula mas revela também uma alta seropositividade entre os profissionais de saúde.
Questionado pelo @Verdade relativamente o que está a falhar na prevenção dos seus trabalhadores o Ministério da Saúde disse que não sabe. “Em profissionais de saúde a seroprevalência variou de acordo com o grupo profissional, mas importa realçar que isto são dados preliminares. Observou-se realmente uma maior prevalência em técnicos de laboratório mas também uma alta prevalência em pessoal administrativo, então há uma necessidade de ainda voltar a investigar com mas profundidade estes dados preliminares”, tentou explicar a epidemiologista Dr. Sofia Viegas.
“Os profissionais de laboratório estão envolvidos por exemplo na colheita das amostras, é necessário reforçar acções de biossegurança, treino e formação por forma a garantir a protecção de todos os profissionais de saúde e disponibilidade de equipamentos de protecção” acrescentou a Dr. Sofia Viegas.
O Estudo mostra ainda que os 19 mercados formais da capital da Província de Nampula são locais com muitos infectados particularmente no Mercado Central, com 21 por cento de seropositividade, o mercado de Muegane, com 14 por cento, e os mercados 22 de Agosto, Novo e Controle, todos com 13 por cento de seropositividade.