Mobilidade urbana e sustentabilidade
ARAÚJO, Amanda de Sá. 2019. Belo Horizonte/MG.
O ambiente natural tem sido configurado durante a evolução do homem e sua decorrente antropização do espaço. A harmonia do indivíduo com a natureza foi desfeita em virtude da expansão desorganizada e sem planejamento, depois onerada do mercado imobiliário e os efeitos da densificação e crescimento urbano, e isto ocasionou em inaptidão de alguns ambientes urbanos, assim como o compromisso do meio natural. O exemplar social capitalista é um dos motivos que tem conservado esta situação, já que este passou a utilizar a natureza de forma predatória, afetando os recursos naturais e criando estruturas e resíduos que podem vir a colocar em ameaça à sobrevivência moderada do indivíduo e sua existência.
A nova ótica baseia-se nos avanços tecnológicos, a disseminação do conhecimento e da conscientização ambiental, assim como as correntes projeções demográficas, direcionando para a estabilidade indicam para uma concepção mais positiva e harmônico no aspecto de sustentabilidade da espécie humana para o futuro, coexistindo a ideia de avanço humano sustentável.
Além disso, tradicionalmente, temas de planejamento urbano estão ligados de maneira intrínseca a questões de transporte, ou seja, a expansão das cidades instiga e é instigado pelos meios de transporte disponíveis aos habitantes. E também, a forma como se promove o processo de circulação urbana interefere pontualmente na demanda por transportes, nos ambientes destinados a estacionamento, nos congestionamentos, etc. O aumento urbano desarranjado, acarretado pelo espalhamento dos espaços, o crescimento excessivo na utilização do automóvel, a falta de infra-estrutura urbana, a poluição do meio ambiente, entre outras, são pontos que influenciam na qualidade de vida dos indivíduos. Estes aspectos têm colaborado para que pesquisadores explorem novas maneiras de diminuir, discutir e encontrar soluções para estes problemas urbanos.
Outra ideia agregada ao planejamento da mobilidade urbana remete à sustentabilidade. De acordo com Steg e Gifford (2005), o desenvolvimento sustentável no planejamento urbano está relacionado à paridade entre os temas ambientais, econômicos e sociais, tanto atual como nas próximas intervenções urbanas. Este conceito foi aplicado a princípio na Europa, América do Norte e Austrália (RICHARDSON, 2005). No Brasil esta ideia ainda é recente, e o pensamento está sendo admitido cada vez mais nos debates dos Planos Diretores de Transportes e Mobilidade (SILVA et al., 2007). Cabe colocar que a ausência de uma política de transportes evidente e adequada no país e nas cidades pode entravar, ou mesmo impedir, a instauração de um planejamento de transportes que associe a concepção de “mobilidade urbana” e da “sustentabilidade”.
O desenvolvimento sustentável é aquele que responde às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de responder às suas próprias necessidades. É um processo que associa três importantes dimensões: ambiental, econômica e social, estabelecendo uma correlação entre esses três pólos, garantindo a eficácia econômica e a proteção do meio ambiente, sem perder de vista as finalidades sociais que são a luta contra a pobreza, as desigualdades, a exclusão e a busca da equidade. De forma análoga, segundo a UITP - International Association of Public Transport, a base para uma mobilidade sustentável está na inter-relação entre os seguintes componentes: meio ambiente, economia e sociedade. O equilíbrio entre estes três componentes proporcionará: a realização das necessidades das pessoas no que se refere à qualidade de vida e acessibilidade; o respeito ao habitat, causando o menor impacto pelas atividades humanas e, no tocante à economia, ela está relacionada aos recursos disponíveis, ou ao modo como estes recursos possam satisfazer as necessidades de cada cidadão (Black at al., 2002; Steng e Gifford, 2005; Richardson, 2005).
As cidades que consideram as políticas relacionadas à integração entre mobilidade e sustentabilidade urbana garantem maior eficiência e dinamismo das funções urbanas, com maior e melhor circulação de pessoas e mercadorias. Isto se reflete na valorização do espaço público, na sustentabilidade e no desenvolvimento da cidade, conciliando as dimensões ambiental, social e econômica (Ministério das Cidades e IBAM, 2004). Um dos problemas enfrentados pela maioria das cidades brasileiras, já atingindo inclusive as de porte médio, refere-se à questão da mobilidade urbana. A dependência no uso do automóvel tem causado grande impacto no fluxo de tráfego... (continua)