Modelo presencial ou híbrido: o que é melhor para as empresas e seus colaboradores?

Modelo presencial ou híbrido: o que é melhor para as empresas e seus colaboradores?

A pandemia ficou para trás e as empresas estão voltando para o presencial. Entretanto, as vantagens do trabalho realizado, total ou parcialmente em casa, não serão facilmente esquecidas pelos colaboradores. Qualidade de vida, integração familiar, tempo livre para investir em exercícios físicos, cursos e hobbies, além de uma significativa economia em gastos com alimentação, deslocamento e roupas de trabalho.  Tem sido muito difícil retornar aos escritórios e abrir mão de uma nova forma de viver que equilibra melhor todas as dimensões da vida de um indivíduo e traz a ele a percepção de maior gestão sobre a própria rotina

É fato que muitas organizações estão tentando voltar ao modelo 100% presencial. Um dos argumentos é que o interesse das empresas deve estar em primeiro lugar e que há um contrato a ser honrado. Nesta semana, me surpreendi ao ler a notícia de que a Dell está endurecendo as suas regras, condicionando promoção na carreira à presença física nos escritórios. As empresas, imagino, devem ter boas razões para adotar medidas impopulares como essas.

Em geral, as pesquisas sobre o tema confiram o que ouvimos no dia-a-dia. O engajamento no modelo híbrido é quase 10% maior do que quando comparado ao presencial. A flexibilidade no formato de trabalho é um fator cada vez mais valorizado pelos candidatos em processos seletivos (ao lado da remuneração e alinhamento de propósito). Diante da insistência das empresas para a volta ao presencial, é significativo o número de pessoas que optam pelo desligamento ou que passam a buscar novas oportunidades no mercado.

O tema é amplo e precisar ser muito mais aprofundado. Entretanto, meu objetivo aqui é apenas compartilhar os Principais Aprendizados que tivemos na Porto Seguro ao implementar o projeto de Homeoffice em 2012, quando pouquíssimas empresas olhavam para isso. Para mim, são aprendizados valiosíssimos até hoje.

Aprendizado 1 - Superar a lógica do Presenteísmo e Comando-Controle é um dos principais desafios. Diante da proposta de mudança do formato de trabalho, a liderança, como esperado, se sentiu insegura. Como iríamos garantir que o colaborador estaria de fato trabalhando? (embora, estar a frente de um computador sob o olhar do gestor não seja garantia de nada! rs). Chegamos, em um primeiro momento, a pensar em instalar dispositivos nos quais os colaboradores deveriam colocar o dedo indicador a cada 15 minutos. Abandonamos esta ideia maluca, embora tenhamos mantido o controle geral de ponto.

Aprendizado 2 - É fundamental estabelecer claros acordos sobre Entregas e Indicadores. Aprendemos, ao longo do projeto, que nada é mais efetivo do que um bom alinhamento entre líder e colaborador, dentro de uma relação de confiança e transparência. Na nossa experiência, houve um ganho significativo no Indicador de Produtividade, mesmo com menor “tutela” das equipes.

Aprendizado 3 - É preciso trabalhar na Cultura da Responsabilidade e Flexibilidade.  Na Porto Seguro, o trabalho em Homeoffice teve alta adesão, mas foi colocado às áreas e colaboradores como algo opcional e não obrigatório.  Algumas pessoas funcionam melhor trabalhando em casa, outras no escritório e a grande maioria prefere o meio termo. Pessoas com tendência à depressão, por exemplo, pediram para voltar ao escritório, pois sofreram com a falta de interação social. Por outro lado, pessoas cujo trabalho demandava alto grau de foco e atenção mostravam-se mais produtivas e felizes em casa. Flexibilizamos o formato e colocamos uma luz muito mais forte nas Entregas/Resultados.

Aprendizagem 4 – A mudança traz Ganhos Significativos. Além do aumento de produtividade, tivemos uma redução de custos de 36% com a liberação do uso de escritórios (mesmo provendo equipamento, cadeira e internet para os colaboradores). Também estabelecemos e monitoramos vários indicadores qualitativos como nível de satisfação, qualidade de vida, tempo de deslocamento. A redução do impacto no trânsito da cidade e na emissão de carbono também estava no nosso radar, mas não conseguimos mensurá-la naquela época.

Aprendizagem 5 – As estratégias de Cultura e Engajamento precisam ser completamente redesenhadas. Como manter a “liga” do grupo, o “senso de pertencimento”, o espaço de “aprendizagem, criatividade e construção coletiva”? Não foi fácil e tivemos que fortalecer alguns rituais de gestão, do marco da entrada de um novo colaborador até uma disciplina com encontros periódicos presenciais de alinhamento e celebração. É preciso ter um olhar “fresco” para criar novas lógicas e práticas.

Para finalizar, coloco a importância da atuação estratégica de Recursos Humanos na construção de novos modelos de trabalho “ganha-ganha” para empresas e colaboradores. Minha aposta é que a volta 100% ao presencial não funcionará ou será extremamente desgastante, ainda mais com medidas restritivas e até punitivas como as propostas pela Dell. Afinal, só é bom mesmo quando é bom para todo mundo.

 

Marta Emília B.

Analista técnico de seguros Garantia, Property, Nomeados, Riscos Diversos e Responsabilidade Civil.

8 m

Beatriz Pacheco, trabalho há mais de 40 anos no ramo de seguros e fui colaboradora da Porto antes da implantação do home office, porém, sempre foi nítido para mim o pioneirismo da Porto. Ela esteve sempre à frente com mudanças cruciais no mercado.

Emerson Sequeira

ARFF / Auditor / TSST / Gestão de Projetos

8 m

Infelizmente muitas empresas e pessoas não aprenderam nada com a pandemia. O sistema híbrido mostrou ser muito eficaz quando bem implementado. O facto do colaborador estar no formato presencial não quer dizer que vai produzir mais do que se tivesse no sistema híbrido, há que saber definir bem os objetivos e negociar as metas com os colaboradores. Eu sou fã do sistema híbrido e a minha produtividade aumentou e muito. Hoje fala-se muito do Quiet quitting, e porquê? Mentalidade punitiva, policiamento, pouca interação empresa colaboradores, só pensam nos lucros, pouca valorização dos colaboradores, promoção de incompetência (puxadores de saco). Quando parte do trabalho é feito em casa, maravilha, não há engarrafamento, horas de transporte, mais hora de sono, ambiente mais confortável. Win win.

Andréia Najar

Analista Qualidade Pleno na área de Seguros LSS Green Belt

8 m

Sou home office na Porto desde 12/2012 e fazer parte desse projeto foi algo desafiador. Porém me proporciou uma qualidade de vida mensurável. Ganhei 4 hs de locomoção pra ficar com minha família, estudar e cuidar da minha saúde física e mental. Pra empresa acredito que o funcionário desempenha melhor e diminui o absenteismo e despesa operacional.

Ana Maria A. Melo

Relações Institucionais | Comunicação | Advocacy

8 m

Flavia Jabur Rodrigues Benedito acho que pode te interessar!

Sandro Maciel

Gerente de Sinistros | Gestor de Sinistros | Gestor Técnico | Gestor Operacional | Regulador de Sinistros | Consultor

8 m

Beatriz Pacheco realmente o equilibrio é tudo.... Tive a oportunidade de participar como colaborador nessa jornada de sair do presencial e migrar para homeoffice... Realmente foi desafiador, mas acredito que foi ganha ganha....

Entre para ver ou adicionar um comentário

Outros artigos de Beatriz Pacheco

  • Sustentabilidade: a nova "cor" da liderança?

    Sustentabilidade: a nova "cor" da liderança?

    Sustentabilidade: a nova “cor” da liderança? Colorir tecidos com pigmentos naturais a partir de folhas, flores, ervas…

    7 comentários

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos