MODELOS DE GESTÃO DA MANUTENÇÃO:

MODELOS DE GESTÃO DA MANUTENÇÃO:

GESTÃO POR CUSTOS OU GESTÃO POR DISPONIBILIDADE?

O maior estresse nas áreas de manutenção é devido a desentendimentos com algumas áreas da companhia, geralmente, em decorrência de mudanças do cenário econômico. É comum o gestor se deparar entre cumprir o orçamento mensal da área, ou liberar os equipamentos/sistemas produtivos, conforme regras estabelecidas pela área reguladora de Engenharia. Sim, porque para disponibilizar o sistema produtivo, com confiabilidade, o gestor vai precisar gastar recursos de um orçamento aprovado, geralmente no ano anterior, quase sempre muito apertado e defasado da realidade.

O órgão regulador de Engenharia de Manutenção nos indica, com propriedade, os caminhos e técnicas para gestão de ativos: plano de substituição, manutenção sistemática, planejamento e reformas de subconjuntos de acordo com o mapa de 52 semanas, peças em estoque, análise de falhas, etc. Isso tudo para que os equipamentos cumpram suas funções e deem o retorno do capital investido – CAPEX. Independente de cenários, estas determinações devem ser cumpridas ou, negociadas.

A área de operação, por sua vez, precisa cumprir os planos de produção, também orçados no ano anterior e, dependendo do cenário econômico, precisam ser revistos imediatamente, e geralmente, não são. Aí é que começa o suplício da área de manutenção.

O que mais se vê nas companhias, como modelo de gestão do pessoal da área de Manutenção, é o “drive” para a Gestão por Disponibilidade. A tendência natural do gestor é suprir as demandas da operação, e no final do mês, diante da diretoria, justificar o estouro dos gastos de sua área. Isso é o natural, pois a interação e cobrança diária com as áreas de Operação são muito intensas. O gestor da manutenção, pressionado diariamente por disponibilidade do sistema, tende a se sucumbir, deixando a gestão de custos em segundo plano. E isso pode ser perigoso!

Vamos ao que diz o modelo teórico.

O modelo teórico de Gestão da Manutenção nos impõe duas possibilidades: ou se está engajado no aumento de DF (Disponibilidade Física do sistema produtivo, com confiabilidade), em cenários de preços em expansão e/ou demanda crescente; ou se está buscando reduzir custos para manter-se dentro do orçamento, em momentos de preços estabilizados e/ou demanda restrita. Em cada cenário uma destas variáveis vai exigir mais a atenção do gestor: ou custo ou disponibilidade. O fato de um ser mais importante que o outro, em determinado cenário, não tira a responsabilidade do gestor em dar atenção, também, ao menos importante.

Obs.: 1-Com relação a custos tem-se duas opções para focar: custo absoluto em R$ (ou US$) ou específico (R$ ou US$/unidade de produção - t, kg, l, m, grosa, etc.). Isso tem que estar claro para o gestor, depois de negociado com a diretoria.

Obs.: 2- Em algumas empresas adota-se o custo compartilhado, ou seja, a soma dos custos de operação e manutenção, que tem de estar dentro do orçamento. Haverá vantagens e desvantagens dependendo muito do relacionamento entre os gestores destas duas áreas.


Traduzindo, de forma simplificada:

Lucro = Faturamento – Custos

Faturamento = Preço Unitário de Venda x Produção Vendável


Análise de cenários:

CENÁRIO 1: Preços Estabilizados e/ou Demanda Restrita utiliza-se GESTÃO POR CUSTOS

Nesse caso, seu foco é manter/reduzir custos, pois há retenções de venda de produtos no mercado. A Disponibilidade deve se restringir ao mínimo necessário, de acordo com a demanda de vendas e estoques de produtos.

CENÁRIO 2: Preços em Expansão e/ou Demanda Crescente utiliza-se GESTÃO POR DISPONIBILIDADE

Nesse caso, o foco é aumentar a disponibilidade do sistema produtivo, aproveitando o bom cenário de vendas e preços, aumentando o faturamento da companhia. Obviamente, os Custos variáveis aumentam.

Resumindo, alguns aspectos dos dois sistemas de gestão.

GESTÃO POR DISPONIBILIDADE:

·        Gastos antevendo prováveis falhas. Riscos mínimos.

·        Alto coeficiente de segurança para ressuprimento. PRAZO X preço. O prazo é mais importante que o preço

·        Quebras de equipamentos são mais frequentes. Ritmo de produção intenso.

·        Menor MTTR, opção para o mais rápido.

·        Alto custo de peças, serviços e frete, devidos à alta demanda de um mercado aquecido.

GESTÃO POR CUSTOS:

·        Gastos diante da real necessidade. Correr riscos faz parte da gestão.

·        Análise mais criteriosa para ressuprimento. Prazo x PREÇO. Várias análises e cotações até fechar o pedido.

·        Maior zelo pelo ativo. A operação segue um ritmo preestabelecido e estável.

·        MTTR pré-definido, opção pelo mais barato.

·        Maior poder de negociação com fornecedores devido à demanda estável.

O que se percebe de uma forma geral, é que as companhias demoram a comunicar claramente à base as necessidades de mudanças da estratégia. Por isso, é importante que o gestor de manutenção consiga se antecipar às demandas da operação (mais equipamentos disponíveis e confiáveis) ou, para a redução dos custos de manutenção, quando o mercado assim indicar.

Concluindo:

·        O que nunca se deve fazer é “misturar as bolas”: focar na Gestão por Disponibilidade, mantendo os custos baixos no nível de Gestão por Custos. Isso é fatal, o sistema não terá a correspondente Confiabilidade. Vai desagradar a todos em médio prazo!

·        Confiabilidade deve existir em qualquer cenário, é inegociável!

·        Confiabilidade Percebida é quando o gestor da operação deixa de reclamar da falta de Disponibilidade.

·        Custo é igual às unhas, devem ser aparadas todos os dias.

·        Observe se são necessárias as quantidades de equipamentos em operação/ linhas de produção/infraestrutura que estão em operação. Questione!

·        Negocie com a área de Planejamento de Manutenção um plano adequado às restrições em momento de crise. Muitas vezes podem-se reduzir ativos. Compartilhe algum risco.

Boa sorte e sucesso!

otofernandoresende@yahoo.com.br

Se gostou, click em gostei, comente, compartilhe com seus colegas.

André Maurício Likes Krepcki

Supervisão de Dados | Supervisão de Projetos | Governança | Python | IA | Gerente de Projetos | S4/HANA | SAP Activate | Scrum Master | Engenharia Mecânica e Segurança do Trabalho | Projetos

7 a
Oto Resende (Retired)

Gestor de Ativos e Manutenção | Engenheiro Mecânico | Lean Six Sigma | Black Belt | Mineração | Retired

7 a

Obrigado, Armando!

Entre para ver ou adicionar um comentário

Outros artigos de Oto Resende (Retired)

  • Entropia: "Progresso" para a Destruição!

    Entropia: "Progresso" para a Destruição!

    (Entrevista com o Dr. Mario Bruno Sproviero, Professor titular DLO-FFLCHUSP.

    4 comentários
  • Como a Estatística Pode Nos Dar Dicas Para Prever Acidentes Pessoais De Trabalho.

    Como a Estatística Pode Nos Dar Dicas Para Prever Acidentes Pessoais De Trabalho.

    Esse estudo é um resumo de uma profunda pesquisa realizada, através da metodologia Seis Sigma, no meu curso de MBA da…

  • A PRIORIZAÇÃO DE EQUIPAMENTOS NA GESTÃO POR CONFIABILIDADE.

    A PRIORIZAÇÃO DE EQUIPAMENTOS NA GESTÃO POR CONFIABILIDADE.

    Existem algumas técnicas para priorização de equipamentos de um sistema, ou frota, com o objetivo de estratificação…

    2 comentários
  • ADMINISTRANDO PECADOS E IMPLANTANDO MELHORIAS

    ADMINISTRANDO PECADOS E IMPLANTANDO MELHORIAS

    Existe somente uma maneira primária de convencer as empresas a implementarem um programa de melhorias, pois a bem da…

    2 comentários
  • O PENSAMENTO SISTÊMICO - OVERVIEW

    O PENSAMENTO SISTÊMICO - OVERVIEW

    O pensamento sistêmico não é algo novo, porém com o desenvolvimento tecnológico, surgimento de empresas multinacionais,…

    3 comentários
  • A PREPOTÊNCIA DA “META” DO ACIDENTE ZERO!

    A PREPOTÊNCIA DA “META” DO ACIDENTE ZERO!

    A partir do início da década de 2000, as grandes corporações declararam como objetivo, e não meta, o ZERO ACIDENTE…

  • METODOLOGIA SEIS SIGMA, OVERVIEW.

    METODOLOGIA SEIS SIGMA, OVERVIEW.

    Afinal, o que é o Seis Sigma? Para que serve? Escrevo este artigo para aqueles profissionais que têm ouvido falar em…

    4 comentários
  • MATAR, VERBO TRANSITIVO.

    MATAR, VERBO TRANSITIVO.

    O verbo matar exige um complemento em qualquer idioma. Aliás, qualquer verbo transitivo exige um complemento, se não a…

    2 comentários
  • COTA PARA IDOSOS, UMA POSSIBILIDADE.

    COTA PARA IDOSOS, UMA POSSIBILIDADE.

    Se aprovada a reforma da Previdência, tendo como idade mínima do trabalhador para requerer a aposentadoria os 65 anos…

  • MODELOS DE GESTÃO DA MANUTENÇÃO:

    MODELOS DE GESTÃO DA MANUTENÇÃO:

    GESTÃO POR CUSTOS OU GESTÃO POR DISPONIBILIDADE? O maior estresse nas áreas de manutenção é devido a desentendimentos…

    4 comentários

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos