MOMENTOS DE TESARAC: A efemeridade como constância, a inovação como solução

“Vivemos em uma era exponencial. Esse tipo de ruptura é uma constante. Para qualquer um que dirija um negócio – e isso vale para startup e empresas estabelecidas - há apenas duas opções: autodestruir-se ou ser destruído por alguém”.  Peter Diamandis

Não é preciso retorcer muito para verificar que alguns anos atrás, mas precisamente no início da década atual, a situação do setor de Oil & Gas era considerada estável e previsível pela maioria dos especialistas e profissionais do setor.

No ano festivo de 2013, em que comemorou 60 anos, os números da Petrobras/Brasil eram impressionantes, refletindo o cenário mundial do setor: O Plano de Negócios 2013/2017 (elaborado por especialistas) tinha previsão de US$ 236,7 bilhões de investimentos; produção de 2,1 milhões de barris, com meta de 4,5 milhões até 2020; total de sondas terrestres e marítimas 137; 85 mil empregados próprios e preço do Brent de longo prazo de US$ 100,00 a uma taxa de câmbio de longo prazo de R$ 1,85. 

Em um “piscar de olhos” tudo mudou: no ano de 2014, o Brasil foi pego no contrapé pela mudança inesperada do contexto do mercado mundial de petróleo. O preço do Brent passou de US$ 108 por barril em janeiro para US$ 57 em dezembro. Chegou a patamares inferiores a US$ 30 por barril no início de 2016. O total de sondas de perfuração caiu para 16, sendo 11 em blocos de terra e somente 5 em marítimos. O desaquecimento da demanda mundial, a elevação da produção de óleo não convencional nos EUA e a decisão dos países membros da OPEP em manter elevado os níveis de produção podem ser entendidos como as principais causas para a queda abrupta no preço do petróleo.

Cabe perguntar: porque os especialistas não conseguiram prever a crise? As previsões do valor do brent no Plano Estratégico da Petrobras 2030, apresentado em fevereiro de 2014, eram de US$ 100 no período de 2015/17 e RS$ 95 de 2018/30. Tudo isso baseado em informações/previsões da Agencia Internacional de Petróleo (AIE)!

Estamos no meio do furacão de mudanças planetárias alavancadas pela transformação digital. Novas realidades impossíveis de compreensão pelos velhos paradigmas da sociedade linear surgem diariamente. Enquanto que as 500 maiores empresas americanas tradicionais levaram em média 20 anos para atingir o valor de mercado de USD 1 bilhão, as empresas da sociedade digital estão diminuindo esse tempo de forma radical: Google com 8 anos, o Facebook 6 anos, o Uber, Whatsapp e Airbnb com apenas 2 anos. Essas “startups” aproveitaram a era da informação para mudar tudo aquilo que conhecíamos e tratávamos como verdade absoluta. Se imaginarmos que o smartphone só existe desde 2007, quando o IPhone revolucionou o mercado de telefonia móvel, fica gritante a velocidade da mudança. Ao perceber que o Airbnb, maior rede de hospedagem do mundo, não possui um imóvel e o Uber, líder em serviço de transporte, não possui frota de veículos, verificamos a escala da disrupção que está por vir.

Em momentos de tesarac, (o velho insiste em ficar e o novo demora a chegar) é preciso coragem para abocanhar o novo, destruir para construir, adequar o olhar e entender que os modelos de gestão do período analógico estão sendo triturados pelas curadorias e plataformas inteligentes.

A evolução da robótica, da internet das coisas, da impressão 3D, de drones, da biotecnologia, da realidade virtual e outras tecnologias que ainda não foram inventadas são a base desse novo mundo. Eles estão impactando profundamente todos os setores da economia, num processo de quebra de valores e paradigmas. O surgimento de novos modelos de negócios comandados por empreendedores exponenciais com arsenais tecnológicos inimagináveis tem poder de fogo para enterrar monopólios que se julgavam intocáveis, indestrutíveis.

A profunda crise vivenciada pelo setor de Oil & Gas catapultou todos os atores a uma profunda reflexão e mudanças no seu “modus operandi”. Transformou esse momento em oportunidades exponenciais. A presença da INDUSTRIA 4.0 com uso intensivo de tecnologias disruptivas, necessárias para trazer as empresas a patamares de custos extremamente competitivos, exige novos modelos de negócios alinhados com a realidade atual.

A transformação digital em curso é uma questão de estratégia empresarial. Do desenvolvimento de um novo mindset para alcançar agilidade organizacional e a criação de valor continuo, em um mundo em que a efemeridade será a única certeza. É necessário um novo tipo de organização, que não seja somente capaz de gerir essa mudança, mas também de prosperar com ela. Não tem nada a ver com melhoria incremental e sim mudança radical. Inovar deve ser parte do seu DNA. A experimentação, a co-gestão, o coworking, o crowdfuding, o seu drive. Os dados, seu ativo estratégico. O pensamento centrado no cliente, a sua missão!

* Fernando Potsch, Psicólogo, Mestre em Ciência da Comunicação, Pós Graduando em Web Intelligence & Digital Ambience do Centro de Referencia em Inteligência Empresarial/CRIE/COPPE/UFRJ. Sócio Diretor da Maintrends Inteligência de Mercado. Diretor de Oil & Gas do IBEF Rio. Coordenador do XIII Fórum IBEF de Óleo, Gás e Energia 2018: Industry 4.0: Digital Transformation - Opportunities and Challenges for the Oil & Gas Sector ( a ser realizado no dia 10 de agosto).

Jhonata Cirilo olha QUE conteudo!

Fernando Flessati

TFS Comunicação, Comunicação e Marketing

6 a

Excelente análise de cenário

O FERNANDO foi disruptivo demais nesse texto instigador e inteligente. A rigor disruptivo quer dizer algo diferente que substitui (destrói..) a engrenagem de negócios anterior . Na cadeia de petróleo e especialmente na Petrobras , seguir as normas, obviamente dentro dos padrões de negócio vigentes é a norma única . Existem completamente novos horizontes que portanto não existem normalizados na American Petroleum....etc A pena é que esses projetos , quando não executados no CENPES , vão parar ou parar noutra freguesia , fora do pais ....

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