Monstros rondam a borda do mundo conhecido

Monstros rondam a borda do mundo conhecido

Nos sentimos tranquilos e seguros com as coisas que convivemos há muito tempo, e qualquer novidade gera riscos e oportunidades que, muitas vezes, não estamos preparados para lidar.

É natural que briguemos quando algo disruptivo chega e provoca uma mudança do nosso espaço confortável, o que provoca a tradicional insegurança do "Quem mexeu no meu queijo?".

No passado, os cartógrafos representavam o desconhecido como os monstros que habitam as terras desconhecidas. O mapa era construído com as cidades mais importantes no centro do mapa e nas bordas eram colocados animais estranhos ou bordas de fim de mundo, meio que tentando avisar que daquele ponto em diante não existe mais segurança e que o que vier pode muito bem te devorar.

A comunicação de massa hoje pratica este mesmo paradigma. Os lugares comuns das televisões e jornais impressos fazem uma comunicação segura de um imaginário coletivo progressivo unificado, abortando qualquer possibilidade para a comunicação que não ecoa o espaço de mares tranquilos.

A Internet deu voz e exposição para os "monstros" aparecerem, fazendo a borda do mapa se tornar interessante e convidando o público consumidor a explorar estas fronteiras.

As notícias que antes seguiam uma ideologia de isenção muito pouco praticada não conseguem mais segurar que as pessoas possuam interpretações diversas para os acontecimentos do mundo, a coerência de que o fato tem uma interpretação única foi literalmente para o espaço.

Religiões e filosofias que parecem esotéricas apenas alguns anos atrás começam a ganhar interessados e seguidores. Os rótulos não são mais suficientes para que não encontremos valores e princípios relevantes para qualquer empreendimento intelectual ou espiritual executado de boa fé.

Teorias conspiratórias explodiram na Internet, provocando uma literal explosão de busca da gnose para todos os acontecimentos do mundo, testando e questionando todas as interpretações possíveis em busca da verdade e dos princípios reais de todas as pessoas com certa exposição pública.

Tudo isso são monstros que estão na borda do mapa, e que estão provocando o lado explorador das pessoas de mente mais abertas que querem descobrir novas terras ainda intocadas, sem falar de toda a aventura que o empreendimento pode propiciar.

A turma do "quem mexeu no meu queijo" quer o queijo de volta no lugar. As narrativas de "fake news", de "extremismo", de "retrógrado" e de "reacionário" nada mais são do que estas estratégias de segurar o público a não explorar o mundo.

Do outro lado, temos os exploradores que estão pesquisando e comunicando tudo o que é fronteira, fazendo isso de forma pública e, muitas vezes, de forma aberta com quem quiser participar.

Narrativas desconexas se encontram e se questionam publicamente, algo que devolve um senso de "praça pública" muitas vezes impedidas pela comunicação de massa. Não é difícil encontrar podcasts juntando ateus, cristãos, satanistas e padres discutindo filosofia, sentido da vida e propósito. Também não é difícil encontrar progressistas e liberais trocando ideias em debates acalorados em fóruns, muitas vezes até com argumentos legítimos...

Estamos reaprendendo a construir um debate real não mais mediado pela mídia. Pessoas que se fixavam em ideologias e certezas estão ficando mais expostas ao contraditório quando começam a navegar nas bordas do mapa. O diálogo aberto está criando sabedoria e humildade, e a experiência de riscos e descobertas começam a atiçar as pessoas a aparecerem na "praça pública" não mais para derrubar o outro, mas para participar num aprendizado contínuo sobre como crescer a parte conhecida do mapa.

Os monstros desenhados nas bordas do mapa são somente expressões bonitas do medo de uma mente criativa. Então venha para a borda e comunique sua visão no mundo, especialmente se é algo que é novo e pode ajudar a uma nova interpretação das coisas.

Também não tenha medo de interagir com as pessoas nos comentários on-line e em conversas gravadas mesmo que discordantes. Estamos todos ávidos para aprender tudo aquilo que você descobriu nas suas próprias "viagens".

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