Mostre-me teu WhatsApp e te direi quem tu és
Pedro França/Agência Senado

Mostre-me teu WhatsApp e te direi quem tu és

O período de quarentena tem ensinado algumas coisas para a comunicação, uma delas é que o WhatsApp não é o melhor meio para compartilhar confidências. As manchetes na imprensa, que tiveram como origem conversas de WhatsApp, inauguraram um novo capítulo no media training (treinamento para falar com imprensa), que agora também faz parte do universo das plataformas de redes sociais. 

Na contramão de sua própria definição: “oferece um serviço de mensagens e chamadas simples, seguro e confiável para celulares em todo o mundo”, o aplicativo está longe de ser um serviço seguro e muito menos confiável para a troca de mensagens, a começar pela brecha para a uso de golpistas que se beneficiam ao clonar números de telefones ou promover falsas promoções vinculadas às grandes marcas.

Ao contrário das plataformas de redes sociais, o aplicativo permite o diálogo quase instantâneo com pessoas do nosso laço social mais íntimo, sem falar as interações nos grupos da família, de amigos, do trabalho, da faculdade entre outros do nosso ciclo social.  

As informações trocadas no “ZapZap” também são um prato cheio para a disseminação de fakenews (notícias falsas), até por que duvidar de uma informação pode irritar a “Tia” ou “Tio” e azedar o almoço de domingo. Para isso, o aplicativo do Facebook já mexeu os pauzinhos e limitou a função de reencaminhar mensagens recebidas, agora permitido para uma única vez.

Caso Justus

Mas recentemente, vou usar o período de quarentena como referência, tivemos dois casos que dividiram opiniões e tensionaram os grupos da família: “será que é ele no áudio?!”. Sim, era ele! Roberto Justus.

Justus (UOL)

Em um grupo de amigos, o empresário Roberto Justus enviou um áudio com críticas as políticas públicas estabelecidas no combate ao coronavírus. A informação vazou e deu início ao ciclo da crise: vazamento, disseminação no aplicativo, apuração, matéria publicada e, por fim, posicionamento. A opinião do empresário chamou a atenção da imprensa e logo estampou a capa dos principais sites de notícias. Para ilustrar, a “Isto É” deu no dia 23 de março:  Roberto Justus discute com Mion sobre coronavírus: “Gripezinha leve”. Na conversa, o áudio foi direcionado para o amigo e apresentador Marcos Mion. Logo, a repercussão estava garantida.

"Esse áudio foi enviado num grupo pequeno, com apenas seis pessoas. Alguém vacilou muito e não assumiu. Eu não vazei nada, e não é justo tomar uma dessas na cabeça e ficar nessa posição polarizada", disse Mion ao se defender.

Justus também teve que explicar diante tamanha repercussão.

Caso Moro

O caso mais recente foram os prints (cópias) divulgados pelo, agora, ex-ministro da Sergio Moro. A troca de mensagens com Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, foram exibidas com exclusividade pelo Jornal Nacional, da TV Globo. Em tom de denúncia, Moro expôs a negociação para uma possível troca no comando da Polícia Federal.  

Também “printada” e exposta pelo ex-ministro, a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) seguiu os passos de Moro e usou a mídia para esclarecer suas conversas do whatsApp divulgada pelo ex-ministro.

A deputada mostrou novos prints, com exclusividade na CNN Brasil, para se defender dos ataques de Moro. Quem tem mais print, leva!

Vem mais por aí

O fato é que o WhatApp vem sendo destaque da imprensa nos últimos dias e, até mesmo o Coronavírus, perdeu o seu protagonismo na imprensa após a crise no Governo.

Os casos não são novidade, mas o uso do aplicativo ainda é uma armadilha, principalmente para pessoas públicas e porta-vozes organizacionais.

As crises começam a chamar a atenção das equipes de comunicação e assessorias de imprensa. Assim como em qualquer plataforma de rede social, derrubaram a barreira, entre o público e o privado, no aplicativo de conversas. 

Algumas dicas:

*Cuidado ao enviar informações da empresa via WhatsApp;

* Use o telefone caso tenha algo importante para falar;

* Caso a conversa tenha ido para frente, registre por e-mail “conforme nos falamos ao telefone...”;

* Cuidado com as piadas e as ironias. Fora do contexto pode pegar um mal;

* Use o fone para não cair no Gemidão

* Recebeu uma informação duvidosa? Veja se os grandes veículos estão repercutindo. Uma busca no Google também pode ajudar;

*Confirmada a fakenews, seja educado e faça uma boa ação ao explicar o erro para o emissor da mensagem

* Não misture assuntos pessoais com profissionais em grupos de trabalho no “Uatszap”;

* Pense 745673878320233849989893 vezes antes de falar mal do chefe no whats.  O amigo pode virar ex num passe de mágica



Parabéns, Ricardo! Excelente artigo! Super pertinente pro momento.

Rafael Homor

Sr Art Director | Publicis Brasil

4 a

Excelente artigo! Parabéns Ricardo. Abs

Aline Castro

Jornalista | Servidora Pública | Podcaster

4 a

Excelente artigo!

Ótimo artigo. Só tenho pena do Whatsapp. Ele leva a culpa pelos atos das pessoas que se aproveitam dele 

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