Mudando as conversas
Eu e o Gabriel Goffi estivemos muito próximos em um festival que fomos no Texas, o SXSW, e refletimos bastante sobre conversas que mudam a vida. Falamos sobre como iniciar um movimento que desperte as pessoas a tentar fazer com que as conversas ordinárias, aquelas do dia a dia mesmo, se tornem mais produtivas e saudáveis.
Pra mim é sempre muito frustrante ligar a TV, seja no café da manhã, em um almoço no restaurante e me deparar com tantas notícias violentas, mortes, coisas ruins. Tenho a sensação de que essa energia destrutiva impacta no meu cotidiano, tirando a vibe de harmonia e amor que sempre procuro manter.
Seria fácil pra gente criar um evento onde as pessoas vão condicionadas a pensar no amor, na paz. Mas e como fica a conversa do bar com os amigos, do almoço de domingo com a família? Como usar esses momentos para ter assuntos que geram evolução e transformação, melhoria de vida?
Em geral, o homem sempre fala de futebol, mulher e piada por uma necessidade de autoafirmação e eu acredito que pelo menos 50% das nossas conversas poderiam ser mudadas para tópicos mais relevantes.
Me deparei então com uma matéria na Veja São Paulo, na coluna A Tal Felicidade, o artigo Conversa de Mudar a Vida. Quanta sintonia, não!?
Eu gosto muito de receber pessoas em casa e já deixei de convidar por não estar preparado. Às vezes dá aquela preguiça de cozinhar e vergonha de pedir comida pronta. Percebi que isso era uma besteira de ego, um mero detalhe, que não me permitia ter várias visitas relevantes, que agregariam muito ao meu ser. Hoje, quando convido alguém pra vir aqui só garanto que tenha uma cerveja, um vinho e umas castanhas para ficar enrolando. De resto, iFood tá aí pra isso! O custo e o trabalho da comida e da bebida não podem interferir no meu encontro (e nem no seu).
Percebi também que muitas vezes conversamos não querendo ouvir o outro, só esperando o momento para expor nosso ponto de vista. É engraçado porque dá pra perceber isso na feição da pessoa, quando ela só espera uma pequena pausa para falar, fica ansiosa em acelerar o processo da conversa.
Assumi um critério para discernir se a conversa é relevante: está surgindo novas reflexões e novas coisas desse encontro? Se sim, estamos em uma conversa profunda. Quando repetimos coisas já faladas várias vezes é porque estamos em uma conversa banal. Assumir riscos é mostrar vulnerabilidade e isso nos tira da zona de conforto.
O processo de mudar as conversas não é fácil, por vezes a timidez nos impede, o medo de ser o cara chato que que discorda de tudo, de causar uma briga, enfim... o importante é tentar.
Uma coisa interessante que a Tânia Mujica me trouxe é que é possível ter conversas profundas sobre assuntos banais, sem gerar desprezo pela opinião e costumes alheios. E que a todo momento temos oportunidades de nos conectar com nosso eu profundo a partir dos inputs que as conversas ordinárias nos trazem, basta saber ouvir e analisar o que aquilo nos traz de bom. Pra mim não há nada mais sexy que uma conversa de verdade.
Eis que, no evento do Dia Mundial da Criatividade, quando me sentei para gravar um podcast, peguei o celular, fui olhar as mensagens do Instagram e a Helena Galante, editora da Veja São Paulo, estava fazendo a cobertura dos meus vídeos. Surreal! Isso só mostra como é preciso ouvir as dicas que a vida nos dá e seguir os passos indicados por ela.
Falando sobre esse movimento com a Lúcia Helena Galvão, ela me advertiu:
“Cuidado, não é possível parir quem não está grávido!”
Ou seja, não é possível querer mudar a pessoa que não está pronta, ou não deseja a mudança. Esse é um cuidado importantíssimo: respeitar os limites do outro.
Mudar uma conversa ordinária é ótimo, mas o movimento precisa começar dentro de nós mesmos, nos preparando para o que pode vir. E pra mim a preparação é não ter medo de mostrar vulnerabilidade, estar disposto a ouvir e tudo isso começa na criação de um ambiente seguro.
E você, topa entrar nessa comigo para mudar as conversas e tentar criar um mundo melhor?
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4 aAlguns dias atrás estava falando sobre isso com minha esposa, como podemos aprofundar nossas conversas sem ser "o chato" que a sempre quer ser aprofundar. Não consegui deixar de perceber que com esse intuito de se aprofundar a conversa, muitas vezes deixo de me conectar com algumas pessoas, quantas oportunidades posso estar perdendo com essa atitude? Vou tentar usar assuntos banais pra me conectar e depois me aprofundar, acho que assim farei mais conexões!
Product Manager | Product Owner | CSPO (Scrum Alliance)
4 aConcordo contigo Murilo, sinto muito isso, em geral estamos falando de coisas batidas e que não agregam nada e tudo isso parece não fazer sentido, são poucos os momentos que realmente nos abrimos para para as pessoas e nos expomos, o que é relamente algo a se fazer menos mesmo, mas acho que deveríamos a abrir mais. Tem um grupo de amigos que a gente sempre se abre, quando nos encontramos e apesar de nos conhecermos a pouco tempo, sempre rola trocas e identificações incríveis!
Diretora Criativa da Bê Design e Comunicação
4 aMurilo, você não sabe, mas todos os dias te escuto no GunCast enquanto preparo meu café da manhã. E, sempre, me faz enxergar por outras perspectivas algo que tenho em mente. É sempre uma satisfação encontrar pessoas alinhadas com o que queremos para nós e para o mundo, mesmo que seja on line. ;D
Especialista em Arte
5 aMurilo, acompanho seus vídeos. As atividades diárias sempre são desculpas para nos escondermos atrás da nossa própria falta de interesse em querer discutir assuntos relevantes e que podem mudar o nosso fazer. Esperar o tempo do outro é importante, mas eu também tenho o meu tempo de agir e fazer. Trabalhar com o senso criativo é muito rico, pois a troca é constante, mesmo que o outro não entregue o que você "espera".
Engenheiro Civil | Especialista em Pavimentação | Engenheiro de Rodovias | Engenheiro de Infraestrutura Urbana e de Transportes
5 aGun, vc realmente me faz refletir sob outras perspectivas. Quando um conteúdo nos impacta tendemos a querer que todos vejam o mundo através das nossas lentes. Mas realmente isso não funciona. Tempo ao tempo e respeito aos limites alheios. Forte abraço.